26.1.11

Quadrinhos Nacionais

Pergunta: Você acha possível que no Brasil algum dia exista um mercado consumidor de quadrinhos nacionais?

Resposta - Eu acho que sim, só não sei quando. Em termos de tempo fica muito difícil precisar, mas em termos de desdobramento dos fatos, eu poderia arriscar que quando as pessoas envolvidas em quadrinhos resolverem olhar mais para o público, perceber que determinados públicos, em suas faixas etárias e condições sociais podem se interessar por quadrinhos, desde que sigam determinadas orientações para que possam ser produzidos visando esses mesmos públicos, então os quadrinhos encontrarão o seu espaço verdadeiro, pois eu acredito que ainda não foi levado a sério no Brasil a questão de identidade cultural, empatia, afinidade e direcionamento de linguagem visando possíveis públicos para esse mercado.

Os quadrinhos, no Brasil é caracterizado por pessoas que sonham e que procuram realizar seu sonho exatamente da maneira como seus sonhos são na sua cabeça, e deixam de perceber todo um mundo que pode querer coisas diferentes, que possa consumir, gostar e se transformar em público cativo para que seus sonhos possam estar alinhados com os anseios das pessoas que podem consumir o seu sonho.

Certas coisas esbarram meio que numa áura de coisa sagrada. Nossas aspirações artísitcas costumam ser encaradas assim. É nosso filhinho querido, fruto de nossa inspiração, por que defendemos com unhas e dentes, mas que não queremos, de forma alguma fazer com que elas se "poluam"com interferências de ordem econômica, mercadológica e tudo mais.

Lógico que não dá pra ser um vendido, mas é preciso que haja equilibrio, porque uma coisa que visa apenas satisfação pessoal pode não ter qualquer valor coletivo.

20.1.11

O Papel do Ilustrador, novamente

Pergunta: Qual você acha que deve ser o papel do ilustrador?

Resposta - Boa pergunta. Todo mundo cumpre um papel na sociedade, mesmo não querendo, mesmo pensando que não tem um papel a cumprir.

O ilustrador pode ter um papel muito mais abrangente, muito mais importante para a sociedade do que ele pode imaginar.

O ilustrador precisa ter consciência de que seu trabalho pode servir para eslcarescer, alfabetizar, orientar, entreter, animar, alertar, provocar, acalantar, contar histórias, representar idéias, embelezar, e tudo isso de inúmeras formas, com inúmeras aplicações.

Se combinadas, ilustrações, quadrinhos, tiras, caricaturas, pnturas, cenários, maquetes, personagens, cartuns, vinhetas, animações, patterns, composições podem aumentar a visibilidade, aumentar a potência da eficácia na hora de se transmitir uma mensagem.

Pode ainda ser acrescida de história, conceito, temas e princípios, se transformando em material composto útil a muitos tipos de empresa que não apenas de comunicação, mas comércio, prestação de serviço, indústria, ONGs e muito mais.

Os ilustradores precisam, no entanto, levantarem a possibilidade de que aquilo que fazem pode ter um papel construtivo ou destrutivo no mundo.

Enquanto os profissionais não tiverem predisposição para discutir esse tema e propor caminhos e funções para os seus trabalhos, a ilustração será apenas um mero reforço de comunicação comercial.

Ao agregar valores, a ilustração também poderá ser algo mais valioso inclusive na sua utilização comercial.

14.1.11

Pensar Global

Pergunta: Porque você se preocupa tanto com o que outros profissionais possam fazer de errado na profissão? Quem vai sofrer as consequências dos erros feitos não serão eles mesmos?

Resposta - Porque aquilo que muitos ilustradores inexperientes fazem de errado pode se transformar numa espécie de comportamento padrão entre os profissionais da ilustração na cabeça dos clientes.

Isso é possível de acontecer pelo fato de, nos últimos anos haver uma quantidade muito grande de novos profissionais entrando no mercado.

Orientar esse pessoal sobre o que é certo, ético, justo, para mim é uma forma de ajudar a todos, eu, você, e até mesmo profissionais mais bem sucedidos no mercado.

Tornar os profissionais em geral com maior qualidade profissional ajuda a todos, cria uma círculo virtuoso aonde qualidade, variedade e demanda puxam o mercado para um patamar de sustentabilidade econômica.

Agir localmente e pensar globalmente. Não se trata apenas de uma frase de efeito, mas de um dever de todos.

10.1.11

Regulamentação Ideal

Pergunta: Uma vez você disse que podem existir vários tipos de regulamentação na profissão de ilustrador. Qual o tipo de regulamentação você acha o ideal?

