São muitos os depoimentos em listas e comunidades de desabafos e reclamações sobre os problemas vividos no mercaod de ilustração. E olha que a um bom punhado de anos isso já acontece.
Eu cansei de ver gente por aí reclamar, chorar, criticar, combater, mas não compreender o todo.
Dificilmente nós temos a oportunidade de ver algum ilustrador, mesmo os já estabelecidos no mercado se perguntando: Porque tudo está assim?
Nós vemos todo mundo simplesmente pensando em se adaptar, mas ninguém questiona mais a fundo.
E qual é o problema disso?
O problema é que ao não questionarmos, não temos condições de decidirmos pelo nosso futuro.
Esse é o reflexo de décadas sem haver união, sem haver planejamento, sem haver preocupação com o futuro. E não tenham dúvidas que a continuidade dessa desunião ainda poderá trazer mais problemas no futuro.
Mas porque só hoje os problemas são tantos?
Precisamos compreender uma série de fatores históricos no Brasil.
No início do século XX a profissão de ilustrador foi importada, era tido como alta especialização e quem fazia isso ganhava muito bem, vivia muito e muito bem, mas devia ser meia dúzia no Brasil todo.
Muitos eram pintores, mas todos tinham um status, primeiro por ocupar uma função que foi importada, para um mercado também importado.
O Ilustrador só existe por causa da imprensa. E o ilustrador só pode viver a sua fase de ouro quando a imprensa era exclusivamente para as elites. Uma vez que sua profissão fica voltada para camadas mais populares, o dinheiro até pode existr, mas o glamour não.
Ser ilustrador no começo do século e praticamente durante toda a primeira metade do século XX era trabalhar para grã-fino, era trabalhador que servia as elites e por isso mesmo ganhava salário de profissional de elite.
Depois dos anos cinqüenta, vivemos fases marcantes no Brasil. Primeiro vieram as grande empresas americanas, depois as da Europa, com elas, vieram as agências de propaganda, com tudo isso os produtos que passaram a ser vendidos no Brasil começaram a precisar de um estímulo para serem vendidos. E esse estímulo foi, como ainda é, visual.
Essa foi a era de ouro dos ilustradores, havia uma demanda absurda por ilustração. Começaram a surgir os grandes nomes, os grandes mestres foram surgindo.
E isso perdurou até o final dos anos 70, ainda mais com o "milagre econômico", a economia crescia a olhos vistos, empregando todo mundo, criando uma demanda cada vez maior de consumo, demanda essa que era prontamente superada. E nesse ambiente o ilustrador não precisava de outra coisa que não fosse pensar em seu próprio umbigo., mesmo porque, por pior profissional que o ilustrador fosse, ele sempre consiguiria trabalho, uma vez que a oferta por mão de obra era maior do que a oferta de profissionais.
Nessa época vieram os grandes nomes que até hoje habitam o nosso imaginário ilustrativo, também foram começando a existir os ilustradores "Mandrakes", que sabiam truques do arco da velha e que guardavam seus segredos a sete chaves, como se fossem grandes segredos industriais.
Começou a haver uma concorrência mais acirrada, e toda vez que a concorrência aperta, sempre aparece um ou outro não tão bem intencionado. Veja você que ainda estamos nos referindo à década de 70.
O mercado foi virando um "cada um por si", fazendo aumentar o isolamento entre os ilustradores. Isso já era os anos 80, e dessa época herdamos o hábito de muitos ilustradores de gostar apenas de "mostrar" seus trabalhos e de falar sobre eles de maneira mais "conceitual", sem ser muito focado em dizer "eu fiz com guache misturado com detergente". Os ilustradores ainda hoje preferem filosofar do que mostrar como é que funciona a coisa na chincha, da mesma maneira como prefere olhar o mercado como se fosse um ser quase autista.
Só que os anos oitenta sofreu um terrível revés econômico, foi chamada de "A década perdida", pois o Brasil simplesmente não cresceu economicamente nessa época.
Embora isso tivesse acontecido, os ilustradores ainda conseguiram respirar, e respirar muito bem durante os anos oitenta, pois viviam ainda no embalo dos anos 70 e também puderam contar com as novidades do mercado, que mantiveram a demanda de ilustrações em alta.
O problema começou com os anos 90, com o surgimento do DTP, o Macintosh, o computador sendo usado para montar revista, anúncio, livro, o começo da ilustração e a internet. Tudo ficou pulverizado. Acreditou-se que o computador substituiria o ilustrador. Enquanto que antes do computador era preciso fazer a mesma ilustração várias vezes para montar uma campanha que servisse para anúncio de meia página, página inteira, página dupla. página simples de jornal, página dupla de jornal, outdoor, com o computador uma só ilustração já dava pra tudo.
