29.4.09

Caridade

Uma vez uma moça, que faz parte de um grupo que tem, princípios de auxiliar pessoas necessitadas me pediu para fazer um trabalho de graça, argumentando que o trabalho seria para uma boa causa. O problema é que tratava-se de um trabalho com uma certa complexidade, iria exigir de mim muitas horas de trabalho, não se tratava exatamente de um trabalho “vapt-vupt”, e por isso mesmo seria um risco muito grande fazer o trabalho completamente na faixa, correndo o risco de negar pedidos de trabalhos remunerados por não ter tempo disponível, sendo que é preciso fazer trabalhos remunerados, uma vez que ninguém me dá nada de graça.

Então, essa garota, para tentar me convecer a trabalhar de graça, respondeu-me dizendo que sabia que eusou espírita e que estava muito decepcionada comigo por me recusar a fazer o trabalho de graça, pois eu deveria ter a obrigação de fazer a caridade para as pessoas.

Então, eu me senti na obrigação de enviar a essa moça uma resposta, que eu copio abaixo:

Cara companheira, uma coisa é fazer o bem. Ser profissional, fazer trabalhos com qualidade e ser devidamente pago por isso, ao meu ver faz parte da caridade, porque é a única maneira que se tem pra incentivar o profissionalismo.

Para se ajudar é preciso consciência do coletivo, não dá pra se pedir pra uma pessoa que doe seu trabalho, furto de estudo, dedicação, com utilização de material caro pra um fim ao qual o próprio profissional não conheça ou não concorde.

Nenhum profissional, por ser profissional tem a obrigação de fazer caridade com sua profissão, ninguém sabe o que eu faço em prol dos outros, e eu mesmo faço questão de manter meus atos, quando os pratico fora dos olhos das pessoas, mas uma coisa eu asseguro, eu não utilizo o meu trabalho em meu prejuízo e em prejuízo dos colegas de profissão que fazem da ilustração seu ganha pão pra ser caridoso ou ajudar alguém.

Outra coisa, dinheiro não é sujo, sujo é o mal uso que se faz dele, mal uso de pessoas que não compreendem que pra se ter pode se fazer qualquer coisa, mesmo sendo em prejuízo dos outros, ou pessoas que em nome de princípios, ideais ou tarefas nobres subemprega e subremunera profissionais.

A corrente do bem consiste em fazer com que o sistema funcione, consiste em fazer com que as pessoas saiam da margem da sociedade e entrem no mecanismo comercial, financeiro e social.

É com atitudes que promovam a valorização do ser humano, a valorização do esforço e do intelecto humano que a sociedade poderá um dia ser justa.

Se você quiser fazer o bem, primeira coisa que você precisará compreender, por favor, é que não dá pra ajudar um e prejudicar outro, isso é bem pela metade, é cobrir os pés e descobrir a cabeça.

Valorize as pessoas a sua volta, dê a eles o reconhecimento, a remuneração e o respeito que elas merecem. Eu aposto que dessa maneira você estará sendo mais útil e fazendo caridade com muito mais eficiência.

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