6.10.11

Jobs e Eu




Desde a minha infância eu sempre tive duas paixões: desenhar e computador.

Desenhar foi algo que eu sempre fiz, segundo minha mãe antes mesmo de eu saber pegar num lápis.

O computador, no entanto, foi uma paixão que demorou um pouco mais para aparecer em minha vida. Mesmo assim eu admito ser mais sortudo do que a grande maioria das pessoas da minha época e da minha cidade. Eu morava em Sorocaba e somente tive acesso ao computador graças a um tio meu que sempre foi abastado e podia se dar ao luxo de nos permitir conhecer essas coisas, enquanto que o máximo que os meus demais amigos de escola conheciam era uma bicicleta ou uma bola de capotão.

Em 1984 eu enfim conheci meu primeiro computador, embora nem fosse um Macintosh, mas um singelo TK 82-C com incríveis 2KB de memória RAM, sem HD, preto e branco, sem som e que lia arquivos que eram gravados em fita cassete.

Mesmo assim, a partir desse dia eu literalmente comecei a sonhar com computadores que eram super avançados, que permitiam desenhar, pintar, fazer coisas incríveis segundo a minha concepção de criança, embora na época e no Brasil da época tudo isso só poderia mesmo ser um sonho.

Os anos foram se passando e também os modelos de computador que eu cheguei a usar também foram mudando, mas até então computador sempre me pareceu uma coisa completamente distante do desenho, da arte, e, em silêncio, eu ainda sonhava com o dia em que eu conheceria um computador que me permitisse desenhar.

Em 1991, depois que eu me mudei definitivamente para São Paulo para trabalhar, eu um belo dia conheci enfim o Macintosh. Foi num estúdio de um ilustrador.

Me lembro até hoje como foi. Parecia que aquilo era mentira, parecia um sonho. O computador já era perfeito, tinha imagens perfeitas, dava para fazer tanta coisa, imagens perfeitas tal qual eram de verdade. Eu admito que nem mesmo nos meus sonhos mais loucos eu havia imaginado que um computador pudesse fazer aquelas coisas todas.

De lá pra cá eu literalmente viciei em Mac, não compreendia como alguém podeira achar um PC algo bom, era visível (pra mim sempre foi) a diferença entre as duas plataformas.

Um computador era apenas uma calculadora crescida, o outro era o paraíso na Terra.

Aos poucos me foi caindo a ficha de que ilustrar era algo completamente viável de ser feito tendo um Mac como ferramenta básica. Muita gente no entanto achava que o Mac seria na verdade uma espécie de inimigo número 1 dos ilustradores e que em pouco tempo nenhum ilustrador conseguiria trabalho, acho que apenas eu na época acreditava que o compuador poderia ser o meu melhor amigo.

O tempo foi passando e minhas suspeitas foram se confirmando.

Até que um belo dia, no auge da crise da Apple eu conheci a figura de Steve Jobs. Tudo aquilo tinha sido fruto dos esforços de um homem que como poucos conseguia montar uma equipe notável, ter idéias notáveis e fazer produtos notáveis.

Jobs voltou a Apple, e de quebra, o mundo todo ganhou com isso. Eu também ganhei, e ganhei muito com isso, e duvido que eu pudesse desempenhar minha profissão tão bem quanto eu posso desempenhar hoje em dia se não fosse a visão desse homem.

Hoje definitivamente tudo isso é história, talvez não voltemos a ter outro personagem a nos influenciar tão significativamente em nossas vidas quanto Steve Jobs nos influenciou direta e indiretamente. Ele me fez aprender que é possível ir além, é possível pensar e realizar coisas que a grande maioria não pensa ou não acredita. O estúdio que fundamos é também uma forma de colocar esses princípios em prática, por isso Jobs não apenas criou a máquina com a qual eu trabalho mas me ensinou o princípio pelo qual eu utilizo o meu trabalho.

E tanto eu quanto muitas outras pessoas hoje em dia apostam no novo, apostam em quebrar barreiras e paradigmas porque viram nas atitudes de Steve Jobs o exemplo mais perfeito desse princípio.

Hoje eu acredito que saber pensar de maneira diferente e fazer a diferença é o caminho do nosso século, e posso dizer com toda certeza que Jobs não simplesmente nos apresentou o Ipad, o Itunes ou o iPod, ele nos apresentou o futuro.

29.3.11

Contrasenso Ilustrativo

Pergunta: Você não acha um contrasenso, com toda tecnologia voltada para a comunicação como a internet, um ilustrador ao invés de abrir-se para o mundo, se restringir para atuar apenas na sua região?

Resposta - Seria um contrasenso, se regionalmente os ilustradores tivessem um padrão técnico, uma capacidade profissional que os clientes regionais não pudessem suportar por não necessitar a totalidade das potencialidades do ilustrador.

No entanto não é isso o que acontece. As empresas de uma forma geral nem sabem para quê serve o trabalho de um ilustrador, e o ilustradro também não sabe também qual seria a utilidade do seu trabalho para esses clientes.

Aí está o grande furo.

Eu acho que as coisas rolam no sentido de um passo por vez.

Qualquer profissional de ilustração primeiro precisaria conhecer as potencialidades do seu trabalho na sua região, para depois trabalhar, com paciência no sentido de mostrar, provar para o empresariado da sua região os benefícios que o seu trabalho pode trazer para eles.

Trabalhos como criação de persoangens, quadrinhos institucionais, manuais de treinamento, são simples exemplos que podem ser feitos para supermercados, padarias, oficinas mecânicas, lojas, indústrias das mais diversas e esse tipo de empresa existe espalhado em todo o Brasil.