Os estúdios foram fechando, muitos ilustradores viraram Diretores de Arte, mudaram de profissão e entrou um pessoal novo, muitos deles hoje em dia chamados mestres, e sem nenhuma orientação entraram no mercado, ganhando bem menos do que o pessoal que estava anteriormente no mercado, fazendo o fator "preço baixo" virar motivo para ganhar mercado. E esse comportamento perdura até hoje.
No universo do ilustrador aonde já havia a cultura do isolamento, de se esconder informações e da competição acirrada teve um ingrediente a mais: oferecer trabalho a preço de banana.
Só que os anos noventa também foi outra década perdida. No começo havia uma demanda de trabalho ainda boa, e no final da década a demanda havia caído mais da metade, com praticamente a mesma quantidade de ilustradores no mercado que havia no início da década
E estamos nós em pleno início de século XXI vivendo o revés de uma profissão que já foi símbolo de status. Estamos vivendo a penúria de uma categoria que foi cada vez mais se tornando mais e mais egoísta. Só que, depois da internet, se no começo do século a quantidade de ilustradores no mercado era X, atualmente a quantidade de profissionais se oferecende deve ser pelo menos 5X.
Agora a culpa é de quem está tentando começar?
Não.
A culpa é dos caras que se metem a bambambam com trinta e tantos anos de carreira, e quanto mais carreira, mais responsável é pois viveu todas as fases da profissão e somente contribuiu para hoje estarmos no buraco em que nos encontramos.
Agora, cabe a nós tentar limpar a sujeira dos bambambans da ilustração.
O mercado vai precisar de cérebro, de união e de paciência. Temos pelo menos vinte anos de defasagem para corremos atrás. E praticamente já perdemos dez anos tentando fazer alguma coisa e não conseguindo.
Mas não adianta desanimar, porque nós só temos um caminho para percorrer: pra cima.
Precisamos estar unidos, sermos mais conscientes, muito mais do que os outros, pois a economia também não nos ajuda, o mercado não está nos ajudando; a tecnologia deveria nos ajudar, mas nós a utilizamos contra nós mesmos.
Podemos perceber que até os nossos clientes atualmente nos forçam para baixo em preço, qualidade, prazo.
Os mercados estão indo de mal a pior.
Quadrinhos nunca teve.
Editorial tá mal demais.
Propaganda já foi melhor.
Televisão, é uma incógnita.
Internet já nasceu morto.
Isso sem contar no pessoal que quer se sustentar com ilustração, que precisa estar no mercado como profissional e que sofre uma barbaridade para conseguir o seu lugar ao sol.
E tem gente que ainda insiste em continuar isolado. Insiste em esconder o ouro, insiste em aproveitar a ingenuidade do outro, a ignorância do outro, insiste em pregar que a união é impossível entre nós.
O futuro está em nossas mãos, o futuro se for bom ou se vai enterrar nossa profissão de vez vai depender de nosso passo ainda hoje.
Por isso precisamos continuar. E estamos ainda deixando de continuar.
Para que a profissão de ilustrador faça história e não precise ficar somente na história.
30.4.09
29.4.09
Caridade
Uma vez uma moça, que faz parte de um grupo que tem, princípios de auxiliar pessoas necessitadas me pediu para fazer um trabalho de graça, argumentando que o trabalho seria para uma boa causa. O problema é que tratava-se de um trabalho com uma certa complexidade, iria exigir de mim muitas horas de trabalho, não se tratava exatamente de um trabalho “vapt-vupt”, e por isso mesmo seria um risco muito grande fazer o trabalho completamente na faixa, correndo o risco de negar pedidos de trabalhos remunerados por não ter tempo disponível, sendo que é preciso fazer trabalhos remunerados, uma vez que ninguém me dá nada de graça.
Então, essa garota, para tentar me convecer a trabalhar de graça, respondeu-me dizendo que sabia que eusou espírita e que estava muito decepcionada comigo por me recusar a fazer o trabalho de graça, pois eu deveria ter a obrigação de fazer a caridade para as pessoas.
Então, eu me senti na obrigação de enviar a essa moça uma resposta, que eu copio abaixo:
Cara companheira, uma coisa é fazer o bem. Ser profissional, fazer trabalhos com qualidade e ser devidamente pago por isso, ao meu ver faz parte da caridade, porque é a única maneira que se tem pra incentivar o profissionalismo.
Para se ajudar é preciso consciência do coletivo, não dá pra se pedir pra uma pessoa que doe seu trabalho, furto de estudo, dedicação, com utilização de material caro pra um fim ao qual o próprio profissional não conheça ou não concorde.
