13.12.05

Caridade

É realmente incrível ver como tem gente que atualmente se vende como caridoso nessa nossa sociedade.

Tem artista caridoso que reverte parte do dinheiro de um determinado trabalho, empresa que doa parte de uma verba pra caridade, pessoas que doam uma determinada quantia em troca de uma camiseta ou coisas do gênero.

O engraçado é que todos os que fazem a tal da caridade colocam isso como um "diferencial".

Ora, vamos ser claros e diretos: caridade não deve nunca ser encarado como "diferencial", mas como obrigação de cada um de nós. Quem não pratica a caridade é porque ainda é muito egoísta pra perceber que a única coisa capaz de resolver os problemas da humanidade é a caridade.

Sem contar que tem muita gente que faz um tremendo alarde, gritando aos quatro ventos que ajuda, dá dinheiro, faz e acontece, mas que na verdade não seria capaz de doar um único centavo se ninguém notasse o que o cara faz. Isso é caridade? Caridade em que quem saí ganhando mais é sempre você mesmo?

Outra coisa também é muito comum, é ver empresas doando uma cacetada de dinheiro pra ações sociais e depois abatem todo o valor do imposto de renda, mas se não houver a possibilidade de abatimento no imposto de renda, também não dariam nem um centavo.

E as empresas que se vendem como amigos da criança, amigos da sociedade, ajudam na campanha contra a fome e o escambau a quatro, mas pagam mal seu funcionários, não reconhecem o bom trabalhador, não dão os seus funcionários nenhum tipo de incentivo, nem plano de carreira, muito menos aumento no salário.

Aliás, tem muita empresa posando de boazinha, mas que manda embora um funcionário que ganha mil reais pra contratar dois por quinhentos. Sinceramente, isso é responsabilidade social? Isso é ser caridoso?

Sinceramente, mais vale um empresário que valoriza o bom funcionário, implanta programas de plano de carreira, recompensa por produção, incentiva o estudo dos seus funcionários, faz programas de conscientização social e ecológica, dá algum tipo de acompanhamento médico ou psicológico ao seu funcionário e recompensa quem é bom com aumento de salário e promoção do que aquele que dá cesta básica pra quem passa fome no natal.

Não adianta nada matar a fome de quem tá fora da sua empresa e matar o funcionário de fome. Não adianta nada dar roupa pra campanha do agasalho e pagar tão mal seus funcionários que eles não tem dinheiro nem pra comprar um agasalho. Doar livro pra escola na perifeira e não dar um salário descente pra que o seu funcionário possa dar uma educação decente pro seu filho.

Mas é claro que doar livro chama mais atenção e faz com que o cara fique bonito na foto, dar um salário legal ninguém percebe.

Esse tipo de assistencialismo burro na nossa sociedade gera duas castas bastante heterogêneas entre elas: A primeira dos ricos, dominantes da população, com muito luxo, dinheiro, prepotentes, independentes que pagam pra ter a segurança que na verdade não existe e que morre de medo que o populacho um dia tenha educação, cultura e capacidade de andar com as suas próprias pernas, mas que posa de boazinha fazendo a caridade aos olhos de todos, doando muitas migalhas.

A segunda, do povão ignorante, que não sabe ler e nem escrever, mas que está na escola e pra eles basta ter um diploma pra tapear todo mundo e ficar por isso mesmo, gente que não conhece nada de ciência, filosofia, arte, cultura, não tem trabalho, não tem dinheiro, passa fome, não tem noção que a vida pode ser melhor, vive como burro de carga, tem aí seu forrózinho ou seu pagodinho de fim de semana pra se aliviar da vidinha desgraçada que vivem.

São pessoas que foram educadas para nunca acreditarem que a vida pode ser diferente, que não se interessam pelo trabalho, não se interessam pro estudo, de nenhuma natureza, que vive pra trepar, comer e sujar.

Mas a classe dominante assim dorme tranquila, finge que faz o bem, finge que luta por um mundo melhor, faz o resto do povo na sua ignorância e simplicidade também acreditar nesse circo todo e todos vivem felizes. todos eles com os seus traseiros em cima de uma panela de pressão prestes a explodir.

E um dia vai explodir, quanto tempo mais demorar pra explodir, pior será a explosão. Quem quiser ter uma idéia do que eu estou me referindo procure estudar a Revolução Francesa, mas estude de verdade, pesquise a sociedade alguns séculos antes da Revolução e tudo o que foi acontecendo para que ocorresse a carnificina que foi, tudo isso para que pudesse haver igualdade entre as pessoas.

Exemplos existem aos montes, cabe a nós evitarmos que a história se repita e fazer o futuro melhor por caminhos menos tortuosos.

23.11.05

Aos misticos

Eu não acredito em milagres!

Eu acredito em esforço, em trabalho, estudo, em reconhecimento pelo mérito.
Eu acredito em merecimento, eu acredito em doação, em humildade, em boa vontade.
Eu acredito na lógica, na inteligência, no raciocínio, no bom senso.
Eu acredito em quem ama e sabe porque ama, em quem ajuda e sabe como ajudar.
Eu acredito an caridade aliada à inteligência, a bondade daqueles que sabem as conseqüências de seus atos.
Eu acredito na inteligência como marco absoluto do universo, questão principal e maior de tudo o que existe.
Eu acredito que o universo é nada mais nada menos do que a união de todas as mais absolutas formas de inteligência interagindo em nome de uma única força: Deus.

E não esse deuzinho sem vergonha de barba, em cima de um trono, em cima das nuvens que vê tudo, que castiga uns e premia outros. É vergonhoso saber que ainda hoje algumas pessoas confundem Deus com Zeus.

Eu não acredito que no Universo só exista nós, seria um desperdício um Universo tão belo e vasto sem vida inteligente habitando nela.

Eu também não acredito no Diabo. Se ele existisse é porque Deus o fez. Se Deus o fizesse ele seria mal. Se Deus fosse mal, não seria perfeito. E não seria Deus...

Eu não acredito em santos, nem em anjos. Eu acredito na igualdade dos seres.

Eu acredito que somente não somos iguais porque uns são mais preguiçosos que outros.
Eu acredito no futuro. Eu acredito na vida. Eu não tenho medo do que possa vir a acontecer. Mesmo se muitas desgraças assolarem a humanidade.

Aliás, eu até mesmo anseio o dia em que a humanidade prepotente e falida começar a colher os muitos séculos e séculos de egoísmo e orgulho.

E se eu sucumbir também?
Não tem problemas, se eu sucumbir é porque eu também mereço. À cada um segundo suas obras.

É engraçado, mas o ser humano tem o péssimo hábito de querer em tudo mandar, em tudo controlar, quer porque quer ser o máximo, a força mais poderosa e sábia do Universo. Quer até mesmo ditar o que Deus é e o que gosta, o que é bom e o que é ruim.

Pena que o tempo passa e com o tempo também mudam os conceitos humanos e aquilo que para muitos era tido como vontade de Deus passa a ser apenas a expressão birrenta de um menino mimado.

Aliás a humanidade é exatamente isso, um bando de moleque mimado, ranhento, birrento e todo sujo de merda sem capacidade de limpar suas próprias fraldas.

Mas as pessoas de fé acreditam que algum milagre irá acontecer e quem sabe assim a humanidade se regenere....

Milagre???? Eu não acredito em milagres.

Eu acredito que um dia nós aprendamos, eu acredito que um dia a humanidade chegue a idade adulta. Pelo seu próprio esforço, pelo seu próprio trabalho e pelo seu próprio mérito. Nem que pra isso nós tenhamos que sofrer muitos castigos e tomar muitas palmadas.

Não é feitiçaria, é tecnologia!

21.11.05

Dias Dificeis

Eu ultimamente ando me perguntando se realmente vale a pena lutar tanto para colocar na cabeça de pretensos profissionais da área de ilustração algum juízo, sendo que eu já cansei de ver muitos desses mesmos "pretensos profissionais" empacamentos e birras, do tipo batendo o pé, esperneando e tudo mais porque querem de qualquer jeito, a qualquer custo, ganhar o seu, defender o seu sustento, não querem estudar, não querem se desenvolver, não querem se preparar para atuar no mercado ne maneira mais completa, mais eficiente, com mais consciência do seu papel e da sua utilidade, com um trabalho mais consitente, mais forte e que dê mais retorno, e que dessa maneira faça de você um profissional com mais poder de negociação.

Qualquer um sabe que a nossa época é difícil, que é desumano passar por tantas privações e quanto precisamos ter paciência para chegarmos ao nível profissional ideal para que, somente depois disso tudo, se comece a atuar profissionalemtne no mercado.
Acontece que quando o iniciante olha somente o seu lado e não vê o todo, não encherga que aquilo que pode resolver uma necessidade imediata tem grande chance de se transformar numa ameaça para o seu próprio futuro profissional. E de quebra acaba com o futuro profissional dos seus colegas de profissão.

Um ilustrador tem uma carreira muito longa se comparado à um Diretor de Arte, por exemplo, com a vantagem de que quanto mais tempo de profissão o ilustrador tiver, maior aprimoramento técnico ele terá e melhor será o seu trabalho. Acontece que toda essa bagagem de primor técnico e conhecimento artístico tem um valor, que vai muito além da sua simples condição momentânea. Um trabalho de ilustração vale pelo estudo de anos e anos, pelo treinamento que o ilustrador teve durante muito tempo, chegando quase a exaustão para se conseguir chegar nesse graus de qualidade, pelos curso feitos, pelos materiais trabalhados e pelo domínio que o ilustrador tem desses mesmos materiais.

Quem compra uma ilustração, compra junto uma história, uma formação, um ideal, um universo que permitiu que essa mesma ilustração pudesse hoje ser feita e que a insere no contexto geral de todas as outras ilustrações que existem como algo único exclusivo e de valor técnico e artístico.

Quando o ilustrador opta por simplesmente cobrar aquele dinheirinho que no final do mês vai dar pra pagar as suas contas e acabou, ele rompe todo um processo que gera um círculo virtuoso no mercado de ilustração. O ilustrador não tem como bancar pra si mesmo mais estudo, mais pesquisa, melhores instrumentos de trabalhos e ferramentas de melhor qualidade e mais atualizadas, Esse mesmo ilustrador está acabando com a possibilidade de poder ter um estagiário ou assistente que possa aprender decentemente todos os caminhos das pedras e ter maior consciência do mercado e do universo de ilustração pela convivência de um profissional que no futuro será um colega de profissão pronto pra unir forças com você, e não mais um concorrente querendo derrubar o restante da concorrência.

Quando um ilustrador não consegue nem ter um assistente de tão pouco que cobra por seu trabalho, está deixando de orientar um aspirante a ilustrador. Esse aspirante, não vai ter como saber exatamente o que deve desenvolver no seu trabalho para ser um ilustrador melhor, não vai saber qual tipo de estilo e qual tipo de linguagem é melhor indicada para dar o melhor resultado para cada tipo de trabalho, não vai saber quanto vale o seu trabalho, não vai saber como negociar, como abordar um cliente e como agir mediante o mercado e como ser um profissional ético que saiba concorrer no mercado com os demais profissionais sem prejudicar o mercado e a si próprio.

Na verdade, esse aspirante a ilustrador vai ficar mais perdido do que cego em tiroteio. Vai ficar a mercê de qualquer "cliente bonzinho que adora dar uma chance pra que tá começado". Sem contar que esse mesmo aspirante pode, pelo fato de não ter recebido atenção do ilustrador profissional, se transformar em um inimigo de profissão, com vontade de derrubar o seu "desafeto" pelo seu comportamento pouco amistoso de início. Agora, imaginem esse mesmo novato inimigo, tendo em sua atitude profissional a condição de "castigar" o seu antigo desafeto. Qual poderia ser a sua atitude de desforra? Pode ser desvalorizar o estilo do tal sujeito perante os seus clientes mais próximos, prejudicando de quebra outro profissionais com o mesmo tipo de trabalho, ou cobrando mais barato pra passar por cima do seu desafeto atravéz do preço e contribuindo para que o mercado que já não está nem um pouco bom fique pior ainda.

Será que as pessoas não raciocinam? Será que as pessoas são incapazes de prever as conseqüências de seus atos? Toda a vez que eu argumento com outros profissionais a respeito desses problemas eu costumo ver colegas que simplesmente não conseguem compreender essas possíveis conseqüências, outros me ouvem com aquela expressão de quem simplesmente não acreditam em nada disso. Outros, por sua vez até percebem lógica, mas me respondem com a desculpa de que não são assim tão idealistas ou que não são assim tão preocupados com as conseqüências de seus atos.