Trabalhos mais expecíficos podem ser propostos para os clientes num segundo momento, desde que nessas empresas já exista uma cultura de utilização de ilustração.

O problema é que o ilustrador costuma pensar apenas em sentar na prancheta e desenhar, e assim não chega a lugar algum.

Quando você opta por sair de sua região, para atuar nos grandes centros urbanos, a probabilidade de conseguir sucesso profissional é muito baixo, demanda muito tempo, muito esforço, e também uma boa dose de sorte.

Se o ilustrador estudar as empresas da sua região, vai demorar o mesmo tempo praticamente, para evangelizar e conquistar clientela, sem contar que estará abrindo novas frentes de mercado que não saturadas (ao contrário do que acontece nos grandes centros) com a vantagem de ter um custo de vida bem mais baixo do que o que se tem nos grandes centros.

Por outro lado, essa idéia de que uma vez que você esteja na internet, terá uma janela aberta para o mundo inteiro é uma injenuidade sem cabimento, desde que estourou a bolha das empresas ponto com, ninguém que trabalhe com internet pensa e nem age assim.

Aliás, houve a bolha justamente porque inúeras empresas invetiram toneladas de dinheiro pensando que iriam dominar o mundo e isso não aconteceu.

Nem o Google, trabalha e pensa assim.

Quem já trabalhou com o Google sabe muito bem que hoje em dia ele procura dispor aos seus clientes mecanismos que aumentam a eficiência das empresas porque justamente procura mostrar as empresas que estão na internet para os seus potenciais clientes que estejam mais próximos.

Qualquer cliente, seja ele quem for, quer clientes bons e que estejam próximos de dele, que permita um contato pessoal, exclusivo, de qualidade. Os clientes que preferem clientes sem esse contato mais personalizado são clientes com perfil qualitativo baixo, e, dependendo do cliente, pode não compensar.

Outra coisa que é preciso levar em conta é que quando se fala "mundo todo" as pessoas pensam em pegar clientes que estejam nos EUA, Canadá, Inglaterra, Alemanha, França, Japão, só país de primeiro mundo.

Só que precisa querer focar em países como México, Argentina, Chile, Equador, Emirados Árabes, Turquia, Grécia, Índia, Coréia, Catar, África do Sul.

E é preciso montar todo um sistema de cobrança capaz de trabalhar com todos esses países. Agora, ilustrador não gosta nem de alugar um ponto comercial para ter um estúdio fora de casa, vai querer investir nesse tipo de coisa?

Para se chegar num ponto como esse é preciso primeiro conquistar a sua região. Se o seu trabalho for bom demais para se restringir apenas a sua região, então vale a pena investir nos grandes centros. E se mesmo assim os grandes centros do Brasil for pouco (coisa que nem o 6B estúdio acha) então você deve investir numa carreira internacional.

Outra coisa importantíssima, quando você pensar em concorrer com profissionais de outros países, é preciso também saber se o nível do seu trabalho é igual, inferior ou superior ao dos profissionais do local. Só para se ter uma idéia, o nível dos ilustraodres da Argentina é muito mais alto do que o dos profissionais daqui, e ninguém aqui quer entrar no mercado argentino.

Imagine o nível de profissionais do Japão, França, EUA, Canadá, Alemanha...

23.3.11

O Mercado Pode Melhorar?

Pergunta: Como você acha que o mercado de ilustração pode melhorar?

Resposta - Melhorando o ilustrador, sendo ele um artista com melhor qualidade.

Um profissional mais focado, mais objetivo.

Sendo mais sério quando se trata de negócios, procurando ser um administrador de verdade, um comerciante de verdade.

Precisa querer agregar mais noções, novos princípios de negócio.

Precisa ter vontade de abrir novas frentes de trabalho (volto a insistir) para diminuir a concorrência entre nós.

Precisa agitar mais o intercâmbio de conhecimento, intercâmbio de experiências profissionais difundir princípios práticos de negócios para nossa área que são bem sucedidos e podem ser bem sucedidos.

Coisas que pessoas de outras áreas profissionais fazem constantemente.

17.3.11

Mercado ruim

Pergunta: Você não acha que essa história de que o mercado está ruim é exagerada? Embora eu esteja na área a pouco tempo, não acho que a coisa seja assim tão ruim.

Resposta - Tem uma coisa que eu aprendi nessa vida que tudo é relativo.

Quem está no mercado a apenas 5 ou no máximo 10 anos não conseguiu ver o panorama muito diferente daquele que temos hoje, por isso não consegue compreender que tanto eu reclamo que o mercado está ruim.

Quem tem mais de 15 anos de mercado já consegue saber como ele era anos atrás.

Eu comecei no inicio dos anos 90, alias, em 1990, para ser mais exato.

Embora fosse moleque, eu via que se vivia uma época econômiica péssima no Brasil, era época do Plano Collor, estávamso saindo da maior hiperinflação que esse país teve para o completo arrocho.

Tudo a nossa volta respirava um ar de insegurança quanto ao futuro, só que entre os ilustradores havia um pique, um ânimo, um gás muito maior do que hoje em dia.

Haviam muito menos pessoas no mercado e muito menos pessoas querendo entrar no mercado.

Mesmo com toda crise econômica, muita gente conseguia fazer quadrinhos e acreditava-se sim que era possível viver de quadrinhos para o mercado brasileiro.

No mercado editorial eu não sei como era, pois não tinha contato, mas o mercado publicitário estava prestes a se revolucionar e acabar com os postos de muitos ilustradores, pois foi justamente nessa época que o computador invadiu as agências de propaganda.

Muita gente jurava de pé junto que a profissão de ilustrador iria se extinguir em, no máximo 10 anos.