Nenhum profissional, por ser profissional tem a obrigação de fazer caridade com sua profissão, ninguém sabe o que eu faço em prol dos outros, e eu mesmo faço questão de manter meus atos, quando os pratico fora dos olhos das pessoas, mas uma coisa eu asseguro, eu não utilizo o meu trabalho em meu prejuízo e em prejuízo dos colegas de profissão que fazem da ilustração seu ganha pão pra ser caridoso ou ajudar alguém.
Outra coisa, dinheiro não é sujo, sujo é o mal uso que se faz dele, mal uso de pessoas que não compreendem que pra se ter pode se fazer qualquer coisa, mesmo sendo em prejuízo dos outros, ou pessoas que em nome de princípios, ideais ou tarefas nobres subemprega e subremunera profissionais.
A corrente do bem consiste em fazer com que o sistema funcione, consiste em fazer com que as pessoas saiam da margem da sociedade e entrem no mecanismo comercial, financeiro e social.
É com atitudes que promovam a valorização do ser humano, a valorização do esforço e do intelecto humano que a sociedade poderá um dia ser justa.
Se você quiser fazer o bem, primeira coisa que você precisará compreender, por favor, é que não dá pra ajudar um e prejudicar outro, isso é bem pela metade, é cobrir os pés e descobrir a cabeça.
Valorize as pessoas a sua volta, dê a eles o reconhecimento, a remuneração e o respeito que elas merecem. Eu aposto que dessa maneira você estará sendo mais útil e fazendo caridade com muito mais eficiência.
Então, essa garota, para tentar me convecer a trabalhar de graça, respondeu-me dizendo que sabia que eusou espírita e que estava muito decepcionada comigo por me recusar a fazer o trabalho de graça, pois eu deveria ter a obrigação de fazer a caridade para as pessoas.
Então, eu me senti na obrigação de enviar a essa moça uma resposta, que eu copio abaixo:
Cara companheira, uma coisa é fazer o bem. Ser profissional, fazer trabalhos com qualidade e ser devidamente pago por isso, ao meu ver faz parte da caridade, porque é a única maneira que se tem pra incentivar o profissionalismo.
Para se ajudar é preciso consciência do coletivo, não dá pra se pedir pra uma pessoa que doe seu trabalho, furto de estudo, dedicação, com utilização de material caro pra um fim ao qual o próprio profissional não conheça ou não concorde.
Nenhum profissional, por ser profissional tem a obrigação de fazer caridade com sua profissão, ninguém sabe o que eu faço em prol dos outros, e eu mesmo faço questão de manter meus atos, quando os pratico fora dos olhos das pessoas, mas uma coisa eu asseguro, eu não utilizo o meu trabalho em meu prejuízo e em prejuízo dos colegas de profissão que fazem da ilustração seu ganha pão pra ser caridoso ou ajudar alguém.
Outra coisa, dinheiro não é sujo, sujo é o mal uso que se faz dele, mal uso de pessoas que não compreendem que pra se ter pode se fazer qualquer coisa, mesmo sendo em prejuízo dos outros, ou pessoas que em nome de princípios, ideais ou tarefas nobres subemprega e subremunera profissionais.
A corrente do bem consiste em fazer com que o sistema funcione, consiste em fazer com que as pessoas saiam da margem da sociedade e entrem no mecanismo comercial, financeiro e social.
É com atitudes que promovam a valorização do ser humano, a valorização do esforço e do intelecto humano que a sociedade poderá um dia ser justa.
Se você quiser fazer o bem, primeira coisa que você precisará compreender, por favor, é que não dá pra ajudar um e prejudicar outro, isso é bem pela metade, é cobrir os pés e descobrir a cabeça.
Valorize as pessoas a sua volta, dê a eles o reconhecimento, a remuneração e o respeito que elas merecem. Eu aposto que dessa maneira você estará sendo mais útil e fazendo caridade com muito mais eficiência.
28.4.09
Pequena reflexão sobre valores baixos cobrados
Um ilustrador leva, em média dez anos de estudos pra se tornar um profissional e começar a dar suas cacetadas no mercado.
Precisa gastar mundos de dinheiro atrás de bons livros, de bons materiais pra trabalhar e de um bom equipamento que de a ele condições pra que possa fazer sempre o melhor trabalho.
Estuda durante toda sua vida, e mesmo com internet e computador, precisa treinar na mão pra se desenvolver.
Até hoje eu não vi um único caso em que todo o processo de profissionalização tenha sido diferente.
O que muda são os materiais que os novos ilustradores trabalham, e mesmo assim, embora sendo outro, ainda são caros, raros e demanda um bom curso e um bom tempo de treino pra que o ilustrador possa ter pleno domínio do instrumento para utilizá-lo profissionalmente.
Quando um profissional cobra pelo seu trabalho, ele cobra pelo que o tornou o profissional que atualmente ele é.