Eu, sinceramente, começo a acreditar que a humanidade não tem jeito. E tudo isso porque muitos simplesmente preferem pensar em si próprios. Se esquecem que ao se pensar em todos você mesmo se inclui e se beneficia com seus atos, com o diferencial que também beneficia outras pessoas. Existem clientes igualmente irresponsáveis que querem por toda lei tirar o máximo de lucro com o mínimo de gasto para profissionais especializados, como é o caso dos ilustradores. Estão matando a sua galinha dos ovos de ouro. Isso já acontece atualmente no mercado editorial, e se não houver consciência, também irá acontecer no mercado publicitário.

Eu sei que que muita gente pode ler esse texto e me achar uma espécie de profeta catastrófico, agente do apocalipse do mercado de ilustração. Pode achar que na verdade eu sou exagerado, mesmo. A verdade não é nada disso, a verdade é que cada um de nós que fazemos parte do mercado que envolve ilustração é responsável pelo futuro da ilustração no mercado, como instrumento útil e artístico dos meios de comunicação, como ponte indispensável de comunicar um conceito, uma ideía ou um produto para o público geral. Todos temos responsabilidade no resultado geral.

Acontece que atualmente os próprios ilustradores tem em suas mãos a condição de regenerar o mercado com suas atitudes ou afundar o mercado de vez.

Um exemplo claro disso tudo é o que acontece no mercado editorial. Pagam mal? Pagam! Então o que a gente faz? Nada. Absolutamente nada. Não trabalha pra eles. No dia que alguma editora me chamar pra fazer um trabalho, ou paga o que o trabalho vale, ou vai ter um trabalho que valha o que eles pagam e pronto!

Eu já vi Editor de Arte com a cara de pau de pedir publicamente que se a gente quiser ganhar melhor, que a gente se esforce para fazer trabalhos cada vez com mais qualidade, com mais detalhes para vender mais livros e aí, quem sabe as editoras remunerem melhor os ilustradores.

No dia que só aceitar trabalhar pelo salário de miséria do mercado editorial ilustrador chumbrega que não é capaz de acrescentar nenhuma qualidade ao produto final porque os profissionais bons simplesmente não aceitam trabalhar pelos valores ridículos do mercado editorial, aí, as editoras vão começar a arranjar verba rapidinho. E do nada!

O importante é os ilustradores se esforçarem para que a profissão seja regulamentada, reconhecida, que tenha uma formação própria e direcionada, que haja uma ordem capaz de orientar os profissionais e os iniciantes, ter profissionais responsáveis com o mercado e com os profissionais. Dessa forma poderemos forçar o mercado a se adaptar a profissionais mais capacitados de maneira mais natural, poderemos com o tempo também transmitir ao público em geral uma consciência maior de quem somos, do que fazemos e da importância do que fazemos.

Vamos, todos nós, procuremos nos esforçar, procuremos fazer, tentar para conseguir. Só assim nós iremos virar o jogo, que atualmente não tem vencedores, só perdedores.

8.11.05

Resposta para a mensagem de uma amiga

Outro dia, uma amiga, me havia perguntado por email como haiva sido o meu começo como ilustrador.

A resposta que eu enviei, eu reproduzo agora na íntegra, pois acredito que seja de conteúdo importante para as pessoas que queiram seguir uma carreira. não importa se como ilustrador ou não.

Segue abaixo a mensagem:

Olá *****, desculpa a demora, essa semana anda corrida e eu quase não consegui te responder.

Eu trabalho a mais ou menos quinze anos como ilustrador, vim de Sorocaba pra cá com uma mala na mão e um colchão enrolado nas costas tentar a sorte. Meu primeiro emprego foi numa produtora de vídeo, eu fiquei lá uns seis meses e depois perdi o emprego. Foi uma das fases difíceis da minha vida, eu fiquei mais de um ano desempregado.

Depois dessa época eu entrei na MacCann Erickson e lá eu fiquei por quase cinco anos. Foi aonde eu aprendi a ser ilustrador de verdade, fiz muitas amizades e aprendi muito mesmo.

Aí eu amarguei um período sem emprego que eu custei pra aceitar que deveria trabalhar como freelancer. Nessa época eu fiquei uns dois anos me revezando de momentos com trabalho e momentos sem coisa nenhuma. Tanto nessa fase, quanto na primeira vez eu cheguei a passar fome, mas dessa vez era mais difícil, porque eu já tinha algumas contas pra pagar e me endividei muito. Mas eu não sei porque cargas d'água eu ainda insistia em continuar. Eu acredito que qualquer pessoa nas minhas condições já teria entregado os pontos...

Foi nessa época que eu comecei a me envolver com trabalhos pra Internet, eu peguei justamente o Boom do mercado de internet, fiz muita coisa e fiz muitos amigos nesse meio. Atualmente muitos desses meus amigos são donos ou diretores de produtoras de internet.

Infelismente depois que esse a bolha do mercado de Internet estourou, eu percebi que se continuasse nessa área, eu iria acabar com muitas dificuldades pra me manter. Então, depois de dois anos que eu não mais havia trabalhado com ilustração resolvi partir pro tudo ou nada.

Graças à Deus eu tive sorte e logo depois de um mês eu estava contratado na Carillo Pastore, que na época era a quinta maior agência do país, só que eu não cheguei a ficar nem seis meses lá.

Depois de tudo isso, eu resolvi me assumir como freelancer e desde então venho conseguindo me manter com meu trabalho, sem muitas ambições, mas com responsabilidade no trabalho.

Ainda mais hoje, com o meu trabalho mediúnico de pintura, eu começo a entender porque eu nunca desistia. Talvez isso era pra acontecer, talvez eu tivesse que com todas as dificuldades me burilar, me reformar para que um dia eu pudesse fazer o que eu faço.

Hoje em dia eu acredito que conseguir é questão de antes de mais nada persistir e jamais desistir. Todas as pessoas que eu conheço e que conseguiram alguma coisa, somente conseguiram porque continuaram, mesmo nos momentos mais difíceis da vida. Existem muitas pessoas que me conheceram nos meus momentos de vacas magras que ao me verem hoje em dia custam acreditar que depois de tantos problemas, tudo passou e enfim, eu consegui.

A única coisa capaz de manter um homem vivo, é a capacidade de sonhar. Não deixe os sonhos para trás, continue, persista, insista, tenha fé e confie. Não há conquista sem esforço, e por mais que o esforço seja duro e custoso, a recompensa sempre vale a pena. Hoje eu sou muito agradecido a Deus por tudo que eu já passei, bom ou ruim, todas as dores, todas as provações fazem de mim a pessoa que atualmente eu consigo ser. E eu espero, sinceramente, poder sempre melhorar a mim mesmo, corrigir os meus defeitos para que jamais eu volte a precisar sofrer privações para merecer uma vida melhor.

Chega um momento na vida da gente que muito da nossa ambição de outrora se transforma em aceitação. Aí a gente começa somente a desejar aquilo que de bom podemos ter ou dar, sem nada mais. Então tudo meio que se transforma a nossa volta. Aquelas coisas que sempre quisemos e que antes pareciam tão difíceis de conseguir começam a se tornar realidade. Tudo isso só porque não mais desejamos, mas porque aceitamos, e começamos e compreender que tudo que nos é dado nos traz sempre uma grande responsabilidade.

Espero um dia poder passar um pouco da minha experiência pras pessoas, para que elas aprendam sem ter que sentir na pele todas as provações que eu senti, para que consigam sem sofrer tanto. Se um dia eu consegui aplainar o caminho de outras pessoas, eu posso me dar por satisfeito.

[]'s
Flavio Roberto Mota

Ilustrador
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http://www.flaviomota.com.br
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ICQ 61641833
AIM flaviormota
MSN flaviormota@hotmail.com

26.10.05

Ensaio sobre a Verdade

Hoje eu me dei ao trabalho de perder algumas horas pra compreender o que acontece com as pessoas ditas "esclarecidas". A maioria se julga detentora da verdade absoluta e faz questão de tratar aos demais como imbecis.

Como se o fato ser saber a verdade desse à essas pessoas o direito de tratar todo mundo como se fossem idiotas. Eu, sinceramente, duvido muito que a verdade esteja assim tão intimamente ligada à arrogância e a prepotência. Me parece que as pessoas aos adquirirem algum conhecimento acabam na mesma medida perdendo a educação.

Foi então que eu tive uma sacada. Dessas coisas que "vem" e faz com que a gente de repente adquira uma dose de bom senso, coisa que anda raro de acontecer nos dias de hoje.

Eu, de repente compreendi uma coisa: o verdade, é meio que uma entidade, não é uma propriedade.
Ninguém a detém, apenas a conhece, e como não a tem, não a adapta ao seu gosto pessoal. Quando a conhecemos, nos libertamos de nosso próprio julgo, deixando também de julgar aos que ainda não a conhecem.

Porque a verdade não se descobre, não se dá e não se rouba. É uma coisa que não está escondida, está no mundo, à vista de todos nós, ao alcance de todos. mas não a vemos, não a tocamos, não a vislumbramos.

E porque isso?
Simplesmente porque a verdade somente chega para nós se nos esforçarmos para merecê-la. Se evoluirmos, se estudarmos e trabalharmos para começar a senti-la.

Outra coisa que acontece conosco quando a conhecemos é compreendermos aqueles que ainda não a possuem, pois percebemos nos erros dos outros o reflexo que nós mesmos um dia cometemos na nossa busca incansável pela verdade. E ainda mais: percebemos que esses que ainda não têm ciência da verdade, que um dia irão compreender e ver o que hoje ainda não vêem e não compreendem.

Percebemos que cada um compreende aquilo que tem capacidade para compreender. E não os tratamos como se fossem imbecis e nem brigamos ou forçamos para que eles compreendam aquilo que não conseguem. Adquirimos serenidade e plenitude.

Também compreendemos Deus na sua infinita superioridade e percebemos que toda definição humana de Deus não passa de mera brincadeira de criança mimada.

Perdemos os nossos medos, perdemos a nossa pressa, perdemos nosso mal humor, perdemos os nossos sonhos, perdemos as nossa aspirações. Apenas vivemos o todo, estamos em sintonia com o Universo a nossa volta, não precisamos conquistar mais nada. Começamos a sentir que nós não "temos", mas que nós "somos".

A único conselho que podemos dar quando conhecemos a verdade, é que não tenha pressa, não brigue, não se coloque acima de ninguém e não se encoste. Apenas, viva, ame e trabalhe. Um dia a verdade chegará ao seu conhecimento.

28.9.05

Links de Ilustração

Alô turma, pra compensar o tempo que eu fiquei sem postar nada, estou enviando uma lista de sites de Ilustradores e outros sites relacionados à Ilustração.

Ilustradores

http://www.montalvomachado.com.br/
http://www.jlbenicio.com.br/
http://www.catani.com.br/
http://www.rosso.com.br/
http://50.sites.uol.com.br/
http://www.shuman.com.br/
http://www.jean-cris.com.br/
http://www.ailhadoceu.com.br/
http://www.wilsoncara.com.br/
http://www.tuco.art.br/
http://www.ziraldo.com.br/
http://www.nelves.com/
http://www.popcultureshock.com/timm/
http://www.achillesuperbi.it/
http://www.alexrossart.com/
http://www.billsienkiewicz.com/
http://www.jamesjean.com/
http://www.kentwilliams.com/
http://www.bobpeak.com/
http://www.frazettaartgallery.com/
http://www.neilgaiman.com/
http://www.milomanara.it/
http://www.crepax.it/
http://www.insidemoebius.com/
http://www.ncwyeth.com/

Relacionados ao Tema

http://www.sib.org.br/
http://www.herrderringe-net.de/kalender/kalender.php3
http://www.illustratorspartnership.org/
http://www.desenholivre.com.br/
http://www.gag.org/
http://www.illustratorworld.com/
http://www.societyillustrators.org/
http://www.illustrator.org.uk/
http://www.bono.no/
http://www.illustrationweb.com/
http://www.theaoi.com/
http://orla.fotoblog.uol.com.br/
http://www.theispot.com/
http://www.illustration-house.com/
http://www.bpib.com/illustra.htm
http://theillustrationconference.org/
http://www.illustrationacademy.com/

Bom Divertimento!

21.9.05

Desarmamento?!?

Um amigo meu me postou uma mensagem que eu já vi muita gente enviando a respeito do projeto de desarmamento.
A mensagem é a seguinte:

Para Refletir.
 
Pra quem não tem arma:
Em Outubro haverá um plebiscito onde você deverá votar (voto obrigatório)
sobre a proibição da venda e comercialização de armas e munições pelo
cidadão brasileiro.
Na prática, será definido se O CIDADÃO BRASILEIRO TERÁ DIREITO À LEGÍTIMA
DEFESA.