Mas havia trabalho, eu, mesmo como um mero assitente de arte, responsável por montar anúncios na agência de propaganda que eu trabalhava conseguia pegar bastante trabalho freelancer, isso sem ficar batendo de porta em porta em agências ou editoras.

Uma coisa rara de acontecer hoje em dia.

Eu chegava a ganhar quase 6 vezes mais do que o meu salário, só com freelance, e sem ficar prospectando cliente.

E isso, porque era uma época economicamente ruim.

Naquela época bastava você bater na porta de uma agência ou editora, ligar, marcar uma entrevista e nem precisava assim tanto de indicação, todo mundo te recebia, e quando via o seu trabalho, muitas portas se abriam, porque o pessoal via que a eu não era amador.

Hoje em dia, um cliente qualquer muitas vezes nem conversa por telefone com você se você não for indicado. Te pede para passar um e-mail e nunca mais te retorna.

Quando alguém te procura facilmente, na maioria das vezes é trabalho no risco e mesmo assim tem um monte, mas um monte mesmo de outros ilustradores que seriam capaz de enfiar uma faca no seu bucho para pegar aquele trabalho no risco.

Agora, me digam, será que o mercado atualmente é assim tão bom?

11.3.11

De Maceió...

Pergunta: Sou de Maceió. Eu gostaria de seguir carreira como ilustrador, mas aqui tem pouco cliente como agencia de propaganda e editora. Muitas vezes eu tenho vontade de me mandar pra outro lugar, tipo São Paulo. Você acha que é possível ser ilustrador aqui?

Resposta - Você precisa ter em mente que o seu futuro profissional é um investimento em longo prazo.

Se você vier para São Paulo, não vai ter aonde morar, não vai ter trabalho, não vai ter dinheiro, vai concorrer com trocentos neguinhos por uma vaga no mercado de trabalho e corre riscos que nem imagina que existem.

Aposto que, embora sua cidade não seja um paraíso de agências e editoras, tenham outros mercados de trabalho não tem?

O pessoal trabalha aí em quais áreas?

Tem turismo?

Se tiver, porque você não se especializa em realizar trabalhos envolvendo ilustração voltados para o mercado de turismo?

Tem indústria?

Essas indústrias não podem precisar de ilustração para embalagens, rótulos, para a decoração dos seus escritórios? Não podem precisar de mateirias para treinamento de pessoal? Não pode precisar fazer quadrinhos institucionais?

O comércio aí é aquecido?

Não dá pra se associar com algum estabelecimento comercial de desenvolver algum produto aonde seu desenho seja parte do chamariz para o comércio?

Tem gente que curte piercing, tatuagens?

Porque você não abre um estúdio de tatuagem e alia o seu conhecimento artísticos para oferecer aos seus clientes diferentes daqueles que os tatuadores que não sabem desenhar oferecem?

Tem muita feira, congresso, casamento?

Porque você não se especializa em fazer caricaturas, cartuns, animações, quadros para ser vendido para esse público?

Veja bem, o que não falta na vida são oportunidades.

Se você tiver engajamento, vai achar mercado ótimos, novos, sem vícios, sem concorrência, que você pode ser uma pessoa com grande especialização.

Acontece que esses são os tais mercados em potencial, não existem realmente e para se começar é preciso pegar na mão do cliente, ensinar tudo tintim, por tintim e ir se especializando, se preparando para evoluir como prestador de serviço. Assim seus clientes vão ficando cada vez mais satisfeito com o seu desempenho e também irão te pagar melhor.

Isso tudo pode demorar de dez a vinte anos para rolar, mas você acha que vindo para um grande centro urbano alguma coisa será muito diferente disso?

Pense no futuro, a longo prazo, insistir em mercados regionais aumenta a demanda, descentraliza o mercado, melhora o reconhecimento de nossa profissão e ainda permite que você possa ser um profissional bem sucedido sem ter que sair de casa.

7.3.11

Novos Ilustradores

Pergunta: O que você acha dos ilustradores que estão começando na área?

Resposta - Acho que esses caras precisam de muita coragem para continuar sem fazer besteira, porque existe muita orientação ruim para ilustradores iniciantes no meio de outras tantas orientações boas, mas que faltam pela superficialidade.

Muita gente por aí diz para os iniciantes que desenhar na mão é bobagem, fala para os iniciantes que o certo é trabalhar em casa, ter um estudiozinho num quarto de casa.

Algumas orientações são duvidosas, outras são verdadeiros ruídos, que acabam confundindo.

Mas não existe somente orientação ruim, tem coisa boa. O próprio Guia do ilustrador é muito bom para quem quer conhecer o mercado e está no ponto zero.

A maior falha existe para que já saiu do ponto zero, e é aí justamente aonde se encontram os ruídos.

Como existem muitos ilustradores ainda trabalhando em casa, sem uma estrutura que possa, com o tempo empregar treinees, estagiários, etc. fica muito difícil para esse pessoal que quer começar na carreira arranjar um meio seguro de entrar no mercado.

Isso também ocorre por causa da baixa demanda de ilustração para os profissionais que já estão no mercado. A maioria pode muito bem ter trabalho em quantidade suficiente para pagar suas contas e tudo mais, mas não tem volume para aplicar no seu sistema de trabalho uma filosofia agregadora.

O ideal, nesse caso, é haverem ações visando aumentar a demanda de ilustração, fomentar o mercado, e paralelamente haver um trabalho de conscientização e mudança de cultura dos ilustradores para terem vontade de se tornarem empresas e assim darem chances para os novatos.

Vendo por esse prisma a gente percebe que o problema não está exatamente nos iniciantes, mas sem que as pessoas tomem atitudes acertadas e criem uma consciência global os iniciantes apenas contribuirão para ser um problema a mais.