Se alguém cobra menos do que gastou pra se profissionalizar, é problema dele. Eu sei o quando foi difícil chegar aonde eu cheguei e não faço baratinho porque neguinho fica dando piti por aí.
Nós expomos os pontos de vista com o intuito de argumentar o porque um trabalho de ilustração profissional não é e não deve ser cobrado por preço de banana.
É uma questão de bom senso e profissionalismo. Se o um cliente quiser pagar pouquinho, então se contente com ilustradores que fazem trabalhos por menos, porque profissional mesmo vai e com toda razão se sentir ofendido com uma proposta abusiva.
A nossa profissão tem uma realidade que ninguém melhor que os ilustradores profissionais para saberem o certo e o errado, e eu espero, mesmo vendo que entre a grande maioria dos ditos profissionais a coisa não seja e não esteja assim, que pelo menos um dia eles acordem, vejam a diferença entre certo e errado e enfim, escolham o caminho certo.
Quem não estiver de acordo, paciência, mas nenhum profissional consciente vai abrir as pernas só porque tem pretensos "donos da verdade" querendo prevalecer com a sua verdade, sem respeitar o profissionalismo alheio e colocando toda a sua arrogância pra fora.
Aliás, é importantíssimo dizer que uma coisa é um suposto cliente quere te pagar um valor baixo, não tendo consideração pelo seu profissionalismo e outra coisa é você, como prestador de serviço, tratar mal um cliente porque ele não te respeita querendo pagar pouco, pois ao ser mal educado com o cliente você estará, na verdade dando para o cliente mais motivos ainda para ele não querer te pagar descentemente.
Pagamento abaixo do valor de mercado pode até existir, mas falta de respeito profissional entre cliente e fornecedor, isso é inaceitável.
Precisa gastar mundos de dinheiro atrás de bons livros, de bons materiais pra trabalhar e de um bom equipamento que de a ele condições pra que possa fazer sempre o melhor trabalho.
Estuda durante toda sua vida, e mesmo com internet e computador, precisa treinar na mão pra se desenvolver.
Até hoje eu não vi um único caso em que todo o processo de profissionalização tenha sido diferente.
O que muda são os materiais que os novos ilustradores trabalham, e mesmo assim, embora sendo outro, ainda são caros, raros e demanda um bom curso e um bom tempo de treino pra que o ilustrador possa ter pleno domínio do instrumento para utilizá-lo profissionalmente.
Quando um profissional cobra pelo seu trabalho, ele cobra pelo que o tornou o profissional que atualmente ele é.
Se alguém cobra menos do que gastou pra se profissionalizar, é problema dele. Eu sei o quando foi difícil chegar aonde eu cheguei e não faço baratinho porque neguinho fica dando piti por aí.
Nós expomos os pontos de vista com o intuito de argumentar o porque um trabalho de ilustração profissional não é e não deve ser cobrado por preço de banana.
É uma questão de bom senso e profissionalismo. Se o um cliente quiser pagar pouquinho, então se contente com ilustradores que fazem trabalhos por menos, porque profissional mesmo vai e com toda razão se sentir ofendido com uma proposta abusiva.
A nossa profissão tem uma realidade que ninguém melhor que os ilustradores profissionais para saberem o certo e o errado, e eu espero, mesmo vendo que entre a grande maioria dos ditos profissionais a coisa não seja e não esteja assim, que pelo menos um dia eles acordem, vejam a diferença entre certo e errado e enfim, escolham o caminho certo.
Quem não estiver de acordo, paciência, mas nenhum profissional consciente vai abrir as pernas só porque tem pretensos "donos da verdade" querendo prevalecer com a sua verdade, sem respeitar o profissionalismo alheio e colocando toda a sua arrogância pra fora.
Aliás, é importantíssimo dizer que uma coisa é um suposto cliente quere te pagar um valor baixo, não tendo consideração pelo seu profissionalismo e outra coisa é você, como prestador de serviço, tratar mal um cliente porque ele não te respeita querendo pagar pouco, pois ao ser mal educado com o cliente você estará, na verdade dando para o cliente mais motivos ainda para ele não querer te pagar descentemente.
Pagamento abaixo do valor de mercado pode até existir, mas falta de respeito profissional entre cliente e fornecedor, isso é inaceitável.
Quadrinhos no Brasil
É muito engraçado ver como o pessoal acostumado a trabalhar com quadrinhos batendo uma cabeça fortíssima para se achar no mercado de quadrinhos, aliás, os quadrinhos no Brasil são completamente desencontrados.