Você não tem armas. OK
Você jamais usaria uma arma para atirar em alguém. OK
Você acha perigoso e não quer uma arma em sua casa. OK
Você não pretende ter armas. OK

MAS VAMOS IMAGINAR UMA SITUAÇÃO COMUM EM NOSSAS CIDADES HOJE:
Você vai concordar comigo que no caso de um marginal invadir sua casa no
meio da noite e começar a arrombar sua porta, você ficaria muito feliz que a
policia chegasse imediatamente e o prendesse. Concorda?

Você vai concordar comigo que a policia não tem condições de fato hoje de
atender à todos os chamados e ocorrências no tempo desejado. Concorda?
Você vai concordar comigo que, em geral, a policia chega DEPOIS de o assalto
acontecer. Concorda?

Você concorda comigo que, num caso como este, seu instinto seria de correr
para uma janela a chamar por socorro. Concorda?

Agora lhe pergunto: SE A POSSE DE ARMAS FOR PROIBIDA. DE QUE VAI ADIANTAR
VOCÊ GRITAR POR AJUDA ? NENHUM DE SEUS VIZINHOS PODERÁ LHE AJUDAR!
(presumindo que todos são gente de bem e cumpridoras da lei).
E O BANDIDO SABERÁ DISTO!!!

Agora imagine alguém seguindo sua filha à caminho da faculdade.
Imagine um maníaco a atacando e jogando-a em um terreno baldio. Imagine sua
filha gritando por socorro. E agora, imagine que NINGUEM poderá ajudá-la! (a
não ser telefonar para o 190 e aguardar... aguardar...)
E O BANDIDO SABERÁ DISTO!!!
Sua ÚNICA alternativa será deixar sua família à mercê de bandidos,
estupradores e assassinos enquanto espera pela policia.

O PROBLEMA NÃO É VOCÊ NÃO TER ARMAS, MAS OS CRIMINOSOS SABEREM QUE NINGUÉM
TEM!
Mesmo que você não queira ter armas, ache-as perigosas e tenha receio de
tê-las em casa.

VOCÊ VAI CONCORDAR COMIGO DE QUE É MELHOR QUE OS BANDIDOS NÃO SAIBAM DISSO!
Para ilustrar melhor: Se você realmente é à favor do
desarmamento, antecipe-se e coloque o cartaz abaixo no seu portão.
Cole-o na portaria de seu prédio, fábrica, casa de campo, vidro do carro.
EU SOU DA PAZ NESTA CASA NÃO EXISTEM ARMAS! Não vou reagir.
PARE! PENSE! Você realmente vai querer depender unicamente da ação da
policia como ela é hoje?

PARE! PENSE! Não é estranho que os deputados e senadores que promovem o
desarmamento NÃO SERÃO OBRIGADOS A SE DESARMAR?
Eles aprovaram um texto que permite a eles continuar com suas armas. Ou
seja: A vida da família deles é mais importante que a vida de sua família.
Você concorda com isso????

VOTE NÃO! VOTE NÃO AO DESARMAMENTO DO CIDADÃO DE BEM!
Vamos exigir que a policia tenha condições de trabalho!
Vamos exigir critérios rigorosos para a aquisição e uso das armas!
Vamos exigir exames constantes dos candidatos à compra de armas!
Mas proibir o cidadão de bem de se proteger, enquanto a policia não recebe
condições para fazê-lo, é absurdo!


Pois é. Eu andei refletindo a resolvi mandar uma mensagem para esse meu amigo:

Luis, até você...

Não percebeu que não é o fato de você está armado ou não que impede que você seja assaltado?

O que faz com que os bandidos se apliquem em cometer seus crimes com maior audácia é o sentimento de que eles não serão punidos pelo poder instituído.

Quem tem que andar armado é a polícia, não somos nós. O sistema é que precisa funcionar para que os criminosos sejam punidos, e não as pessoas precisam fazer justiça com suas próprias mãos. Se isso acontecer nós estaremos retrocedendo no tempo, voltando à idade média.

De repente eu vejo muitas pessoas justificando como normal a liberdade legal que cada um tem de poder matar outra pessoa para se defender, isso é igual a quem acredita que uma mulher tem o direito de abortar para preservar a autonomia sobre o seu próprio corpo. Nunca a violência é justificável para defender qualquer coisa, muito menos para defender de outra violência. Se fosse assim o extermínio de judeus na Segunda Guerra seria justificável, o genocídio na Bósnia e nos países africanos em Guerra Civil também.

Se fosse assim, então seria uma ótima idéia exterminar as crianças de rua, os marginais, os sem teto, os sem terra, os desempregados, os ladrões, as prostitutas, os aposentados, os deficientes físicos, os deficientes mentais e os doentes sem cura.

Me parece que esse ponto de vista carece de um pequeno detalhe: Caridade.

A mesma caridade que recomenda a quem tem uma condição financeira melhor não ostente mediante os menos afortunados, se as pessoas agissem dessa maneira, muitos assaltos, seqüestros, roubos seguidos de morte e outras demonstrações menores de inveja seriam evitadas.

Diminuir a nossa luz perante os que sofrem é um ato de caridade que até os espíritos elevados fazem quando estão em contato com os irmãos sofredores, não humilhar pessoas menos abastadas com demonstrações públicas de requesta, inteligência ou cultura também é uma forma de caridade, pois evita que os menores se sintam humilhados e fiquem revoltados.

Talvez ter uma arma em casa seja mais fácil e simples do que nos modificar, só que ao invés de resolver um problema, pode criar outros mais.
[]'s
Flavio Roberto Mota

Ilustrador
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6.9.05

Ilustração Tapa Buraco

Quem nunca teve alguma experiência com clientes que procuram um ilustrador para fazer um trabalho porque eles não tem verba para usarem foto? Na minha opinião nenhum ilustrador deve pegar um trabalho assim. E se pegar está contribuindo para o agravamento de toda a problemática que já existe no universo da aplicação da ilustração no mercado.

Mesmo porque o cliente não quer uma ilustração, ele quer foto. Ao pegar esse trabalho você dá ao cliente a noção cada vez mais forte de que ilustração é tapa buraco e algo incômodo, do tipo "dos males o menor".

Outra coisa, uma ilustração TEM que servir para ajudar o cliente a ganhar mais dinheiro, TEM que dar retorno. Se não der retorno, então o responsável é você que ilustra, pois você é mal sucedido e não é competente. Isso independente de um ilustrador desenhar bem ou não, ter técnica ou não.
Ilustração agrega valor ao produto, e o valor cobrado pelo ilustrador é compatível com o valor a ser agregado. Se o cliente não tem dinheiro para a ilustração, então ele terá a eficácia que a verba dele permitir.

Ninguém pede uma ilustração somente porque gosta de desenho ou pra fazer caridade pra ilustrador. É negócio, Business! É investimento.
Se o "ilustrador" não conhece o emprego comercial do que faz, ou acha que ilustração é um paliativo sem importância, ou acha que o cliente que te pedir um trabalho pede porque gosta de desenho ou pede pra fazer caridade pra você, não é profissional. Ou melhor, o ilustrador que pensa assim é um perigo para a profissão, é um cara que acaba com a profissão, é um cara despreparado e que deve voltar a lavar pincel em estudio de ilustrador de verdade.

21.7.05

Quando um ilustrador passa a ser profissional?

Quando tem domínio de várias técnicas e estilos, a ponto de poder suprir a necessidade dos clientes.

Quando se torna responsável o suficiente para vestir a camisa dos seus clientes e transmitir a eles a segurança necessária.

Quando aprende a cobrar valores justos ao invés de fazer trabalho na faixa ou em troca de mais trabalho, quando aprende o valor do seu trabalho.

Quando começa a fazer questão de qualidade no seu trabalho e quando percebe que somente com material de qualidade se faz um bom trabalho.

Quando abre empresa própria, paga imposto, emite nota e se regulariza fiscalmente.

Quando começa a encarar o desenho como profissão séria, se torna ilustrador.

Quando aprende a ter ética com relação aos seus companheiros de profissão, sem derrubá-los com concorrência desleal.

6.7.05

Ser Ilustrador, questao de talento ou de estudo?

Quando eu estudava desenho, no finalzinho dos anos 80, comecinho dos anos 90. Eu fazia parte de um grupo de mais de dez carinhas que se matavam de tanto desenhar.
Acontece que eu não era, nem de longe o mais talentoso e nem o melhor de todos, haviam outros alunos muuuito melhores do que eu, caras que só precisavam de um empurrãozinho. Infelismente os mais talentosos, que percebiam que pra eles tudo era mais fácil, eram também os mais preguiçosos.

Eu me lembro de um episódio que a gente um dia conseguiu um única ficha de inscrição para um desses Salões de Humor. Resolvemos preencher a ficha juntos. Todos os caras. Quadriculamos o papel para que em cada uma delas, um carinha fizesse o seu desenho. Eu me lembro que a uma certa altura do negócio, um dos outros alunos de desenho falou: Pô, Flávio! Você leva isso muito a sério! Desencana meu! Logo depois houve uma chiadeira geral, todos concordavam com isso.... Como eu não era nem de longe o melhor da turma, eu logo fui taxado de errado. Eu era o cara que não levava a coisa na brincadeira, de certa forma eu era o chato da turma.

E os caras talentosos não estudavam, não tinham paciência para corrigir os fundamentos de desenho, tinham preguiça de preparar seus trabalhos para as exposicões que eram organizadas, não gostavam de ajudar os novatos, não queriam limpar pincel dos mais experientes. Eles queriam ser tratados iguais ao melhores, mas não tinham humildade suficiente para traçar a mesma trajetória dos mais experientes.

Com o tempo, foram brigando com o professor, foram brigando com os alunos que preferiam estudar e praticar mais, chamavam os caras de caxias, baba ovo e por aí afora. Só que os caras que eram pacientes, estudavam, treinavam, ajudavam os novatos, limpavam os pincéis dos mais experientes, foram aos poucos se aprimorando, aprendendo com os que estavam acima deles e com o professor, e, ao passo de dois ou três anos estavam com o traço tão bom ou até mesmo melhor do que os tais alunos talentosos. Aí aconteceu outra peneira: quem quer se enfiar de cara no mercado de trabalho? A maioria sempre quis vida boa, no interior, ninguém quis arriscar e apostar em São Paulo, só o chato aqui.

Atualmente dessa galera de mais de dez alunos somente eu e outros três trabalhamos com ilustração, sendo que esses três ainda estão no interior, com medo de arriscar, meio que não levando a coisa a sério ainda, e o resto...

28.6.05

Sobre Aborto

Agora pela manhã, eu estava dando uma fuçada no Orkut.
De repente eu vi uma comunidade que se chama "O aborto NÃO deveria ser considerado crime".
Essa comunidade é uma coisa estranha, são pessoas com característica quase fanática defendendo a criminalização contra pessoas com características igualmente quase fanática defendendo a legalização do aborto.

Eu, sinceramente acho isso, um absurdo. Pessoas discutindo friamente se alguém pode viver ou não! Sendo que quem geralmente discute se essa pessoa deve viver ou não é a própira mãe da suposta pessoa.
E para o meu espanto o time dos defensores do aborto é formado por mulheres! As mulhers querem ter o direito de abortarem. Por inúmeros motivos, porque não querem criar uma criança e nem abandonar, preferem matar seus futuros filhos ao invés de evitar fazê-los.

Pior ainda, algumas mulheres preferem matar seur futuros filhos simplesmente por que não querem passar por uma experiência que estrague seu corpo! Isso é doente, nojento! Às vezes você se depara com gente que mata o outro por dinheiro, por poder, mas matar o próprio filho só pra continuar "gostosa" é muita violência por pouco motivo.
No intuito de fazer com que algumas pessoas possam fazer um exame de consciência eu postei nessa comunidade a mensagem que eu reproduzo abaixo:

Como alguém pode saber com certeza quando uma vida se inicia?
Qual é o real motivo de se lagalizar o aborto?
Só pra preservar um corpo bonito?
Só pra não ter que ser obrigado a casar com quem não ama?
Só pra não ser obrigado a criar uma criança indesejada?

Pensem um pouco gente! Uma relação sexual precisa antes de mais nada ser feita com responsabilidade, e, de preferência, com amor.Aliás deveria ser um complemento do amor. Tudo bem, se de repente alguém agiu no impulso, então se previna. Existem muitos métodos anticomcepcionais que server para isso, pílula, camisinha...
Se mesmo com tudo isso, vocês ainda querem abortar, tudo bem. Vão em frente! Lembrem-se que isso pode significar assasssinato. Uma mãe assassinando o seu próprio filho!