1.3.11

Ilustrar pelo interiorzão

Pergunta: Você acha possível que uma pessoa possa trabalhar como ilustrador em Goiás, no Mato Grosso, Roraima sem ter que vir para os grandes centros? Como?

Resposta - Porque não? O que eu acredito é que nessas regiões exista mercado pronto aonde basta chegar e se instalar.

Mas é preciso que os ilustradores dessas regiões terem uma visão de realidade de seus mercados para que possam adequar o trabalho de ilustração as demandas regionais.

Primeira coisa que existe é a memória da sua região. Isso por si só já traz uma necessidade de resgate da memória e da história de cada lugar desse país.

Existe tanto na indústria automotiva, química, petrolífera, mineração, de tecidos, de vestuário, calçados, no comércio segmentado ou popular, nas empresas de prestação de serviços como o de telefonia móvel, internet, midia indoor, imprensa, televisão, nas ações sociais e nos meios sociais inúmeras oportundiade de se trabalhar com ilustração.

Oportunidades essas que são desperdiçadas diariamente, porque os ilustradores pensam somente me fazer ilustração para livro, revista e historia em quadrinhos.

É preciso trabalhar para que cada região tenha o hábito de trabalhar as suas formas de comunicação com ilustração, isso gerará a demanda necessária a absorção da mão de obra excessiva de trabalho em ilustração e poderá, a seu tempo fazer com que a profissão seja naturalmente reconhecida, aceita e respeitada.

O caminho que temos atualmente é igualmente espinhoso, não oferece qualquer perpectiva de melhora ou aumento de demanda de trabalho e a muitos anos gera os resultados que vemos de cada vez menos se pagar menos, cada vez mais haver concorrência desleal e desgasta a ilustração por excesso de oferta de mão de obra.

Uma pessoa que resolva trabalhar para a sua região pode levar de dez a quinze anos para ter sucesso, mas se resolver arriscar nos grandes centros urbanos, a probabilidade de sucesso também gira por volta de dez a quinze anos.

23.2.11

Ilustração mais e menos nobre

Pergunta: Eu trabalho muito fazendo caricatura para eventos, festas, etc. Gostaria muito de poder trabalhar em áreas mais nobres como ilustração para livros. Que dicas você poderia me dar?

Resposta - Posso ser sincero?

Esse trabalho que você faz com caricaturas paga as suas contas?

Os clientes que você tem gostam do seu trabalho?

Você tem facilidade para ser indicado pelos seus clientes para outros trabalhos?

Se as três responstas anteriores forem "sim", então a resposta é outra pergunta:

Pra que você vai querer outros clientes?

A coisa mais importante que existe é ter clientes que te pagam direito, gostam do seu trabalho.

Agora, se além disso eles ainda te indicam para outro cliente, então você está no céu, mas ainda não percebeu.

Claro que você pode pensar em ter mais clientes, mas jamais cometa a loucura de abrir mão de um cliente, por menor que seja, que está satisfeito com o seu trabalho e te paga bem para arriscar pegar um cliente maior.

Se alguma resposta for não, vale você ir atrás de outra coisa, mas ainda assim sem deixar seus clientes de lado totalmente. E vale a pena você pesquisar o mercado, dar uma olhada no que rola por aí, dar um upgrade no seu portfolio e voilá!

17.2.11

Ilustradores Unidos

Pergunta: Por que você defende tanto a união de ilustradores para formar estúdios?

Resposta - É quase inconcebível na minha cabeça ilustradores que dominam tecnicas, mercados diferentes fiquem isolados enquanto que todos poderiam se unir, realizar trabalhos maiores, se lançar com mais afinco no mercado, se fortalecer.

A união é uma forma de somar além da simples progressão aritmética.

Numa equipe aonde existem duas pessoas em sintonia, pensando em com objetivos semelhantes, o resultado não é igual ao resultado de dois ilustradores, mas de três ou até mesmo de quatro.

Muita gente se priva de vivenciar esse tipo de conquista para si.

Deveriam arriscar um pouco mais.

Existe chance de car errado? Claro, tudo no mundo é assim. Da mesma forma como ficando sozinho a chance continuará existindo.

A única coisa que eu defendo é uma união não só de indivíduos, mas de ideais, de princípios e de interesses.

11.2.11

LDA

Pergunta: Você não acha que a atual LDA já é suficiente para atender às necessidades dos ilustradores?

Resposta - De certa forma, sim. Mas a questão no momento será a próxima LDA a entrar em vigor. A atual ao meu ver é boa, embora ainda falte bastante para cair como uma luva nas necessidades dos ilustradores. Um exemplo é com relação a um ilustrador ter que escolher entre ser um autor e um prestador de serviços, a lógica (burra por sinal) parte do pressuposto de que ninguém pode ser as duas coisas, e os ilustradores sempre foram as duas coisas.

Seria muito bom que a LDA corrigisse isso, pois uma lei tem como função se adaptar a realidade das pessoas para que dentro dessa adaptação ela possa guiar as pessoas para um estado de quilíbrio de forças.

Já, a LDA conforme os próprios legisladores e advogados pregam, não é capaz de se colocar na nossa realidade profissional plenamente.

Existem meios para contornar isso? Existem.

Mas eu pergunto pra você: vale a pena ficar contornando, dando jeitinho se uma coisa foi feita para funcionar da forma como é necessária?

7.2.11

Ilustrador rico

Pergunta: É possível ficar rico trabalhando com ilustração? Como?

Resposta - Não sei. Eu não fiquei, mas te juro que não é esse o meu objetivo.

É muito difícil você colocar como objetivo apenas o dinheiro.