Falta, de forma mais do que profunda encontrar uma identidade nacional. Sempre quando se vê uma discussão sobre isso, costuma-se voltar com sugestões maravilhosas como se criar personagens como a Super Mula-sem-Cabeça ou Cangaceiro Atômico. Isso é o ridículo do ridículo, é pedir por favor não se sinta identificado com o que eu faço.
Primeiro porque essa história babaca de achar que um caboclo só porque voa e usa cueca por cima das calças, tem um físico de go go boy e fala igual a Xuxa em seu programa infantil colabora somente para aumentar a diferença entre o mundo que vivemos com a ficção que pode ser produzida nos quadrinhos.
Segundo porque uma história, precisa ser boa, basicamente, com um enredo interessante, e, para ser sincero, se essa história for contada em uma história em quadrinhos é apenas porque a história foi roteirizada para isso. Uma vez que entre fazer um vídeo, animação, um filme ou uma HQ, a produção mais barata é sem sombra de dúvidas a última opção. Só isso. Quadrinhos na verdade costuma ser uma forma de viabilizar histórias que se fossem produzidas em outras mídias teria um custo muito alto, e correria o risco muito grande lançar uma história que não se sabe qual seria sua aceitação. HQ é basicamente uma mídia que minimiza riscos.
Só que nem pra isso os quadrinhos no Brasil servem, isso porque as editoras compram material principalemtne norte americano por um valor absurdamente baixo, abaixo do custo de produção de algum estúdio nacional, com a vantagem que as revistas já vem com consumidores que são formados pela produção dessas editoras não só pelos quadrinhos, como também através de desenhos animados, e agora também pela internet.
O que aumenta a minha estranheza é ver que existem estudos e pesquisas apontando os quadrinhos como uma forma barata é eficaz de se ensinar e comunicar as pessoas, e mesmo se baseando em resultados de pesquisas sérias, não existe praticamente investimento em se produzir quadrinhos no Brasil. Agora é preciso ver se sso também não acontecem porque uma parcela grande de quadrinhistas também não tem o menor interesse em produzir quadrinhos para um determinado público.
Porque o que é produzido no Brasil para ser comercializado no mercado brasileiro, para consumidores brasileiros, em sua grande maioria são histórias de interesse somente do autor. O complicado é justamente que o autor não se importa nem um pouco se o trabalho que ele faz é de interesse de mais alguém. O que é mais espantoso ainda é que entre os autores de quadrinhos, pensar assim é considerado normal, anormal e protituído é pensar em fazer um quadrinho levando em consideração afinidades de algum público.
Não temos público consumidor. Não temos roteiristas especializados em quadrinhos. A maior parte dos desenhistas de quadrinhos buscam trabalhar no mercado norte americano. Grande parte deles aceita trabalhar mais por bem menos dinheiro do que um americano aceitaria, e ainda acha isso normal. Muitos acabam tendo alguma síncope, problema de saúde, que algumas vezes o força a abandonar sua profissão prematuramente.
Também causa estranheza ver que os quadrinhistas brasileiros sabem que não existe um mercado consumidor de quadrinhos no Brasil e mesmo assim não acham isso estranho. Ainda mais estranho é ver quadrinhistas não muito familiarizados com a linguagem cinematrogáfica.
O curioso nessa história toda é que no meu entender os quadrinhos funcionam como um ensaio para o cinema, ou seja, é um modo mais barato em se dar vida a uma história, sendo que muitas histórias em quadrinhos bem sucedidas viram filme.
Só que no Brasil os quadrinhos estão a quilômetros de distância do cinema, e olha que o nosso cinema já conseguiu um lugarzinho ao sol mesmo não sendo assim uma mídia tradicionalmente rica ou considerada bem sucedida.
Seja sincero, você assistiria ao filme da Super Mula-sem-Cabeça? Você assistiria um filme do Super-Caipira? Ou então do Cangaceiro Atômico?
A resposta é simples e clara, ninguém vai perder tempo com essa m$#&!
Porque a idéia é ruim, ridícula, imbecil. E tem gente que acha que para quadrinhos a Super Mula-sem-Cabeça pode pegar.
Que falta de bom senso, que falta de bom gosto, que falta de história para contar.
Uma história em quadrinhos é apenas uma forma mais complexa de se contar uma história aonde o desenho é tão importante quanto a história. Eu acho que trechos desse próprio texto já demonstram isso.
Só que com história babaca, não tem desenho que dê jeito.
No Brasil existem heróis sim, mas o nosso mundo é diferente coisa da porrada, da coisa dos personagens cheios de músculos e vazios de neurônios.
No Brasil não tem Rambo, tem Ayrton Senna; não tem Vingador do Futuro, tem Pelé, não tem Batman, tem Santos Dumont, tem Getúlio Vargas, tem JK, tem Padre José de Anchieta, tem Frei Damião, tem Chico Xavier, tem Irmã Dulce, tem Bento Gonçalves, tem Chico Buarque, tem Tom Jobim, tem Betinho, e outros tantos heróis de um povo sofrido, heróis de verdade.