Resposta - Pra mim, a regulamentação ideal passa por uma associação de classe, que possa oferecer treinamento e assistencia aos seus associados, intensificar o intercâmbio entre os associados, oferecer um serviço de registro de ilustração mais adaptado para a realidade do nosso mercado, a criação de um prêmio anual para os profissionais de ilsutração.

Também passa pela criação de métodos de ensino de desenho tanto para alunos do ensino médio, quanto para ensino profissinalizante e superior.

Incentivo a abertura de novos mercados, novas frente de trabalho para a ilustração, análise quantitativa e qualitativa do mercado de ilustração, incentivo a criação de estúdios de ilustração e aproximação com os governos visando criar código CNAE específico para a nossa profissão e o reconhecimento.

No momento eu não vejo motivos para uma regulamentação nos moldes da OAB, por exemplo. No entanto, essa história pode ser facilmente modificada, principalmente com esse pessoal que declara não ser ilustrador continuar participando do mercado reservado a nós de maneira irresponsável.

Eu não concordo com esse tipo de coisa, aliás, acho que se a gente conseguir chegar nos pontos citados antes da regulamentação com registro profissional e o escambau já forçosamente faria com que o mercado pudesse encontrar um ponto de equilíbrio.

4.1.11

Um mercado só nosso?

Pergunta: Você acha que somente ilustradores devem atuar no mercado de ilustração?

Resposta - É uma pergunta curta para uma resposta não tão curta. Eu acho sinceramente que quem quiser trabalhar com ilustração deve atuar no mercado de ilustração. Tem um monte de gente que vive orbitando o universo de ilustração e que pelo menos da boca pra fora diz que não tem interesse algum em ser profissional de ilustração.

Agora eu pergunto, se não quer, pra que ficar entrando no meio, fazendo volume, dando opinião, fazendo confusão? Tudo isso em nome de uma suposta "liberdade"?

O teor dessa pergunta é bem específico, existe uma peculiaridade que passa obrigatoriamente pela formação.

Sabemos que só existe um curso de ilustração no Brasil. Sabemos que não existe uma grade curricular oficial que pode ser considerada essencial para formar um ilustrador e sabemos que os ilustradores acabaram tendo uma formação tão variada quanto podemos imaginar.

Tem ilustrador formado em arquitetura, propaganda, desenho industrial, jornalismo, desenho artístico, design de produtos, multimídia, e por aí vai...

Mas, todo esse povo tem uma coisa em comum: todos decidiram trabalhar como ilustradores.

Daí a enorme variedade de estilos. Claro que as pessoas que detém uma formação como desenhistas acabam tendo um traquejo para ilustração muito positivo. Eu, inclusive acho, que por mais que você tenha uma formação ou um trabalho heterodoxo, é imprescindível ter feito um curso de desenho, de preferência um curso bom.

Me incomoda bastante ver pessoas que colocam em sua assinatura ou cartão de visita: ilustrador, designer, redator, diretor de arte, jornalista... Sabe, coisas assim misturadas.

Uma pessoa desempenha uma função. É redator, desenhista, colorista, ilustrador, animador, modelador 3D, fotógrafo, designer, etc. Se uma pessoa dominar mais de uma função é sinal de que ela é encarregada por criar e desenvolver projetos que vão além da função primeira. Seria o caso de coordenadores de equipes, chefes e diretores. São pessoas que conhecem o trabalho de várias funções e que podem muitas vezes desempenhar uma determinada função, mas que geralmente precisa de pessoas sob o seu comando para que elas façam o trabalho.

Eu defendo que os ilustradores possam ter esse grau de amplitude no trabalho, a ponto de coordenar, criar e desenvolver projetos, pelo menos aqueles que assumiram papel como freelancer, montando sua própria empresa de prestação de serviço na área.

Sempre fui à favor de os próprios ilustradores decidirem os caminhos da evolução da sua profissão, para que sejam livres, atuantes, conscientes, independentes e indispensáveis no mercado.

Mas, para isso é preciso se distanciar do improviso, do topar qualquer parada, trabalhar por curtição, fazer hobby, e por aí vai...

Os ilustradores tem duas opções para tomar, o do mambembe, sem estrutura, com sonhos na cabeça e vivendo fora da realidade ou o da profissionalização plena, com responsabilidades, comprometimento e seriedade profisisonal. Independente de qual caminho é o melhor, eu defendo o segudno caminho por ver que é justamente o caminho que o mercado atualmente mais necessita e que poucos profissionais tomam.