Quando você faz isso, é possível que você comece a não se importar muito com a forma com que você chega ao seu objetivo, passando por cima das pessoas, prejudicando e fazendo sabe-se Deus mais o quê.

No final você é capaz de espalhar um rastro de destruição a sua volta e o saldo final ser muito mais negativo do que você imagina.

Terá atingido o seu fim, mas não terá nada mais além disso, será temido, respeitado, mas nunca amado.

Aliás, ficar rico, é algo muito relativo. Para alguns ganhar dois mil reais por mês é riquesa, para outros, menos do que duzentos mil por mês é o fracasso total.

Devemos no fundo pensar em contruir um ambiente que seja justo, produtivo e construtivo dentro de nossos limites de entendimento.

4.2.11

Rigidez é tudo de ruim?

A gente, na condição de brasileiro está acostumado, desde muito cedo a lançar mão de recursos alternativos para conseguirmos alcançar os nossos objetivos, uma vez que a conquista de inúmeras coisas são extremamente injustas.

Isso acontece no que diz respeito a educação, cultura, conhecimento tecnológico, conquistas sociais e benefícios das mais variadas naturezas.

Conseguir subir na vida, tanto do ponto de vista social quanto do ponto de vista profissional no Brasil é um verdadeiro parto. Vivemos numa sociedade, infelismente, que não foi talhada para ser uma terra de oportunidades. Vivemos ainda num país aonde existem pessoas afortunadas que nasceram em berço explêndido, com dinheiro, cultura e oportunidades e para essa pessoa, mesmo diante de uma má vontade em se realizar grandes conquistas, se consegue ter êxito com mais facilidade do que aquele que teve a infelicidade de sair das camadas mais humildes da população.

Vivemos numa sociedade muito pautada naquilo que cada um possui, honrarias, conta bancária, currículo, descendência e títulos e não da o devido valor as habilidades, conquistas, talentos, força de vontade e caráter.

Só que nos mais de 500 anos de história, esse país viveu numa realidade aonde estando tudo do jeito em que sempre esteve, nada pode existir de tão preocupante ou ameaçador, afinal de contas nós empre fomos subdesenvolvidos, sempre fomos uma espécie de povo de terceira linha, pessoas que nasceram para obedecer, para sermos servos, peões e, quem sabe, ficar feliz com alguma conquista no futebol.

De repente, de um tempo pra cá, houve, principalmente depois da crise que assolou o mundo em 2008, um panorama de crescimento no Brasil aonde algumas pessoas já começam a acreditar que é possível não apenas ser um obediente país de terceiro mundo, mas algo a mais, com maior independência econômica, tecnológica e cultural. Hoje se percebe que podemos ter uma identidade própria e nos impor no mundo de maneira construtiva.

Curiosamente toda essa tendência veio acompanhada de uma abertura de oportunidades, uma mudança mesmo que inicial da forma como os caminhos a serem traçados para dar a mais pessoas oportunidades de crescer, que devemos entender ainda como não sendo suficiente, e mesmo assim mudando e muito o panorama e a perspectiva de futuro entre cada um de nós.

No entanto, o que briga para que todas essas possibilidades sejam reais, na verdade reside em nós mesmos, na natureza da nossa sociedade. O brasileiro é um povo por natureza solícito, prestativo e amigável, mas falta algumas características importantes para fazer de nosso país algo homogêneo e melhor. Vivemos durante anos nos adaptando as dificuldades, em vários sentidos e nessas adaptações nos tornamos especialistas em encontrar saídas, espaço em excessões. Isso faz com que as pessoas que tenham ou um maior acesso a educação e cultura seja uma excessão, ou uma carga tributária mais justa uma outra excessão, ou maiores oportunidades outra excessão.

E nos esquecemos que ainda a regra geral é muito dura. Uma vez que as nossas necessidades foram resolvidas, não nos importamos se o resto da sociedade não desfruta dos mesmos privilégios que nós. Ainda somos muito egoístas.

Ajudamos com uma certa boa vontade na hora do desespero alheio quando alguém tem sua casa destruída pelas enchentas, mas não presamos para que as casas somente sejam construídas em áreas seguras. Nos indignamos com a criminalidade em bairros carentes aonde não existe acesso a educação, cultura e lazer, principalemtne se o fruto dessa carência for assaltar a nossa casa, mas na verdade nem nos preocupamos em oferecer para essas comunidades o acesso a educação, lazer e cultura.

Temos uma legislação com tantos detalhes para que um estabelecimento seja aberto, paradoxalmente quando abrimos um negócio qualquer procuramos apenas obedecer algo que entendemos o básico. E o pior disso é que qualquer um que queira seguir um pouco além daqui que entendemos ser o básico, aos nossos olhos e aos olhos de muitas outras pessoas são "trouxas".

Erramos pelo excesso de rigidez, pela dificuldade em fazer com que a nossa sociedade seja mais aberta e erramos por excesso de permissividade, aonde acreditamos que nós não precisamos fazer tanto para garantirmos a nossas conquistas.

Em resumo: somos rígidos demais para com o outro e moles demais para conosco mesmos.

E o reflexo é que muita gente pode ter chegado nesse ponto do texto e pensado com seus botões: mas aposto que ele não olha para os defeitos dele!

Gente! Falta humildade geral! Nenhum de nós e nem eu tenho moral para apontar os defeitos alheios, mas alguém e nesse caso sou eu quem está se prestando o papel de expor não o meu nem o seu defeito, mas o nosso.

Esse país será muito melhor no dia em que cada um de nós olhar para o seu próprio rabo e se esforçar para sermos pessoas melhores, ao invés de querer que o outro, que o irmão, que o filho, que o patrão, que o vizinho, que o empregado, que colega do lado seja melhor, enquanto que acreditamos piamente que nós mesmos não temos nada em que precisamos nos melhorar.