A idéia de heróis nesse nosso Brasil é diferente dos EUA, lá para ser herói é preciso músculo e muito chumbo, aqui é preciso coração e muita mão na massa.
O nosso mundo é diferente, nossa realidade é diferente.
O desafio é se encontrar sem ser ridículo, é ser natural, brasileiro.
Quem sabe um dia alguém por aqui não consegue?
Falta, de forma mais do que profunda encontrar uma identidade nacional. Sempre quando se vê uma discussão sobre isso, costuma-se voltar com sugestões maravilhosas como se criar personagens como a Super Mula-sem-Cabeça ou Cangaceiro Atômico. Isso é o ridículo do ridículo, é pedir por favor não se sinta identificado com o que eu faço.
Primeiro porque essa história babaca de achar que um caboclo só porque voa e usa cueca por cima das calças, tem um físico de go go boy e fala igual a Xuxa em seu programa infantil colabora somente para aumentar a diferença entre o mundo que vivemos com a ficção que pode ser produzida nos quadrinhos.
Segundo porque uma história, precisa ser boa, basicamente, com um enredo interessante, e, para ser sincero, se essa história for contada em uma história em quadrinhos é apenas porque a história foi roteirizada para isso. Uma vez que entre fazer um vídeo, animação, um filme ou uma HQ, a produção mais barata é sem sombra de dúvidas a última opção. Só isso. Quadrinhos na verdade costuma ser uma forma de viabilizar histórias que se fossem produzidas em outras mídias teria um custo muito alto, e correria o risco muito grande lançar uma história que não se sabe qual seria sua aceitação. HQ é basicamente uma mídia que minimiza riscos.
Só que nem pra isso os quadrinhos no Brasil servem, isso porque as editoras compram material principalemtne norte americano por um valor absurdamente baixo, abaixo do custo de produção de algum estúdio nacional, com a vantagem que as revistas já vem com consumidores que são formados pela produção dessas editoras não só pelos quadrinhos, como também através de desenhos animados, e agora também pela internet.
O que aumenta a minha estranheza é ver que existem estudos e pesquisas apontando os quadrinhos como uma forma barata é eficaz de se ensinar e comunicar as pessoas, e mesmo se baseando em resultados de pesquisas sérias, não existe praticamente investimento em se produzir quadrinhos no Brasil. Agora é preciso ver se sso também não acontecem porque uma parcela grande de quadrinhistas também não tem o menor interesse em produzir quadrinhos para um determinado público.
Porque o que é produzido no Brasil para ser comercializado no mercado brasileiro, para consumidores brasileiros, em sua grande maioria são histórias de interesse somente do autor. O complicado é justamente que o autor não se importa nem um pouco se o trabalho que ele faz é de interesse de mais alguém. O que é mais espantoso ainda é que entre os autores de quadrinhos, pensar assim é considerado normal, anormal e protituído é pensar em fazer um quadrinho levando em consideração afinidades de algum público.
Não temos público consumidor. Não temos roteiristas especializados em quadrinhos. A maior parte dos desenhistas de quadrinhos buscam trabalhar no mercado norte americano. Grande parte deles aceita trabalhar mais por bem menos dinheiro do que um americano aceitaria, e ainda acha isso normal. Muitos acabam tendo alguma síncope, problema de saúde, que algumas vezes o força a abandonar sua profissão prematuramente.
Também causa estranheza ver que os quadrinhistas brasileiros sabem que não existe um mercado consumidor de quadrinhos no Brasil e mesmo assim não acham isso estranho. Ainda mais estranho é ver quadrinhistas não muito familiarizados com a linguagem cinematrogáfica.
O curioso nessa história toda é que no meu entender os quadrinhos funcionam como um ensaio para o cinema, ou seja, é um modo mais barato em se dar vida a uma história, sendo que muitas histórias em quadrinhos bem sucedidas viram filme.
Só que no Brasil os quadrinhos estão a quilômetros de distância do cinema, e olha que o nosso cinema já conseguiu um lugarzinho ao sol mesmo não sendo assim uma mídia tradicionalmente rica ou considerada bem sucedida.
Seja sincero, você assistiria ao filme da Super Mula-sem-Cabeça? Você assistiria um filme do Super-Caipira? Ou então do Cangaceiro Atômico?
A resposta é simples e clara, ninguém vai perder tempo com essa m$#&!
Porque a idéia é ruim, ridícula, imbecil. E tem gente que acha que para quadrinhos a Super Mula-sem-Cabeça pode pegar.
Que falta de bom senso, que falta de bom gosto, que falta de história para contar.