E por quê? Porque não quer estragar o corpo? Por que não quer criar uma criança? Pensem bem. Isso é monstruoso!
Vocês afirmam que enquanto o feto não tiver cérebro, não está vivo e pode ser abortado, ou então que se houver má formação no feto, ele deveria ser abortado.
Então me respondam:

-Você acredita que uma pessoa com paralisia cerebral deveria ser assassinada?

-Você acredita que uma pessoa com algum tipo de deficiência mental deveria ser assassinada?

- Ou qualquer pessoa com qualquer tipo de deficiência, física ou mental deveria ser assassinada?

- Você acha que as crianças de rua deveriam ser assassinadas?

- Você acha que uma violência, como um estupro, é motivo mais do que suficiente para se matar uma criança que está pra nascer, sendo que esta mesma criança não tem culpa e nem responsabilidade, muito menos tem como se defender?

- Se você já tem filho, imagine a possibilidade de você mesmo assassiná-lo.

Ao meu ponto de vista, o recurso de abortar uma criança é algo que pra ser feito precisa muito de seriedade e de responsabilidade. Ninguém será capaz de impedir um aborto de quem está disposto à praticá-lo.
Mas entre a opção de vida mesmo com problemas e uma morte pra se resolver (nem que seja só aparentemente) os problemas, eu ainda opto pela primeira.

27.6.05

Mais algumas observações a respeito de ilustradores e seu mercado

O texto que vocês poderão ler abaixo é um resumo (e olha que enorme) das observações que eu já a muito tempo andei fazendo quanto aos problemas relativos ao mercado de ilustração e o procedimento dos ilustradores. Foi postada no Ilustrasite no dia quinze de junho.


1) O mercado de ilustração tem um gargalo horroroso, praticamente só existem dois tipos de clientes: Agências e Editoras. Tudo bem também existem produtoras de vídeo, de animação de web, indústrias, mas o que eu percebo que quando a gente chega pra uma pessoa comum, ninguém sabe o que é ilustração. Pode parecer besteira, mas a ilustração sofre um gargalo imenso por falta de demanda. Exite mercado para história em quadrinho no Brasil? Não. É só meia dúzia. Existe mercado para animação no Brasil? Não. Eu estou falando em termos de consumidor final, povão, gente comum.

Se você tem uma banda, toca gutarra, baixo, bateria, ou se você for ator, mímico, humorista, qualquer um por aí vai saber o que você faz. Pode até achar meio estranho o que você faz, mas sabe. Quando você chega pra alguém, que te pergunta a sua profissão e você responde, geralmente o que você houve é um sonoro: O quê é isso? Lustrador? Ahh, ilustrador.... E ilustrador faz o quê? Nossa! Eu não sabia que isso era profissão! Legal né, desenhar... Vejam que nós não somos conhecidos e a nossa profissão é ignorado por todos. Todo mundo pensa que esse tipo de coisa quem faz é Americano!


2) Por outro lado eu vejo que a ilustração de uma forma geral é extremamente bem vinda em qualquer meio; entre intelectuais é vista como algo diferente, uma coisa que acrescenta; entre o povo é algo que todos conseguem entender e gostar. Então porque o povo não consome mais ilustração? Porque os ilustradores não se mostram pro povo! É verdade! Todo mundo quer mostrar seu trabalho em agência de propaganda pra pegar um filé bem suculento.

O cara vê o seu desenho mas não vê necessidade de utilizá-lo. A gente precisa gerar a necessidade de ilustração. A gente precisa se mostrar pras pessoas. O grande lance do IlustraBrasil é justamente o de poder oferecer pra qualquer pessoal que puser os pés no Senac da Rua Scipião uma pequena amostra do que é ilustração. A gente precisa de mais eventos assim, a gente precisa expor mais o nosso trabalho, em galerias ou museus (a minha parte pra isso eu ando fazendo), a gente também precisa expor em locais populares, em estações de metrô, escolas (já pensou a criançada numa escola babando pelos desenho de mestres como o Benício?), a gente precisa fazer eventos públicos, mostras com alguns de nós pintando desenhando. Já pensou, o que esse tipo de coisa não pode gerar? Muita gente vai começar a procurar por ilustração. Saber o que é ilustração. Nosso trabalho pode servir pra aproximar o público e conseqüentemente vai agregar muito mais valor ao noso trabalho profissional.


3) Um ilustrador é um empresário que trabalha com imagens, fazendo com que elas sirvam para resolver os problemas dos clientes. Não é só problema pequeno, é também problema grande. Qualquer tipo de problema. Pra cada problema, um custo diferente. Probleminha custa menos do que problemão, que custa menos do que problemasso! Tudo significa dinheiro, você se predispõe a resolver o problema do seu cliente e ele resolve o seu, que é grana! O cliente quer conversar tete à tete com você? Ok! Vai pra conta! O cliente quer que você ilustre lá mesmo? Ok, dindin no borso!

O cliente quer um trabalho pra amanhã? Belê, me paga o que eu peço que você vai ter o seu trabalho amanhã! Mas é assim, tudo vale grana! cada um sabe o quanto vale ir até o cliente, cada um sabe o quanto vale trabalhar no cliente, cada um sabe quanto vale varar a noite trabalhando. Ao invés de dizer não, diga sim, cobre por isso (cobre um valor que pague pelo descanso que depois você vai precisar), e se o cliente achar caro ou não faz, ou vai resolver o problema com mais prazo eu com um método de trabalho mais barato. O mais importante é que o cliente saiba que pode contar com você, que você dá conta do recado e se o cliente não quiser pagar, azar o dele! Sempre tem cliente com consciência!


4) Eu acho que existe uma relação íntima entre qualidade, prazo, e preço. Independente da utilização do seu trabalho. A gente tem que saber que um trabalho vai custar tanto se feito naquele estilo e com aquele prazo. Se o prazo diminuiu, então o preço aumenta, ou muda o estilo pra algo mais fácil de ser feito. Aumentou o prazo? Então a gente pode aprimorar mais o estilo do trabalho. Isso vai deixar o cliente muito satisfeito. Cliente satisfeito volta a te passar trabalho. O dinheiro é pouco? Então você vai precisar me dar um prazo bom, porque eu não vou poder ficar fazendo só esse trabalho e dispensar clientes que pagam bem...


5) Esse é meu estilo pronto e acabou! Esse é um erro que, pelo que eu já andei vendo por aí mata muitas das prováveis oportunidades de trabalhos com ilustração. Você imaginem um cliente que queira achar algum ilustrador pra estudar algum tipo de desenho meio diferente, uma coisa que o cara ainda não viu por aí, mas meio parecido com alguma coisa meio assim ou assado, aí o cliente vê que o seu trabalho é um pouco parecido com o que ele quer e te pede pra fazer alguns testes, sendo que ele vai utilizar aquele tipo de trabalho pra uma campanha enorme!

Se você falar que seu estilo é aquele e pronto, você é burro! Deixou de ter trabalho e dinheiro pra trocar o seu carrinho, fazer aquela reforma na casa, viajar ou juntar pro herdeiro que está por vir. Em contrapartida, aquele seu cliente vai pensar "Eu nunca mais vou cogitar fazer um trabalho com ilustração! Eles fcam tentando me empurrar um estilo que eu não quero! Bando de picareta" ...E olha que eu já vi isso acontecer.


6) Você, que tem seu estilo. é muderno, Tá na moda. Aí vem um cliente e te pede pra fazer uma ilustra que foge na sua linha de trabalho, em nada se parece com o que você faz. Aí você pra não perder o cliente diz pro cara: Esse estilo é muito antigo, faz um estilo mais muderno como o meu... Ou pior: Esse tipo de trabalho ninguém mais faz! Todo mundo que ilustrava assim já bateu as botas... Sinceramente!

Você não tem vergonha na cara??? Não percebe que se você faz isso, outro ilustrador que tenha outro estilo e que tem um cliente que queira fazer um trabalho que se encaixe exatamente com o tipo de trabalho que você faz, pode fazer com ele a mesma coisa que você fez com seu cliente? Resultado: não houve trabalho, nem pra você e nem pra ninguém! Se você não souber quem faz o tipo de ilustração que o seu cliente quer é melhor ser sincero e dizer que existe quem faça esse tipo de trabalho, só que você não conhece quem faça.


7) É preciso ter consciência no coletivo, antes de lutar para ter o meu espaço, todos precisamos lutar para termos o NOSSO espaço. Se o mercado for maior, poderá abrigar a todos, Já se continuar sendo essa coisinha em que todos se acotovelam fica quase impossível não haver rivalidades, e é justamente esse tipo de coisa que cada um de nós precisa observar.


9) Existem algumas considerações que devemos ter com relação aos clientes: nosso cliente não é nosso inimigo, se a gente começar a entender qualquer cliente como um inimigo em potencial, vale mais abrir mão do cliente. Devemos tratar nossos clientes como parceiros, sempre! Fornecedor e cliente precisam perceber que fazem parte de um cadeia produtiva, que essa cadeia precisa ter elos fortes, uma corrente com elos fortes não se rompe facilmente.

Se nossos clientes ainda não são cientes disso, cabe a nós mostrarmos esse ponto de vista. É importante haver sinergia entre cliente/fornecedor, se nós estivermos dispostos a atendê-los nas suas necessidade, eles começarão a ter disposição em te pagar o que você pede. Caso contrário, abra mão do cliente.


10)Seu preço é o seu preço, e você tem consciência do quanto vale o seu trabalho. É muito importante valorizar o trabalho pelo dinheiro e junto do trabalho colocar atenção e compromisso com o cliente. Ninguém precisar entrar em guerra com cliente que não quer pagar pelo valor justo. Nossa luta deve ser pautada pela qualidade e pelo equilíbrio de todos. Devemos nos cercar de garantias para que não sejamos enganados e explorados e devemos oferecer aos clientes essas mesmas garantias.



No final de tudo, me parece que essas notas podem ajudar alguma coisa. Se alguma coisa que eu escrevi acima afender alguém, peço desculpas antecipadamente. Minha intenção é de construir e ajudar, se não consegui fazer nem uma coisa e nem outra, é porque ainda me falta competência pra ser mais útil.
[]'s
Flavio Roberto Mota

25.6.05

Refexao

Nós vivemos uma época difícil.

Se bem que eu, sinceramente não acredito que houve algum outro momento na história de humanidade que pudesse ser melhor...
Acontece que hoje nós nos incomodamos mais com o problemas. Então nós de certa forma evoluímos. Se bem que isso não basta!
Pra quê vai servir eu evoluir a ponto de me sentir incomodado com os problemas do mundo, se eu estou cagando e andando pra todos eles? Se eu não me mecho pra modificar as coisas tais quais elas são?
A maioria de nós acha uma série de coisas erradas e fica brigando para que alguém faça alguma coisa, para que alguém conserte algo. Assim num dá! Aonde esse mundo vai parar?

Acontece que somos exatamente nós, que nos incomodamos com os problemas à nossa volta quem temos a obrigação de lutar para que todas as coisas que nos ecomodam mudem. O ser humano ainda não evoluiu o suficinete para ter vontade a ponto de tomar a iniciativa de lutar por um mundo melhor. Se a gente parar pra pensar, nós chegamos à conclusão de que o tanto que todos evoluímos, no fundo é quase nada.

Ainda é insuficiente pra mudar alguma coisa no mundo em que vivemos. Você já parou pra pensar por quê o mundo é tão imperfeito e injusto? Já procurou descubrir por quê existe tanto sofrimento mundo?

Eu já fiz isso. E cheguei à uma conclusão triste: o mundo é assim tão ruim porque nós fazemos o mundo ser ruim! A gente, ness de ficar somente olhando para o nosso rabo, ignorando todos à nossa volta, pensando somente no nosso único e exclusivo bem estar criamos um mundo aonde todos agem assim, ninguém dá nada pra ninguém. Aliás ninguém se importa com ninguém.

Quantas vezes você se preocupa com outra pessao que não seja seu parente ou Amigo? Você se preocupa com alguém que não seja você mesmo?
Se nós não nos esforçarmos pra deixar o nosso egoísmo um pouco de lado, talvez o mundo nunca mude. e quem vai mudar o mundo seremos nós, modificando a nós mesmos!
Enquanto somente tivermos olhos para os nossos problemas, os nossos contratempos, os nossos direitos, os nossos negócios, o nosso conforto, a nossa felicidade, existirão pessoas sofrendo por algum tipo de motivo, que aliás será criação nossa!