Quando algum defeito nosso se torna evidente, a gente sempre tem uma desculpinha pronta: mas eu sou assim mesmo, não vou mudar.

Curiosamente, a gente exige que os outros mudem.

O nosso problema reside em não pensar no conjunto, em deixar de fazer as coisas pensando que vivemos com outras pessoas em nossas casas, nosso bairro, nossa cidade, nosso país. A gente pode até fazer algo por alguém desde que esse algo não nos prive de nada.

A satisfação pessoal vem em primeiro lugar. Deveria ser difrente.

Deveríamos pensar na satisfação coletiva, em atender o interesse de todos, em ao fazer qualquer coisa, por mínima que seja, fazer algo pensando que estamos vivendo em sociedade e que estamos cedendo para tornar a vida de todos melhor e que isso não implica de maneira alguma em prejuízo porque nós fazemos parte da coletividade e que o outro ao seu turno também irá fazer a sua parte.

Isso é civilidade. Isso é educação. Isso é sinal de um país desenvolvido, de uma sociedade desenvolvida.

Enquanto pensarmos em fazer pensando apenas nosso bem estar vai continuar tendo gente que não respeita as regras de trânsito, vai continuar existindo gente jogando lixo no chão, vai continuar existindo gente sonegando imposto, vai continuar existindo gente fazendo esquema para ganhar por fora, vai continuar existindo corrupção, vai continuar existindo exploração, vai continuar a existir incoerência na nossa sociedade.

Acreditamos que ser educado, civilizado, bom e respeitoso é falar sempre palavras doces, açucaradas, é falar em tom baixo, é ser sorridente, é pentear o cabelo e engraxar os sapatos, é ficar quieto e escolher palavras suaves para fazer parte do nosso vocabulário.

No entanto pensamos verdadeiras monstruosidades e quando ninguém está vendo ou ninguém vai te "pegar" você faz coisas do arco da velha, fazendo com que Maquiavel ficasse corado se visse seus atos.

As pessoas aprender a apenas parecer serem sérias, manterem a aparência de profissionais e honestas. Qualquer pessoa que não se enquandre perfeitamente num perfil de bom moço, inteligente, culto, bonito e respeitador é digno de nossa investidas até que essa pessoa possa desaparecer por completo.

Não precisamos ser rigidamente honestos, basta que a gente atenda a alguns requisitos básicos. Assim como na hora de abrir um negócio novo, embora existam muitos regras a serem seguidas, a gente faz um bem bolado e está tudo certo.

Mas vivemos num mundo aonde o mundo inteiro, literalmente é nosso mercado e nosso concorrente, aonde não temos para onde fugir, aonde não adinata aqui não haver oportunidades, porque outros países dão oportunidade para a sua população e eles irão nos devorar sem piedade.

Porque outros países oferecem aos seus cidadão educação de qualidade, cultura e saúde e esses países são e serão mais competitivos do que nós, são e serão melhores mercados do que nós, são e serão os celeiros da tecnologia, da ciencia, da filosofia e serão aqueles que irão comandar o resto do mundo. Eles serão os donos e nós, seremos os "flanelinhas" do planeta.

Sim, é para isso que ainda o nosso país está se preparando, para pegar o que sobrar, talvez para fazer aquilo que ninguém quer fazer.

Isso porque levamos tudo na moleza, precisamos levar o mundo um pouco mais a sério, sermos mais rígidos quanto a nossa estrutura, quanto a nossa formação, quanto a encarar as nossas limitações e defeitos também, em trabalhar para corrigir os nosso problemas sem achar que tudo é ofensa, precisamos ser mais unidos e pensarmos menos apenas em nós mesmos.

Precisamos obedecer mais as leis e as regras, e se elas forem muito rígidas, então que mudemos elas para serem menos rígidas e não simplesmente virar as costas como se as leis e as normas não exsitissem.

Nós deixamos passar um monte de coisa, mas o resto do mundo não deixa e sequer percebemos quantas oportunidade perdemos todos os dias por causa disso. Precisamos de uma vez por todas aprender a valorizar oconhecimento, a cultura, o talento, o caráter das pessoas e a oferecer a essas pessoas mais e melhores oportunidades, a seguir regras, leis, a pensarmos em conjuto, naquilo que é melhor para todos, em ter prazer pelo trabalho, pelo estudo, pela construção de uma realidade melhor para todos.

Vivemos o resultado de mais de 500 anos de egoísmo, corrupção, desrespeito as leis e as instituições e o que temos ainda é muito aquém de uma sociedade boa ou justa.


Devo admitir que a alguns anos muitos passos já foram dados no caminho certo, mas ainda temos muito o que caminhar, e já começamos a esbarrar em defeitos enraizados em nós mesmos, e esses somente com muita força de vontade e um entendimento que é para benefício de todos nós é que poderão ser corrigidos.

Eu podia falar aqui sobre defeitos de ilustradores, defeitos meus, defeitos dos políticos, mas a verdade é que estou falando de defeitos que convivem intimamente com cada um de nós. Muita gente se recusa a aceitar esse tipo de crítica, diz sistematicamente: eu sou honesto! Talvez falte essa rigidez em pesas seus próprios atos.

Ser rígido no que diz respeito a auto crítica não é tudo de ruim, é uma forma de se antecipar a tudo e corrigir seus próprios defeitos.

A rigidez é ruim quando empregada para medir ou julgar os outros, mas para nós é como minha vó dizia: um santo remédio.