Uma história em quadrinhos é apenas uma forma mais complexa de se contar uma história aonde o desenho é tão importante quanto a história. Eu acho que trechos desse próprio texto já demonstram isso.
Só que com história babaca, não tem desenho que dê jeito.
No Brasil existem heróis sim, mas o nosso mundo é diferente coisa da porrada, da coisa dos personagens cheios de músculos e vazios de neurônios.
No Brasil não tem Rambo, tem Ayrton Senna; não tem Vingador do Futuro, tem Pelé, não tem Batman, tem Santos Dumont, tem Getúlio Vargas, tem JK, tem Padre José de Anchieta, tem Frei Damião, tem Chico Xavier, tem Irmã Dulce, tem Bento Gonçalves, tem Chico Buarque, tem Tom Jobim, tem Betinho, e outros tantos heróis de um povo sofrido, heróis de verdade.
A idéia de heróis nesse nosso Brasil é diferente dos EUA, lá para ser herói é preciso músculo e muito chumbo, aqui é preciso coração e muita mão na massa.
O nosso mundo é diferente, nossa realidade é diferente.
O desafio é se encontrar sem ser ridículo, é ser natural, brasileiro.
Quem sabe um dia alguém por aqui não consegue?
27.4.09
Ética?
É comum ver ilustradores, quadrinhistas, chargistas que falham ainda na qualidade de seus trabalhos, rebaterem críticas, dando exemplos, de outros chargistas renomados e que não tinham um desenho lá muito agradável pela estética bunitinha das coisas. Um exemplo disso é o Henfil. Mesmo assim, muita gente não sabe que aquel estilinho minimalista não veio do dia pra noite, foi algo construído, amadurecido.
É comum ver críticas de iniciantes que ainda não estão no ponto serem rebatidas como se as críticas fossem antiéticas. O complicado disso tudo é que se alguém me pedir a minha opinião, significa que a pessoa quer saber o que eu penso sobre alguma coisa. Aí, se eu pensar alguma barbaridade, não posso expor isso? Mesmo se não fui EU quem tive a iniciativa dizer o que penso? Se EU achar algo ruim, por princípio pessoal, irei reservar a minha opinião para mim mesmo, se eu perceber que o meu julgamento for duro ou pesado demais. Agora, ao ser interpelado, não quero de forma alguma ser forçado a mentir, a prevalecer uma farsa para sustentar um suposto clima de “amistosidade”.
É comum também ver pessoas ligadas ao mercado de ilustração dizendo que uma charge, por exemplo, exige que o ilustrador tenha uma idéia, enquanto que, num trabalho para um cliente qualquer, você é apenas uma mão que anda. Quando se trata de uma charge, não basta só o desenho, é o desenho com a idéia. Geralmente acha-se com os demais ilustradores essa questão não existe, porque o cliente já pede uma idéia pronta.
Mentira. O cliente nunca sabe ao certo o que quer, se você se fiar no que o cliente está dizendo, corre o risco de refazer muitas vezes o mesmo trabalho. Agora se você utilizar as informações do cliente para compor a idéia, certamente tem uma grande chance de acertar na primeira. Mesmo que pra deixar o desenho ok seja necessário horas de trabalho.
Vamos analisar o caso da charge do Henfil, que não foi conhecido por ilustrações de anúncios (aliás, nem sei se algum dia ele ilustrou anúncios), mas foi único nas suas charges.
No caso do Henfil, ele teve que amadurecer seu desenho, e isso levou tempo. Digo mais, ele somente amadureceu seu traço porque teve como referencial outros desenhistas. E isso acontece com qualquer um de nós. A simples convivência com outros desenhistas, ilustradores e chargistas servem como impulso para o progresso da nossa técnica, a gente aprende um pouquinho aqui, outor pouquinho ali, e assim sempre se evolui.
E isso não é privilégio de quem trabalha fazendo charge ou quadrinhos. Todos tem a oportunidade desse privilégio. Eu mesmo posso me considerar um cara bastante sortudo, pois tive a oportunidade de ver o Brasílio desenhando e depois o Pedro Mauro. E sinceramente, quanto eu aprendi com eles. Aliás, não somente com eles mas com inúmeros outros ilustradores que eu pude olhar, ver como trabalhavam.
No caso das pessoas que estão iniciando, elas precisam aprender com profissionais que já sabem o que fazer, mas não é isso o que acontece, essa molecada não encontra os profissionais, quando encontram querem trabalhar de qualquer jeito, porque estão sem grana, porque o pai, a mãe e sei lá mais quem fica buzinando na orelha do cara, que esse negócio de desenho não da futuro, ou o moleque traz dinheiro em casa ou nada feito. Só que ninguém aprende a desenhar fazendo um curso de quatro anos, muito menos num curso de seis meses.