Até mesmo as doenças são, no fundo, criações nossas. Sào, na verdade, o esforço que o nosso corpo tem de estirpar pelo físico aquilo de ruim que semeamos no nosso íntimo. Só que nem sempre o nosso corpo é mais forta que as nossas imperfeições.

Pode parecer que esse texto seja somente um grande sermão. Na verdade não era pra ser! Eu gostaria de, na realidade, pedir ra cada um (eu me incluo nessa!) que faça um exame de consciência. Comece a perceber o que tem dentro de si que contribui para que esse mundo seja essa merda toda! Não precisa dizer nada pra ninguém, não precisa se culpar! Ninguém está em condições de apontar o dedo pra ninguém!

Só que eu gostaria que cada um de nós, depois de ver nosso erros, problemas e vícios; procurassemos nos esforçar para, sempre que percebermos que estamos repetindo esses erros, possamos deixar de cometê-los. No começo a gente nem vai conseguir fazer nada diferente, só vai perceber que fez merda depois que a merda estiver feita, mas, aos poucos, iremos perceber que estamos pra fazer alguma besteira e poderemos evitar os nossos erros. Aí, um dia, eu tenho certeza que todos nós não iremos mais pisar na bola.

Não custa nada tentar!

Sinceramente!

Fazendo uma análise séria, eu cheguei à conclusão que eu não vim pra esse mundo de férias.

Eu não vim pra cá pra ficar participando de festinhas e nem de baladas. Eu vim pra trabalhar.
Portanto, se vocês quiserem curtir uma balada, podem aproveitar à vontade, só me deixem trabalhar em paz...

22.6.05

Causo....

A um bom tempo atrás, uma agência havia me pedido pra fazer algumas manchas, mas queria ver meu desenho antes, e me ver desenhando antes.
Eu estranhei, pra quê tanta frescura?

Pois bem, quando cheguei na Agência eu compreendi o porquê.O Diretor de Criação me explicou que ele precisava ter ilustrado umas mulheres, bem ao estilo mulherão, só que estava encontrando um problema. Os "ilustradores" estava fazendo mulherões sim, bem gostosas, com peitão, bundão e cinturinha. Só que o problema era que aquilo mais parecia desenho de quadrinho americano, em nada se assemelha com mulher "de verdade", segundo a opinião do próprio cliente.

Pelo que eu vi, quem fez goza de uma certa notoriedade, porque todos na Agência estava acreditando piamente que ilustração como as que eles precisavam, ninguém mais fazia atualmente, era coisa de ilustrador que já morreu, coisa velha. Ou pelo menos alguém "evangelizou" a cabeça deles pra pensarem dessa forma. Já no traço eles perceberam que eu fazia exatamente o que eles queriam, um desenho com aparência de algo natural, real. Eu somente exliquei que esse tipo de trabalho de mancha, não é coisa de quadrinhos, está mais próximo de Impressionismo do que de HQ. Aí um Diretor de Arte me falou:
- Mas me disseram que esse tipo de coisa não se fazia mais....

Eu não sei quem falou isso, mas certamente esse tipo de informação passou na mão de algum "ilustrador", que não sabe fazer mancha, mas, que pra não perder a boquinha foi capaz de enfiar pela goela abaixo do cliente qualquer desculpa.
Olha a responsabilidade gente! Cada vez que um espertinho faz isso, ao invés de conquistar mais espaço no mercado, fecha portas não só para si, mas para todos os outros. Resumindo, é o velho espertão acabando com a sua profissão!

Se algum cliente te pede um tipo de trabalho que vc não faz, é muuuuuuuito melhor passar pra quem faz do que querer convencer que aquilo ninguém mais faz, estilo é estilo pronto e acabou, não adianta querer melar o entusiasmo do cliente. Isso faz com que o cliente perca o "tesão " de trabalhar com ilustração. Porque na cabeça do cara, ilutração só da dor de cabeça e não atende à minha necessidade, só dá uma adaptada, uma acochambrada, mas isso um Image Bank da vida também faz, e com muito mais praticidade.

Outra coisa, em Agência, fama conta, se um Zé mané com nome fizer um cacareco qualquer, tá pra lá de bom, se um Zé Mané desconhecido pintar o teto da capela sistina, coitadinho, pode até ser bem intencionado, mas não tá antenado na moda, sei lá, mil coisas...

13.6.05

...e nos EUA...

A revista americana Time denunciou em uma reportagem que o Governo Americano torturava os presos por suspeita de participação ao atentado de 11 de Setembro , acordando-os à força com água fria e músicas da cantora Christina Aguilera.
Olha, água fria é ruim mas até passa, agora, Christina Aguilera é coisa pra Anistia Internacional! Ninguém merece!

9.6.05

Mais uma analise profissional...

Tem gente que acha que pra se dar bem no mercado é preciso, antes de mais nada e acima de tudo ser um tremendo vendedor. Acreditando que somente tendo lábia, esperteza, marcando território e COMPRANDO o seu cliente você vai fazer com que você não precise fazer trabalhos à dez reau a baciada.
Eu já não concordo exatamente com essa idéia.

Eu me considero um péssimo vendedor, embora seja extrovertido. Vai de malícia, muitas vezes, o fato do carinha vender qualquer porcaria. Isso não só relacionado à ilustração, tem gente que percebe o que uma pessoa precisa e vende pelo preço que quiser. Tem gente que tem uma lábia incrível, é capaz de fazer com que um cliente acabe acreditando que precisa de uma coisa que não precisa. Uma vez eu vi um ilustrador que com sua lábia estava conseguindo convencer um editor a fazer uma revista para poder vender suas ilustras, só porque o seu estilo não se encaixava com a linha editorial da revista que o cara editava.

Também tem o lance do cara fazer um meio de campo bom, participando de festinha e oba-oba adoidado, dando presentinho, mandando email toda hora, ligando sempre pra querer saber se o cliente tá bem e por aí vai. Acontece que pra fazer isso é preciso ter uma boa dose de cara de pau, mesmo porque pode ser que essa tática dê resultado contrário ao esperado.

Se você quiser agir assim, vai precisar saber COMO agir assim, não basta simplesmente sair ligando pra contato, mandando espelhinho e cercando os caras. Se você não tiver simancol vai acabar passando por mala sem alça e adeus contato...
E aqueles que pagam bola, oferecem bola; um gorda porcentagem do valor a ser cobrado pelo trabalho para que consiga manter e conquistar o cliente? Esse conseguem geralmente fechar contratos maravilhosos, cobrar beeem. Dizem que argumentam e fazem com que o cliente se conscientize da sua argumentação. Tudo mentira! A única argumentação que vale é a da grana fácil e farta! Quem pega um cliente só porque o suborna, corre o risco de jamais pegar algum trabalho no dia que não puder pagar bola. Já quem não faz isso, pega um trabalho no mérito, único e verdadeiro. Esse é o verdadeiro profissional, esse é o cara que ensina o mercado a ter valor, e é esse o cara que eu espero um dia ser.

Pra mim, garantido mesmo é fazer um trabalho bom, negociar de maneira responsável, cumprir prazos, trabalhar com qualidade, procurar compreender as necessidades do cliente, não discutir, demonstrar profissionalismo, colocar limitas e regras, argumentando o porquê delas existirem; demonstrar que você quer é resolver o problema do cliente e não vender sua ilustração nem o seu estilo a qualquer custo, não fazer rolo com o cliente, entregar as artefinais com asseio, emitir nota fiscal própria com depósito em conta corrente no nome da empresa, demonstrando seriedade, praticidade e profissionalismo.

Se mesmo assim, o cliente preferir o sobrinho que faz um desenhinho no guardanapo de papel assoado, que só faz cacareco rabiscado de qualquer jeito sem nenhum profissionalismo, mas que cobra déz reau, então eles se merecem. Ninguém precisa perder tempo querendo reter cliente ruim.

2.6.05

Meu modo de criar

Depois de muito refletir à respeito do método de criação e execução de um trabalho, eu cheguei à uma conclusão.
Quando um trabalho é idealizado na mente do artista, ele simplesmente simplesmente capta a idéia, só que eu não sei de onde. Basta ver a qualidade e elevação da idéia, do trabalho e dá pra se ter uma idéia deonde ele vem. A idéia vem em sua cabeça já acabada, da forma como deve ser feita. Se você ainda tiver dificuldades de concentração, não poderá visualizar 100% como a obra deve ser feita, se você treinar sua concentração, poderá captar cada vez mais como o trabalho deve ser.

Daí por diante, basta você desenhar e finalizar o trabalho de acordo com o que foi idealizado na sua mente. Esse processo pode ser mais ou menos lento ou rápido conforme você tiver condições técnicas de finalizar o trabalho. Quando o trabalho está exatamente da maneira em que foi idealizado, o trabalho está terminado. Se você não tiver noção, vai passar do ponto e poderá estragar o trabalho, assim como se você ainda não chegou no ponto idealizado, o trabalho ainda não terminou. É simples. Ninguém vai saber se você terminou o trabalho ou não, só você, porque você é quem o idealizou. O que costumeiramente acontece é que a maioria das pessoas já tem idéias pré-concebidas de como um trabalho aparenta estar finalizado ou não. O mais curioso é que mesmo quando um trabalho é encomendado existe esse tipo de coisa. É como se o seu cliente houvesse captado a idéia de um lugar, e quando ele te passa a idéia, você entrasse em sintonia com essa "fonte" de onde a idéia se originou e pudesse transmití-la com fidelidade ao seu cliente.

Em alguns trabalhos esse processo poderá ser mais fácil do que em outros, mas sempre é de maneira próxima ao que eu descrevi, pelo menos pra mim. Aliás, é justamente por causa desse lance que eu percebo do ilustrador precisar saber se concentrar na idéia a ser feita que eu acredito que um ilustrador também deveria aprender a meditar.
A gente acaba se transformando numa espécie de antena que capata os mais variados pontos do Universo, essses pontgos podem ser bons ou ruins, com essa nossa "antena" nós podemos trasmitir idéias que construam ou que destruam. Por isso é também acredito que é muito importante haver responsabilidade com cada coisa que sai de nosso lápis, tudo o que fizermos é uma semente plantada, e se der maus fruto, seremos nós mesmos que o colheremos.

10.5.05

Atualmente

Me assusta o que o egoísmo é capaz de fazer. Tem gente capaz de destruir qualquer coisa que outra pessoa tenha simplesmente porque não tem aquilo.
Tem gente que é tão cego, que dentro da sua cegueira se acha no legítimo direito de explorar qualquer um. Tem gente capaz de brigar porque você simplesmente não permite que o cidadão te explore. Essa humanidadezinha terrestre de merda me decepciona...

27.4.05

Sobre o mercado de ilustracao

O mercado de ilustração está sofrendo um problema básico de excesso de oferta de profissionais.Isso pelo menos se levarmos em conta o mercado editorial, que aliás estásaturado de fornacedores, sendo que a maioria é de moleques sem formação. Se levarmos em conta a simples relação oferta-procura, vamos chegar à conclusão de que atualmente é impossível trabalhar por um valor decente simplesmente porque a oferta de profissionais é tão grande que os clientes se sentem confortáveis na posição de escolher quem cobra menos. E o resultado disso é que o ilustrador acaba precisando cada vez trabalhar mais para se sustentar e dessa maneira se oferece mais ao mercado....

Vamos supor que existam 600 ilustradores no mercado editorial, se o mercado lançar 600 livros por mês vai dar uma média de 1 livro para cada ilustrador fazer, isso sem levar em conta que o profissional precise fazer mais de um livro por mês pra se sustentar. Se a oferta de trabalho for condizente com a oferta de trabalhadores, pode-se no mínimo lutar para manter os valores. Se os ilustradores conseguissem fazer com que a oferta de profissionais fosse menor do que a de trabalho seria ótimo, pois obrigaria aos editores oferecerem vantagens para garantir o profissional no seu projeto.

Agora esse é um tipo de estratégia que precisa ser muito bem planejada, para não haver furos, porque se um profissional furar o sistema, vai tudo dar errado. Só que para isso seria preciso um órgão regulador da profissão que fosse sério e atuante. Será que ninguém lá pensa nesse tipo de coisa? Se pensa, porque não fazem nada? Porque será trabalhoso? Pra mim trabalhoso é ver os ilustradores se matando para pegar uma ilustração pra fazer e quando pegam o valor pago não dá nem pro cheiro.