1.2.11

Politicagem

Pergunta: Você não acha que o que está a politicagem no meio profissional dos ilustradores está acabando com o mercado?

Resposta - err.. não sei se eu entendi direito. Mas vamos ver...

Política é a arte da convivência entre as diferenças, basicamente.

No entanto, quando cada ser diferente se acha o dono da razão e da verdade, a política vai tomando uma cara agressiva, injusta.

Existem pessoas no nosso meio que interpretam o mercado com pontos de vista diferentes, alguns divergem sobre como fazer para resolver os problemas em nosso meio, outros divergem até mesmo sobre quais seriam esse problemas.

Política, se a gente prestar atenção, é algo tão presente na vida do ser humano quanto o ar que ele respira.
E inerente ao convívio social, e o ser humano é naturalmente um ser social.

Por isso política não é algo fatalmente ruim, pois através da política se desenvolveram as normas de convívio, de conduta, de ética e tudo mais.

O problema está não na política mas no egocentrismo, aonde as pessoas acham que a liberdade sua é mais importante do que a liberdade do seu próximo, a sua opinião é melhor do que a opinião do seu próximo.

A base da boa política está baseada nos três pilares que se transformaram o lema da Revolução Francesa de 1789: liberdade, igualdade e fraternidade.

Nenhuma dessas três é mais importatne que a outra, todas são igualmente importantes e nada é mais importante do que as três juntas.

São princípios como esses que devem nortear a política em qualquer meio, profissão, atividade, economia e tudo mais.

Desde que orientados de maneira a respeitar os limites e regras básica de civilidade e interesse ao bem comum, a política deixa de ter o aspecto biabólico que conhecemos para se transformar em instrumento destinado a evolução da sociedade com justiça.

Por isso mesmo eu acho que a política em nosso meio é antes de mais nada, uma necessidade. Só que como a poítica é potencialmente uma arma muito poderosa, deve ser manuseada com cuidado e responsabilidade.

As pessoas que se fazem valer desse recurso precisam aprender a não ser engolido pelas tentações e a vertigem que o poder tras.

Em todo caso, pior seria ficar livre dela, pois que é algo impossível, sem contar que pessoas que detestam política apenas permitem que aqueles que querem ter a liberdade para politicamente fazer o que bem entenderem, sem limites covivam num ambiente aonde as maneiras erradas de prática política sejam combatidas.

26.1.11

Quadrinhos Nacionais

Pergunta: Você acha possível que no Brasil algum dia exista um mercado consumidor de quadrinhos nacionais?

Resposta - Eu acho que sim, só não sei quando. Em termos de tempo fica muito difícil precisar, mas em termos de desdobramento dos fatos, eu poderia arriscar que quando as pessoas envolvidas em quadrinhos resolverem olhar mais para o público, perceber que determinados públicos, em suas faixas etárias e condições sociais podem se interessar por quadrinhos, desde que sigam determinadas orientações para que possam ser produzidos visando esses mesmos públicos, então os quadrinhos encontrarão o seu espaço verdadeiro, pois eu acredito que ainda não foi levado a sério no Brasil a questão de identidade cultural, empatia, afinidade e direcionamento de linguagem visando possíveis públicos para esse mercado.

Os quadrinhos, no Brasil é caracterizado por pessoas que sonham e que procuram realizar seu sonho exatamente da maneira como seus sonhos são na sua cabeça, e deixam de perceber todo um mundo que pode querer coisas diferentes, que possa consumir, gostar e se transformar em público cativo para que seus sonhos possam estar alinhados com os anseios das pessoas que podem consumir o seu sonho.

Certas coisas esbarram meio que numa áura de coisa sagrada. Nossas aspirações artísitcas costumam ser encaradas assim. É nosso filhinho querido, fruto de nossa inspiração, por que defendemos com unhas e dentes, mas que não queremos, de forma alguma fazer com que elas se "poluam"com interferências de ordem econômica, mercadológica e tudo mais.

Lógico que não dá pra ser um vendido, mas é preciso que haja equilibrio, porque uma coisa que visa apenas satisfação pessoal pode não ter qualquer valor coletivo.

20.1.11

O Papel do Ilustrador, novamente

Pergunta: Qual você acha que deve ser o papel do ilustrador?

Resposta - Boa pergunta. Todo mundo cumpre um papel na sociedade, mesmo não querendo, mesmo pensando que não tem um papel a cumprir.

O ilustrador pode ter um papel muito mais abrangente, muito mais importante para a sociedade do que ele pode imaginar.

O ilustrador precisa ter consciência de que seu trabalho pode servir para eslcarescer, alfabetizar, orientar, entreter, animar, alertar, provocar, acalantar, contar histórias, representar idéias, embelezar, e tudo isso de inúmeras formas, com inúmeras aplicações.

Se combinadas, ilustrações, quadrinhos, tiras, caricaturas, pnturas, cenários, maquetes, personagens, cartuns, vinhetas, animações, patterns, composições podem aumentar a visibilidade, aumentar a potência da eficácia na hora de se transmitir uma mensagem.

Pode ainda ser acrescida de história, conceito, temas e princípios, se transformando em material composto útil a muitos tipos de empresa que não apenas de comunicação, mas comércio, prestação de serviço, indústria, ONGs e muito mais.

Os ilustradores precisam, no entanto, levantarem a possibilidade de que aquilo que fazem pode ter um papel construtivo ou destrutivo no mundo.

Enquanto os profissionais não tiverem predisposição para discutir esse tema e propor caminhos e funções para os seus trabalhos, a ilustração será apenas um mero reforço de comunicação comercial.

Ao agregar valores, a ilustração também poderá ser algo mais valioso inclusive na sua utilização comercial.