Alguém precisa se organizar e trabalhar com estatísticas de quanto é a demanda de trabalho em ilustração, ter noção estatística de quantos ilustradores existem brigando pelo mercado, se não conseguir filiá-los todos, pelo menos  poder acompanhar seus passos para que sempre que algum deles se comporte profissionalmente de maneira a ameaçar o equilíbrio oferta-procura possa ser advertido e esclarescido e acima de tudo orientar aos seus associados algo que fosse pareciado à uma cota, ou seja um número tal de profissionais se oferecem a um numero tal de clientes durante um certo tempo, enquanto outros grupos de profissionais focam seus trabalhos em outros clientes, sendo que eles durante esse período não contatem os clientes reservados aos profissionais de outro grupo.

Depois desse período de tempo um grupo de profissionais passaría a contatar o grupo seguinte de clientes formando uma espécie de rodízio. Dessa maneira poderia haver um equilíbrio entre oferta e procura, conseqüentemente seria mais fácil negociar melhores condições de trabalho e valores mais justos, ainda garantiria a todos os profissionais que consigam contatar todos os possíveis clientes de maneira mais segura e eficaz.

Agora, o que não dá pra agüentar é essa bagunça de todo mundo querendo oferecer trabalho pra todos os clientes fazendo com que os clientes se sintam com poder para leiloar seus trabalhos pra quem der menos e fazendo com que cada vez mais os ilustradores se descabelem ao ver o valor do seu trabalho indo pro ralo...

Vejam Voces!

Uma vez eu e a minha esposa fizemos uma simulação de uma loja, que se tivesse uma margem de lucro de 30% e vendesse cerca de R$100.000,00 em um mês teria um lucro líquido médio de R$10.000,00 já descontando todos os gastos. Só que uma loja pra vender R$100.000,00 precisa ter um estoque de pelo menos três vezes esse valor. Se fosse um comércio com margem de lucro de 10% e movimentasse R$100.000,00, se pagasse tudo o que deve teria um prejuízo de R$10.000,00 no mês.
Será que alguém ainda tem a ilusão de que nesse país o que se paga de imposto não é um absurdo?

20.4.05

Falando a Respeito do Novo Papa

O pessoal da lista Maçãs Selecionadas hoje começo um quiprocó em torno do novo Papa.
Uns analizaram o fato de Ratzinger ser conservador, alguns até colocaram links contendo informações sobre seus atos e pensamentos.

Teve de tudo um pouco, até falaram mal de João Paulo II. Outros defenderam.
O que me chama a atenção nesses assunto é o fato de colocarem como textos oficiais da igreja como expressão máxima de uma religião inteira, com se o que uma pessoa pensasse fosse automaticamente adotada como pensamento por parte de todos os seus fiéis.

Uma coisa somente não me entra na cabeça: A forma como um líder religioso pensa o prega suas convicções não são motivos para eu aceitar e obedecer seus preceitos e ordens. Pelo menos, pra mim é preciso haver motivo, justificação, bom senso e respeito. Quando uma determinada linha de pensamento religioso defende um ponto de vista, eu não o aceito simplesmente. Acredito que assim seja com a maioria das pessoas. Pelo menos eu espero.

Cada um tem cérebro, massa encefálica para pensar, raciocinar e refletir, e também tem sensibilidade para sentir. Só precisa aprender a combinar essas duas coisas. Se conseguir harmonia entre sentimento e razão, está chegando lá. Eu acho que as religiões deveriam ensinar isso, deveriam ensinar as pessoas a serem livres, sentirem e pensarem. Aprenderem e observarem o Universo. Sentir Deus e todas as coisa que regem o Universo. As pessoas se pegam muito em vírgulas, teimam em acreditar que a tal vírgula foi obra de Deus ou do Espírito Santo, então é verdade. Deveriam sentir o todo das mensagens, refletirem se conseguem compreender algo e se conseguem sentir que nesse algo há algo bom. Isso seria mais leve, mais livre, tem mais paz, e de certa forma tem mais cara de coisa de Deus.

Eu sempre achei João Paulo II um cara meio diferente, tinha opiniões fortes, nem todas eu concordava, mas era inegável que o seu maior recurso era o olhar meigo e sereno. O cara passava sentimento. O olhar do velhinho vibrava! havia algo de bom naquele homem. Não só eu sentia isso, talvez o mundo todo, tanto é que Roma foi visitada por mais de quatro milhões de peregrinos que quiseram dar o seu último adeus ao Papa.

A coisa que me tras uma certa decepção é não ver esse mesmo semblante no olhar do Ratzinger. Ele é meio esquisito, tem um olhar meio siderado, abobado, um olhar de cisma. Não passa uma emoção boa! Talvez o cara não seja exatamente ruim, talvez ele deva ser esforçado em fazer o que ele dentro das suas limitações de razão e sentimento acha ser o melhor. Mas ele não me parece uma figura assim tão iluminada quanto João Paulo II.

Eu tenho esperança, no fundo do meu coração que essa seja somente uma primeira impressão, que o novo Papa possa ser muito melhor do que ele mesmo imagina, que possa ser inspirado e guie bem o seu rebanho. Porque se existem pessoas que o houvem e o seguem, então essas pessoas vão precisar e muito serem bem guiadas.

19.4.05

Abemus Papa

Não é Chico, mas é Bento!

A respeito da criacao e execucao das ilustras

Embora eu não me considere um mestre em ilustração, eu vejo que existem alguns detalhes que eu já observei no meu modo de trabalhar que seria bom compartilhar com as pessoas. Principalmente para que os mais novos possam ter um referencial maior e uma orientação mais exata.

Eu geralmente faço trabalhos muito variados, algumas vezes tenho que fazer algum trabalho cômico, outras vezes realista e algumas vezes eu preciso estilizar algo realista e pra cada um desses trabalhos me parece que eu preciso fazer um exercício mental diferente.

O trabalho que mais me facilita a vida são os mais cômicos, que de certa forma exigem que eu imagine a ilustração na minha mente mas o esforço é relativemente pequeno para se imaginar o trabalho já feito, embora nem sempre essa facilidade se reflita da hora de colocar a mão na massa.

Quando eu parto pra um trabalho mais realista, o esforço que eu preciso fazer para conceber mentalmente a ilustração é maior, como se a minha mente fosse um dial de rádio ajustado em uma determinada faixa que é bem regulada para captar sinais de idéias mais cômicas e na hora de "mudar de estação" eu precisasse me esforçar para mudar a faixa de freqüência em que o dial está ajustado. Eu não sei se vocês me compreendem.

Dependendo do tipo realista ou realista com estilização, eu percebo que essse esforço é maior para que eu consiga visualizar na minha mente o desenho pronto, porque se eu não conseguir visualizar, eu com certeza terei de refazer o trabalho muitas vezes até chegar no ponto ideal. O engraçado é que quando eu trabalho com algo bastante difícil de se imaginar e termino esse trabalho, geralmente sinto uma espécie de euforia, de alívio que é quase viciante. Mas isso somente acontece quando o trabalho é realmente feito igual ao que foi imaginado.

O trabalho que dá ao se finalizar esse tipo de ilustração geralmente é muito parecido com o trabalho que dá finalizar uma ilustra mais cômica, só que exige uma concentração maior para que eu não perca o fio da meada.

Dito tudo isso eu posso chegar ao ponto que, quando você está ilustrando, você precisa abstrair se a ponto de esquecer conta pra pagar, hora de almoço, neguinho que você precisa ligar e por aí afora porque você precisa ocupar a sua cabeça somente "com a ilustração". Por isso quando alguém tá cheio da problemas e fica o tempo todo somente pensando nos problemas não consegue trabalhar direito, a cabeça está lá no problema e não no trabalho que é o que em muitos casos pode resolver o problema.

18.4.05

Foi Comprovado!

Micheal Jackson é o Macunaíma Americano!

Completando o Post Anterior...

Só pra não ficar uma coisa assim no ar sem nada a ver e sem completar...
O que existe de bom em meio aos grafites nas ruas de São Paulo são como procurar agulha num palheiro.

Eu já vi um trabalho que um grafiterio fez perto de casa que é maravilhoso, só que em compensação eu estou cansado de ver grafite em porta de loja com televisão com perspectiva mal feita, carro feito em três quartos que parece uma coisa horrorosa, a gente tem que se esforçar pra ver o que é.

Dê uma volta pela Lins de Vasconcelos que você vai ver muito exemplo do que eu falo. De uma voltinha pela Rangel Pestana que você vai ver mais coisa ruim. Na Rangel Pestana você não vê um único grafite que preste.
Outro dia eu passei por uma Avenida na Zona Leste que é enorme que agora não me lembro o nome. Lá, todas as lojas eram grafitadas, e eu não vi um único grafite digno de apreciação, somente quando essa avenida acabou e entrou em uma avenida menor que eu vi alguns grafites bons.

Agora, pela abrangência de desenhos ruins você acha que quando uma pessoa fala em desenho vai pensar em que tipo de desenho? E um cara que pensa em desenhos de Pato Donaldes com cabeça oval e carro que parece quebrado jamais vai querer pagar por uma ilustração de verdade o valor que uma ilustração de verdade deve ter.
Não adianta somente cuidar do topo da cadeia de produção artística, mas também é preciso cuidar da base, fazer com que a base tenha um nível técnico no mínimo aceitável.

Bem, esse é o meu ponto de vista. Se alguém discorda ou achou que eu estou pegando pesado, me desculpem, mas eu realmente estou sendo sincero com o que eu penso e só torno público meu modo de pensar no intuito de contribuir, porque se fosse pra atrapalhar, bastava eu ficar quieto que nada mudaria.

21.3.05

Voces ja viram?

Uma vez me mandaram um email contendo imagens de grafitis que foram feitos na França, Eram maravilhosos!
Enquanto isso, nas ruas de São Paulo, a gente vê esses grafitis que são verdaderiros garranchos. Basta andar um pouco pelas ruas do Brás que vocês vão saber do que eu me refiro. Muitas vezes eu acho que é a ?base? da arte popular que transmite ao povo a importância que ela deve ter e é justamente por isso que no Brasil desenho é considerado em termo gerais como algo sem importância e sem beleza.

Historias em Quadrinhos no Brasil

Eu não conheço ninguém no Brasil que faça quadrinhos para o mercado nacional e sobreviva disso. Se não se sustenta, então quadrinho no Brasil é algo mal sucedido. Pra mim, ser bem sucedido é ter condições de colocar comida na mesa. Eu, sinceramente não sei se a revista Chiclete com Banana dava algum lucro ou se a Piratas do Tietê também dava, mas com certeza a única que teve condições reais de dar algum lucro foi a Chiclete com Banana e ainda assim porque era somente um cara que fazia tudo.

Até aonde eu sei o Front deve-se mais à coragem dos que a fazem do que pelo lucro que a revista gera. História em Quadrinhos no Brasil sofre do que eu chamo de "Mal do Gibi", que é aquela idéia que esse tipo de arte é voltada para crianças e adolecentes babacas que não tem o que fazer. Um garoto que lê HQ no Brasil é tido como um ser estranho, enquanto que alguém que assiste novela é considerado uma pessoa normal. Vejam a que ponto chegamos!

Porque isso é assim no Brasil?

Porque a única coisa que foi pra frente em HQ no Brasil foi Turma da Mônica e Superherói importado dos EUA, e, cá pra nós, fica difícil alguém com bom senso acreditar que um bando de marombados usando cueca por cima da calça seja sério...
Quem ta fora desse círculo consegue ver o quanto é ridículo, assim como quem tá fora do círculo de novela vê o quanto é ridículo uma histórinha que a única coisa que interessa no fim é saber quem fica com quem. Só que nessas últimas décadas a novelinha viciou muito mais gente e hoje dá lucro. Nesse meio tempo a HQ brasileira ficou pra trás e não adianta chorar pelo leite derramado, agora, quem quiser fazer HQ no Brasil e ser respeitado deve trabalhar sério, trabalhar muito e como se isso não bastasse tem que lutar contra tudo e todos.

Tem que mostrar seriedade nas histórias, um bom desenho, tem que saber transmitir a sensação de uma cena e seu desenrolar, tem que saber envolver o leitor, ter um tema que seja de interesse das pessoas e não que seja somente de interesse do próprio quadrinhista, e tem que esperar que a população consiga ter uma boa imagem com relação ao quadrinho nacional, meio como o cinema nacional teve que fazer desde o final da ditadura.

Pena que para isso, é preciso que tenha gente disposta a tomar muito prejuízo ou até passar fome para chegar lá e, particularmente, eu não estou disposto e comprar essa briga. O máximo de briga que eu compro é com ilustração, isso porque eu já tive a minha formação e já consegui um cantinho ao sol. Eu luto para ajudar a melhorar as condições e a situação da Ilustração no país já que isso mantém algo que já existe.

Infelismente quanto aos Quadrinhos, isso é uma tarefa para quem não tem problemas finaceiros, pelo menos atualmente, precisa ser feito por quem ainda dependa dos pais ou então quem tem muito dinheiro e não precise de lucro imediato para garantir o seu sustento, já que a situação da HQ nacional é quase nula.

Eu torço para os corajosos e desejo toda a sorte do mundo para os que lutam para melhorar essa situaçãoe gostaria sinceramente um dia chegar a este blog e escrever um texto reconhecendo que eu estava enganado quanto a
situação da HQ no Brasil.

Um pequeno (longo) comentario

Temos no Brasil uma população absolutamente perdida, ignorante, sem acesso à nada, que mal sabe escrever seu próprio nome, com uma sociedade sem nenhum valor agregado, onde o cara que tira vantagem sobre os outros é valorizado. Um sistema de educação que não educa ninguém. Um grau insupotável de corrupção em todos os níveis. Com os meios de comunicação mais interessados em viciar as pessoas do que em esclarescer, porque segundo os que estão "por cima" o povo burro é como uma manada que obedece e é beem mansinha.

Agora imaginem se a situação no campo das artes são melhores do que tudo isso? Infelismente não, esse grau caótico de supervalorização do que não tem tanto valor e de subvalorização do que tem valor é apenas um reflexo do resto.
Frazetta é um mestre, assim como tantos, só que alguém o imitou e alguém viu esse cara e achou que ele era o mestre, e o imitou e esse fato se repetiu inúmeras vezes até que a coisa virou uma bagunça. Seria a mesma coisa que tirar uma xerox de uma xerox de uma xerox, na última mal dá pra saber do que se trata o desenho.

No Brasil o que se entende por desenho é o que se vê em televisão e nas bancas de jornais, e o que se vê nesse lugares?? Na televisão, quase nada,
Às vezes até tem algo interessante, mas a quantidade de Dragonball, Superherói e o escambau é esmagadora, hoje em dia nem mesmo um Pato Donald é possível se ver na TV, e olha que se trata de um mísero e simpático Pato Donald. Nas bancas é a mesma coisa, uma enchurrada de mangá, de superheróis marombados e quase nada de resto. Resto é resto. Até que saem algumas coisas legais em algumas revista e principalmente em livros, mas que lê essas coisas? O povão não lê! Afinal, o povão mal sabe assinar o próprio nome.

Então vocês podem pensar: Ah, então vamo fazê merda pro povo comprááá!!!
O povo na verdade é ignorante e não burro. A diferença entre um e outro é que o ignorante não teve oportunidade de aprender e o burro não quer aprender.

Mas mesmo entre os mais toscos e humildes existe uma fascinação pela beleza da arte. Um carinha de favela sabe quando está num lugar bonito e quando está num lugar feio. Sabe quando vê um rabisco e quando vê uma obra de arte.
Sabe quando ouve uma músiquinha do Zezé di Camargo e Luciano e quando ouve Beethoven. A diferença é que esses pobres coitados engolem porcaria todo santo dia e chega uma hora que eles nem sem importam mais com o gosto ruim
da porcaria. No dia que aparecer um prato refinado eles terão problemas de digestão. Eu já tive a oportunidade de ver a magia que uma pessoa humilde vivencia quando ouve uma boa música ou quando se depara com uma obra de arte. É como se estivessem saindo do inferno e indo parar no céu. Faz bem pra eles, eles se sentem leves. É pena que muitos, pelo tanto de inferno que já vivenciaram acreditam que não são merecedores disso tudo.
Ninguém merece! Literalmente.

E é justamente o fato de eu perceber esse "reflexo" que muitas vezes eu me irrito com mulheres peitudas e mangás. É porque entre quem faz algo de bom e as pessoas comuns existem os verdadeiros burros, que decidem o que é bom sem nunca saberem o que é bom, decidem quem vai ser a bola da vez e o resto que morra de fome. É o cara que quer explorar, que quer gastar pouco para ter o máximo de retorno, mas é incapaz de ver qualidade de vida, melhora no padrão de vida das pessoas,é incapaz de ver uma sociedade mais organizada e mais produtiva, pessoas que sabem mais e participam mais, pessoas com ganho maior e com capacidade maior de movimentação da economia e que aonde todos ganham ninguém perde, só que aonde somente alguns ganham, pode ser que ninguém ganhe nada.

Enquanto isso, os garotos e garotas que sonham em um dia desenharem se matam de tanto desenharem heróis marombados e mangás, mas se você analizar a fundo isso foi tudo o que eles puderam conhecer na vida. Nem adianta descer a lenha nos coitados que a parcela de culpa deles são ínfimas. O que nós fazemos e que devemos sempre fazer é: trabalhar, esclarescer, divulgar, nos unir e não desanimar. É um trabalho de formiguinha, eu sei, mas se a gente trabalhar como as formigas trabalham, vocês podem imaginar o tamanho que o nosso trabalho poderá tomar.
[]'s
Flavio Roberto Mota

Ilustrador
11 3276 2956
11 9634 6856
http://www.flaviormota.kit.net
ICQ 61641833
AIM flaviormota

19.3.05

Verdade X Paz

Nem sempre podemos conciliar a paz que tanto desejamos com a verdade. Isso acontece porque o ser humano é acomodado por natureza. Geralmente só se meche se for importunado, só procura evoluir se estiver sofrendo.
A gente precisa aprender a desejar crescer, evoluir, ensinar e a trabalhar, contruindo um mundo melhor para todos sem que a gente precise sentir na pele essa necessidade.

A vida pode estar muito boa para nós mas ainda assim tem gente que precisa de uma mãozinha para conquistar um lugar ao sol. Se a gente se isolar, só pensar no que é melhor pra nós e ignorarmos os outros, pode ser que um dia sejamos nós que estaremos precisando de ajuda. Então não vai adiantar nada a gente reclamar que ninguém nos estende a mão.
Quando a gente sai em busca de algo que satisfaça as nossas necessidades, aprendemos mais e adquirimos um pouco mais de conhecimento à respeito da verdade. A verdade existe, só que a gente vai conhecendo ela aos poucos, conforme a gente se esforçar.

É por isso que a gente dificilmente vai conseguir viver em paz, porque o que nós consideramos "paz" é, na maioria das vezes "preguiça".
Até mesmo Jesus disse que não veio trazer a paz, mas a espada. Talvez isso já seja uma dica que o nosso conceito de paz é meio furado.

Recadinho para os Deputados

Hoje eu resolvi soltar o verbo.
Olha o email que eu mandei para os Deputadoes em Brasília:

Que vergonha, Sr.s deputados!
Dando um jeitinho para ganhar mais dinheiro! Se vcs pelo menos trabalhassem ainda va lá...
Vocês nos envergonham.
Porque vocês não criam vergonha na cara e resolvem de uma vez por todas diminuir os impostos que nós, contribuintes trouxas pagamos para sutentar você que ficam aí, coçando o saco, roubando, porque TODOS vocês ao fazerem o que fizeram provaram que são LADRÕES!!

Vocês são responsáveis pela miséria que o povo passa, bando de egoístas!
Todos aquele que amargam o desenprego, a fome, a falta de perspectiva de um futuro melhor e mais justo sofrem porque vocês não estão nem aí para o sofrimento da população.
Todods vocês são os algozes de uma nação inteira.

Se vocês quizessem mesmo o bem das pessoas não iriam ficar enfurnados em gabinetes, iriam fazer a caridade.
Eu tenho NOJO de vocês!!
Espero que os Sr.s consigam dormir bem à noite porque se eu estivesse ocupando a posição que os Sr.s ocupam não teria a paz na consciência.

Faça como eu, seja uma pedra no sapato dos Parlamentares!
Eles Merecem!

24.2.05

Teremos Paz?

TEREMOS PAZ?

Como nós conseguiremos viver em paz se os que estão bem não olham para os outros e os outros invejam os que estão bem?

22.2.05

Dez mandamentos para um ilustrador

DEZ MANDAMENTOS PARA UM ILUSTRADOR

Ontem , no meio do furdunzo, um amigo meu, o Márcio Rocha, me pediu para que escrevesse algo pra ele, enfim, para esclarescer sobre a situação do mercado de ilustração. No email de resposta, porém começou a surgir uma espécie de dez mandamentos para o ilustrador, que eu somente depois percebi que pode ser de grande utilidade.
Portanto eu irei reproduzir o email na integra.



Marcinho,
O lance é sempre complicado. O mercado brasileiro é complicado porque nas últimas décadas não cresceu. A sorte é que os ilustradores também não cresceram tanto assim. Acontece que o mercado perdeu o costume de utilizar ilustração. Agora, com o computador, começou a aparecer um monte de gente que desenha sem ter aprendido com profissionais, gente que acha que desenha e etc..

Um cara que começa a desenhar não vai ter lá um trabalho muito chamativo e nem muito bonito, portanto o seu trabalho não vai ter um retorno grande. Um cara que não aprendeu com profissionais mais experientes não é capaz nem de saber a utilidade comercial do que faz.
Isso faz com que tenha gente de HQ querendo fazer storyboar , nego de Storyboard querendo fazer arte final, nego de Arte final querendo fazer cartum e nego de cartum querendo fazer HQ. Acontesse que uma linguagem é eficaz na midia a qual ela se destina, nas outras ela perde funcionalidade e retorno.

Se você faz cartum e quer ilustra arte finais, deve primeiro aprender a trabalhar com arte final, e não querer levar todas as manhas de cartum pro meio de arte final que não vai dar o resultado comercial que uma arte final precisa ter. Aí, sem o mesmo poder de fogo, seu trabalho vai aos poucos valendo menos.
Esse é somente o começo das coisas.

O mercado de ilustração todo primeiro semestre é ruim primeiro porque o ano só começa depois do carnaval, nesse ano tá parado tudo por causa do aumento dos juros e pelo aumento da carga tributária. O governo, muitas vezes pode ajudar o atrapalhar o nosso mercado diretamente.
Em ano de eleição o problema é maior, pelo menso até a eleição passada, ninguém investia coma ameaça do poder mudar de mãos. Aí o anos acaba sendo totalmente ruim.

O que é necessário fazer para que isso modifique?
1-na época boa, junte dinheiro e planeje novos movimentos para enfrentar a época ruim.
2-sempre estude, treine, aprenda
3-não queira tirar proveito próprio, quando uma coisa mercadologicamente é bom pra você e ruim para os demais, à longo prazo é ruim pra todos
4-aprenda a fazer do tempo seu amigo. Pra tudo
5-saiba misturar ofícios que não sejam ligados diretamente com ilustração, tendo em vista poder inserir no seu contexto profissional e abrir novos horizontes comerciais
6-O público alvo dos ilustradores, ao contrário do que se pensa, são as pessoas e não os clientes. Ilustre para o povo, ilustre para que sua arte tenha utilidade, sirva para algum aprendizado para as pessoas comuns
7-Tenha princípios e faça tudo o que estiver de acordo com os seus princípios. Se você algum dia errar o caminho, poderá ater ter alguma vantagem financeira, mas irá criar um problema que você mesmo ou outra pessoa tenha que corrigir no futuro
8-Seja responsável. Muitas vezes você tera chances de transmitir uma mensagem para muitas pessoas através do seu trabalho. Por isso não perca seu tempo desenhando imbecilidades, coisas sem nexo, mostrando a bunda, escrevendo palavrões, fazendo picuinhas e fazendo o seu público perder tempo com coisas inúteis. Já que você tem um canal aberto utilize-o para fazer algo construtivo
9-Saiba unir forças com pessoas que também tenham princípios e ideais. Lute pela união e veja no seu colega de profissão um aliado e não um concorrente
10-Acredite no que faz

Eu acho que esses 10 mandamentozinhos podem ajudar e muito a se ter sucesso e vida longa numa profissão como a nossa, talvez até sirva pra mais..
[]'s
Flavio Roberto Mota

Ilustrador
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21.2.05

Sobre uma mensagem do Montalvo

SOBRE UMA MENSAGEM DO MONTALVO

Hoje eu recebi pela lista de discução ilustrasite um email do Montalvo que mecheu muito com todo mundo, e comigo também.
Eu gostaria de postar aqui a mensagem na íntegra:

Caros,

 Estive na abertura do evento da Abril, Ilustrando em Revista, e mesmo fascinado com a grandiosidade do evento, tão esperado por todos, o prazer de rever amigos de profissão, e principalmente a oportunidade de ver originais espetaculares, como os do Benício, Ziraldo, Nilton Ramalho entre tantos outros, conversando com os outros ilustradores a gente chega a uma conclusão nada esperançosa: A nossa profissão, ao menos no mercado editorial, está sendo estrangulada. A esperança de continuar vivendo disto está estrebuchando, roxinha, no chão.