14.1.11

Pensar Global

Pergunta: Porque você se preocupa tanto com o que outros profissionais possam fazer de errado na profissão? Quem vai sofrer as consequências dos erros feitos não serão eles mesmos?

Resposta - Porque aquilo que muitos ilustradores inexperientes fazem de errado pode se transformar numa espécie de comportamento padrão entre os profissionais da ilustração na cabeça dos clientes.

Isso é possível de acontecer pelo fato de, nos últimos anos haver uma quantidade muito grande de novos profissionais entrando no mercado.

Orientar esse pessoal sobre o que é certo, ético, justo, para mim é uma forma de ajudar a todos, eu, você, e até mesmo profissionais mais bem sucedidos no mercado.

Tornar os profissionais em geral com maior qualidade profissional ajuda a todos, cria uma círculo virtuoso aonde qualidade, variedade e demanda puxam o mercado para um patamar de sustentabilidade econômica.

Agir localmente e pensar globalmente. Não se trata apenas de uma frase de efeito, mas de um dever de todos.

10.1.11

Regulamentação Ideal

Pergunta: Uma vez você disse que podem existir vários tipos de regulamentação na profissão de ilustrador. Qual o tipo de regulamentação você acha o ideal?

Resposta - Pra mim, a regulamentação ideal passa por uma associação de classe, que possa oferecer treinamento e assistencia aos seus associados, intensificar o intercâmbio entre os associados, oferecer um serviço de registro de ilustração mais adaptado para a realidade do nosso mercado, a criação de um prêmio anual para os profissionais de ilsutração.

Também passa pela criação de métodos de ensino de desenho tanto para alunos do ensino médio, quanto para ensino profissinalizante e superior.

Incentivo a abertura de novos mercados, novas frente de trabalho para a ilustração, análise quantitativa e qualitativa do mercado de ilustração, incentivo a criação de estúdios de ilustração e aproximação com os governos visando criar código CNAE específico para a nossa profissão e o reconhecimento.

No momento eu não vejo motivos para uma regulamentação nos moldes da OAB, por exemplo. No entanto, essa história pode ser facilmente modificada, principalmente com esse pessoal que declara não ser ilustrador continuar participando do mercado reservado a nós de maneira irresponsável.

Eu não concordo com esse tipo de coisa, aliás, acho que se a gente conseguir chegar nos pontos citados antes da regulamentação com registro profissional e o escambau já forçosamente faria com que o mercado pudesse encontrar um ponto de equilíbrio.

4.1.11

Um mercado só nosso?

Pergunta: Você acha que somente ilustradores devem atuar no mercado de ilustração?

Resposta - É uma pergunta curta para uma resposta não tão curta. Eu acho sinceramente que quem quiser trabalhar com ilustração deve atuar no mercado de ilustração. Tem um monte de gente que vive orbitando o universo de ilustração e que pelo menos da boca pra fora diz que não tem interesse algum em ser profissional de ilustração.

Agora eu pergunto, se não quer, pra que ficar entrando no meio, fazendo volume, dando opinião, fazendo confusão? Tudo isso em nome de uma suposta "liberdade"?

O teor dessa pergunta é bem específico, existe uma peculiaridade que passa obrigatoriamente pela formação.

Sabemos que só existe um curso de ilustração no Brasil. Sabemos que não existe uma grade curricular oficial que pode ser considerada essencial para formar um ilustrador e sabemos que os ilustradores acabaram tendo uma formação tão variada quanto podemos imaginar.

Tem ilustrador formado em arquitetura, propaganda, desenho industrial, jornalismo, desenho artístico, design de produtos, multimídia, e por aí vai...

Mas, todo esse povo tem uma coisa em comum: todos decidiram trabalhar como ilustradores.

Daí a enorme variedade de estilos. Claro que as pessoas que detém uma formação como desenhistas acabam tendo um traquejo para ilustração muito positivo. Eu, inclusive acho, que por mais que você tenha uma formação ou um trabalho heterodoxo, é imprescindível ter feito um curso de desenho, de preferência um curso bom.

Me incomoda bastante ver pessoas que colocam em sua assinatura ou cartão de visita: ilustrador, designer, redator, diretor de arte, jornalista... Sabe, coisas assim misturadas.

Uma pessoa desempenha uma função. É redator, desenhista, colorista, ilustrador, animador, modelador 3D, fotógrafo, designer, etc. Se uma pessoa dominar mais de uma função é sinal de que ela é encarregada por criar e desenvolver projetos que vão além da função primeira. Seria o caso de coordenadores de equipes, chefes e diretores. São pessoas que conhecem o trabalho de várias funções e que podem muitas vezes desempenhar uma determinada função, mas que geralmente precisa de pessoas sob o seu comando para que elas façam o trabalho.

Eu defendo que os ilustradores possam ter esse grau de amplitude no trabalho, a ponto de coordenar, criar e desenvolver projetos, pelo menos aqueles que assumiram papel como freelancer, montando sua própria empresa de prestação de serviço na área.

Sempre fui à favor de os próprios ilustradores decidirem os caminhos da evolução da sua profissão, para que sejam livres, atuantes, conscientes, independentes e indispensáveis no mercado.

Mas, para isso é preciso se distanciar do improviso, do topar qualquer parada, trabalhar por curtição, fazer hobby, e por aí vai...

Os ilustradores tem duas opções para tomar, o do mambembe, sem estrutura, com sonhos na cabeça e vivendo fora da realidade ou o da profissionalização plena, com responsabilidades, comprometimento e seriedade profisisonal. Independente de qual caminho é o melhor, eu defendo o segudno caminho por ver que é justamente o caminho que o mercado atualmente mais necessita e que poucos profissionais tomam.