 É um consenso absoluto que os preços oferecidos (já que ilustrador nunca dá seu preço, ao contrário das relações comerciais no resto do mundo) estão muito abaixo da linha de sobrevivência, e cada vez mais os ilustradores estão buscando outras alternativas, seja trabalhando apenas com mercado de propaganda, direção de arte, vídeo e TV, internet, rádio (acreditem!), ou montando um comércio, etc. O último apaga a luz.

 Eu mesmo trocaria no ato, meus 20 anos de profissão por um estacionamento ou um sushi bar (Não é força de expressão, é verdade mesmo). Não faço a troca hoje, porque nunca sobrou um centavo de um mês para o outro nestes anos todos, muito pelo contrário. Mesmo cobrando acima da famigerada e paleolítica "tabela" das editoras.

 Neste evento conversei com editores de algumas revistas da Abril, que diziam que além de haver (veladamente, é claro) uma "onda" de evitar o uso de ilustração, havia um evidente constrangimento em chamar um ilustrador com a verba que eles tinham disponível, e acabavam achando outras alternativas, ou contratando alguém beeeem baratinho, mesmo que o resultado não fosse o ideal.

 Estamos numa era de metas de faturamento, e a nossa fatia do bolo é perfeitamente "enxugável" porque sempre tem um que faça por menos, menos, menos, ou até de graça. E não é algo que acontece apenas em uma editora, agência ou empresa, é um padrão generalizado, acontece em todos os níveis. Todo o mercado está estrangulando as verbas e exigindo maior produtividade. Uma hora a casa cai, não tem economia que aguente tamanha pressão.

 Entre um canapé e um gole de suco, lembramos de um tempo bom (pouco tempo, aliás, coisa de 5 ou 6 anos), em que publicar na Playboy e na Super eram as maiores metas profissionais de quem trabalhava com ilustração e fotografia. Era o máximo, só perdia para a National Geographic, que era o Everest dos criadores de imagem. Além de pagarem relativamente bem (era possível viver só disto), a aprovação dos trabalhos estava ligada diretamente a um rigoroso controle de qualidade. Hoje sabemos que não é mais assim, basta abrir as revistas para notar que o criério de escolha passa primeiro pela cotação do preço mais baixo. Apenas o melhor dos baratinhos é que tem chance de entrar nas páginas das publicações nacionais.

 Com este evento, e a avaliação de portfolios como um dos pontos altos promovidos pela organização, fica no ar o temor que estejam procurando pela nova geração de baratinhos, que poderá suprir a demanda de ilustradores atuais, com preços ainda menores. Resta saber se os baratinhos conseguirão fazer 40 anos de carreira, como tantos que estão expostos neste evento. Eu, pessoalmente, duvido que façam um décimo disto como ilustradores profissionais (sem papai pagando facu, carrinho zero, etc. Profissional paga suas próprias contas, todas elas).

 Em 1998 eu negociava facilmente até R$ 1500,00 por uma página dupla. No ano passado recebi propostas "pacote", de 3 duplas mais capa por inacreditáveis R$ 1000,00. Um Pacote como este deveria ser aberto apenas pelo GOE ou pelo esquadrão anti-bomba. Em outra ocasião me ofereceram R$ 180,00 por uma inteira, (que com muito esforço viraram R$ 450,00). 

 Mesmo que tivessem mantido os mesmos preços por 7 anos, já seria um grande prejuízo, mas a revisão dos valores das tabelas só anda de marcha-a-ré, e segue atropelando na contra-mão da economia mundial.

 Uma simples busca no google com a seguinte frase "em 1998 custava", trouxe resultados que falam por si:

 - O litro da gasolina, que em 1998 custava R$ 0,744, passou para R$ 2,00 (2002)

 - Em 1998, uma Honda CB 500 custava R$8.900,00.  Em 2003, custa R$17.600,00.

 - O metro quadrado de um desses escritórios, que em 1998 custava, em média, R$35, atualmente (2001) está em torno de R$ 65. A estimativa do mercado é de que, até o fim de 2002, o aluguel desse mesmo metro quadrado chegue a US$ 45.

 
- Um cartucho de tinta que em 1998 custava R$ 48 hoje está saindo por R$ 100.

 - valor total da obra que em 1998 custava R$ 19,606 milhões passou para cerca de R$ 87,699 milhões, representando assim um acréscimo de 347%

 Isto sem falar da grande batalha por direitos autorais, subtraídos por contratos absurdos, aviltantes, tirando das mãos dos autores os lucros de outras edições, publicações, idiomas, países e utilizações, muito além da solicitação inicial, que deveria ser para um único fim, em uma única edição. Pagando o mínimo e utilizando ao máximo, nesta relação comercial entre editoras e colaboradores, é fácil perceber quem sai perdendo, sempre.

 Curioso é que há conclusões que se chega só quando conversamos com os colegas. Qualquer um que reclame dos valores, e principalmente das cláusulas dos contratos, recebe a mesma resposta: "você é o único que reclama disto".

 Esta resposta ensaiada vai para a mesma lista de mentiras clássicas, como "vamos vestir a camisa", "eu sou honesto", "no próximo trabalho a gente compensa", "la garantia soy jo", "esta empresa é uma grande família", "não precisa me ligar, eu te ligo", "eu também estou investindo neste trabalho", "você é o primeiro, meu amor", "juro que é só a cabecinha, meu bem".

 Ao voltar pra casa, o tema "o canto do cisne" não saía da minha cabeça.

 Abraços,

 Montalvo


Muitas foram as respostas e discuções, muitas foram as opiniões.
Eu gostaria de colocar aqui a minha opinião, num email de resposta que eu enviei no começo da noite:

O mercado brasileiro nunca foi muito bom mesmo, acontece que havia uma época em que ilustrador era o cara que fazia um "puta trabalho" com uma técnica insuperável, era gente com estudo, anos de treino. Hoje en dia qualquer garatuja da vida transforma um Zé mané em ilustrador. O mercado editorial com sua sede de novidades, começo a abrir as portas para qualquer ilustração e qualquer ilustrador, bons ou ruins, só que nessa, os ilustradores que fazem um precinho mais em conta levam vantagem.

No começo as artes, todas imensamente trabalhadas, cheias de vida, eram um acréscimo violento de beleza e de valor estético em um livro. Com o tempo, esse impacto foi diminuindo e a importância da ilustração também, tanto é assim que muita gente pensa em ilustração como "tapa buraco". Uma coisa que deveria ter status de arte virou remendo! Quanto você pagaria para ter uma obra de arte na parede da sua casa? E quanto você pagaria para ter um remendo na parede? Eu duvido que alguém nessa lista pensou em pagar por um remendo a mesma coisa que pagaria para ter um "van Gogh" um "Monet" um "Cézanne" ou um "Miró". O pior de tudo é que o remendo para ser considerado "bem feito" precisaria passar desapercebido na parede.

Tem trocentos neguinhos ilustrando pra livro, no ano passado eu e o Tuco pegamos alguns livros da FTD pra fazer e quase viramos do avesso. R$80,00 por página e cada vez que vinha um livro novo, tinha menos prazo. E não pensem que era uma ilustração por página, era ilustração pra dar com pau! No começo a gente pensou: Vamos topar porque é uma oportunidade, sei lá, quem sabe não dá algum fruto? No final a gente pensava: Tomara que eles esqueçam que a gente existe! Nós não fazemos a mínima questão de voltar a trabalhar pra eles.

Acontece que se o pessoal das editoras invadirem o espaço das agências, sabe o que vai acontecer a longo prazo? A mesma coisa que acontece no mercado editorial!!!! Aliás, isso já está acontecendo! Tem uma cacetada de agência grande contratando moleque que mal sabe desenhar uma orelha pra fazer rabiscos com se fossem manchas, e outros tantos que vendem desenhos de história em quadrinhos como se fossem manchas. Aí na hora de produzir, o diretor do filme fica puto porque o cliente quer um cara musculoso igual ao do Storyboard, só que não existe cara musculoso daquele jeito, Aliás tem musculo no cara que nem existe... E as minas com cintura de vespa e peito de pomba? Alguém já viu uma dessa na rua? Nem eu!

Aí o Storyboard perde importância, o cara te fala, não faz muito detalhado porque o diretor não gosta!!! Ô Loco, meu! 150 paus num quadrinho todo largado, até meu filho faz melhor... Tudo por causa do imbecil que fodeu com os caras que mancham e não se toca que tem que primeiro aprender para depois se enfiar pra fazer um trabalho.
Meu, se um cara que acha bom R$80,00 por uma página fizer uma ilustração do mesmo tamanho para arte final de um cliente grande, empresa multinacional, pra sair na veja, vai cobrar quanto??? Uns R$500,00!! E vai sair dando pulinho de alegria, o trouxa! Se tivesse cobrado R$5000,00 ainda teria saído barato!

Aí, você ilustrador com trinta e tralalá anos de estrada, que manja de tudo e mais um pouco, sabe misturar cor, juntar estilos, estuda, se vira no avesso, faz meia dúzia de estudo antes de decidir por finalizar um trabalho, corre atrás de referência, compra livros de arte (caríssimos por sinal) para poder estudar, tira foto com máquina profissional e filme de cromo, usa computador profissional, tablet profissional, pincel profissional, tinta profissional, papel profissional e paga 40% de imposto , vai cobrar R$500,00?? Quinhentinho num dá nem pro começo! Pro Zé Mané que desenha com lápis nº2 no sulfitão, pinta com pincel Tigre e gouache gato preto, tira foto em maquininha digital de promoção no camelô, usa tablet genius de R$100,00 num PC Xing Ling de R$1500,00 se ganahr esse valor mais umas quator vezes no ano, já tá levando lucro!

O segundo tá a la Chinesa!
É imbatível! Imbostível!!!!
Tem mais é que passar uma Tsunami e matar todo esse bando de destruidor da qualidade! A QUALIDADE do que se faz à alguns anos está sofrendo um ataque pior do que qualquer Tsunami.
Vocês já compraram um produto Chinês? É menos que a metade do preço de qualquer similar feito em qualquer outro lugar do mundo. Mas já viram a qualidade? Tudo mal acabado, cheio de rebarba, feito nas coxas mesmo! Sorte que é barato! E olha que os caras lá ganham menos que a metade de nóis aqui e trabalham mais que o dobro. Ah, e são tratados como bicho!

 ....Mas tão ficando rico!!!!!
Vocês querem fazer a mesma coisa? Vamos contratar uns escravos pra trabalhar umas 20 hora por dia, pagar salário mínimo sem nenhum benefício e vender quadrinho de storyboard por R$30,00! Vamos conquistar o mercado! O trabalho é uma merda? E daí, tamos ficando rico!!!!
Vamo Aproveitaááá....!!!

Sinto muito, mas eu prefiro deitar a minha cabeça no travesseiro e dormir com a consciência em paz! Eu acho que qualidade é mais importante do que valore$, acontece que qualquer coisa boa vale $$$$, porque é único, não tem rebarba, é fruto de uma mente que ama o que faz, que se importa com a qualidade e com a beleza, e isso, bem ou mal, vai acabar sendo transmitida para o consumidor, que vai sentir algo muito melhor com aquele trabalho, mais sereno, mais harmonioso, mais saudável. Se você que leu esse email até aqui e ainda não sentiu vontade de deixar a mensagem de lado, então coloque uma coisa na sua cabeça: lute para fazer sempre o melhor, para treinar, para aprender. Tenha ética, humildade e boa vontade. Seja comprometido com o valor artístico do que você faz, e não com o valor monetário. Valorize o que precisa ser valorizado. E, acima de tudo, não queira pegar o mercado do outro profissional, apenas conquiste o seu mercado. não queira destruir, queira somar.

Nós precisamos nos valorizar, nos promover, mostrar pelos nosso atos e pelos nosso trabalhos que somos comprometidos, queremos evoluir. Talvez esse seja o momento que a gente possa pensar, refletir em abrir novos horizontes, novos mercados, chegar mais próximo do consumindor, do nosso consumidor a ampliar os nossos consumidores em potencial. Os ilustradores criaram um paradigma de que somente o mercado editorial e de propaganda é o nosso público, precisamos romper esse paradigma, ampliar nossos horizontes e não ficarmos nos matando para ver que vai ficar com o pedaço maior do bife. Que tal se a gente começasse hoje?
  []'s
  Flavio Roberto Mota


Agora, eu gostaria que quem estiver lendo também pudesse acrescentar alguma coisa.