Aí, o caboclo pega sua pastinha, cheio de homem aranha e desenhinho de mangá, enfia debaixo do suvaco e sai por aí, bate em porta de Editora e mostra que já faz uns rabiscos. Aí o editor vê no moleque uma grande vítima em potencial, aquele que vai fazer um montão de desenho por dez reau com um prazo absurdo e diz pro carinha que o preço é tabelado, todo lugar é assim. Ainda diz: Você não precisa aprender nada, esquece essa coisa, bi bi bi, bo bo bó, be be bé... E por aí vai.
Pronto, já estragou o carinha! Agora o caboclo não quer mais ser assistente de outro ilustrador, ele acha que é profissional.
Agora, isso não é antiético? Estragar um monte de iniciante, com atitudes pouco camaradas é ético? Antiético é falar mal do trabalho de um moleque com trabalho fraco?
Seria, por acaso ético fechar as portas de seu estúdio e se recusar em dar uma orientação para um iniciante que quer ser um profissional equilibrado, em conformidade com as necessidades e a realidade do mercado? Se o iniciante se transformar em um profissional sem parâmetros decentes de comportamento profissional ou técnicas e estilo, pode ser que haja nesse tipo de coisa muito mais responsabilidade de TODOS nós do que apenas a culpa do moleque por ele ter tomado o rumo profissional que apareceu na sua frente.
Pelamordedeus, gente. Ética é uma coisa muuuito grande, não se resume a falar ou não falar mal do trabalho de um desenhista em público, mesmo que seja um iniciante. Fazer um comentário de crítica, por mais maldade que haja no comentário, é muito mais construtivo para o criticado, desde que não seja melindroso, aproveitar a crítica para fazer trabalhos melhores.
Antiético é dar tapinhas nas costas e depois apunhalar a pessoa. Antiético é fingir-se de amigo, para com calma, tempo, puxar o tapete de uma pessoa. Antiético é enganar, é mentir, é fingir, é simular.
É comum ver críticas de iniciantes que ainda não estão no ponto serem rebatidas como se as críticas fossem antiéticas. O complicado disso tudo é que se alguém me pedir a minha opinião, significa que a pessoa quer saber o que eu penso sobre alguma coisa. Aí, se eu pensar alguma barbaridade, não posso expor isso? Mesmo se não fui EU quem tive a iniciativa dizer o que penso? Se EU achar algo ruim, por princípio pessoal, irei reservar a minha opinião para mim mesmo, se eu perceber que o meu julgamento for duro ou pesado demais. Agora, ao ser interpelado, não quero de forma alguma ser forçado a mentir, a prevalecer uma farsa para sustentar um suposto clima de “amistosidade”.
É comum também ver pessoas ligadas ao mercado de ilustração dizendo que uma charge, por exemplo, exige que o ilustrador tenha uma idéia, enquanto que, num trabalho para um cliente qualquer, você é apenas uma mão que anda. Quando se trata de uma charge, não basta só o desenho, é o desenho com a idéia. Geralmente acha-se com os demais ilustradores essa questão não existe, porque o cliente já pede uma idéia pronta.
Mentira. O cliente nunca sabe ao certo o que quer, se você se fiar no que o cliente está dizendo, corre o risco de refazer muitas vezes o mesmo trabalho. Agora se você utilizar as informações do cliente para compor a idéia, certamente tem uma grande chance de acertar na primeira. Mesmo que pra deixar o desenho ok seja necessário horas de trabalho.
Vamos analisar o caso da charge do Henfil, que não foi conhecido por ilustrações de anúncios (aliás, nem sei se algum dia ele ilustrou anúncios), mas foi único nas suas charges.
No caso do Henfil, ele teve que amadurecer seu desenho, e isso levou tempo. Digo mais, ele somente amadureceu seu traço porque teve como referencial outros desenhistas. E isso acontece com qualquer um de nós. A simples convivência com outros desenhistas, ilustradores e chargistas servem como impulso para o progresso da nossa técnica, a gente aprende um pouquinho aqui, outor pouquinho ali, e assim sempre se evolui.
E isso não é privilégio de quem trabalha fazendo charge ou quadrinhos. Todos tem a oportunidade desse privilégio. Eu mesmo posso me considerar um cara bastante sortudo, pois tive a oportunidade de ver o Brasílio desenhando e depois o Pedro Mauro. E sinceramente, quanto eu aprendi com eles. Aliás, não somente com eles mas com inúmeros outros ilustradores que eu pude olhar, ver como trabalhavam.
No caso das pessoas que estão iniciando, elas precisam aprender com profissionais que já sabem o que fazer, mas não é isso o que acontece, essa molecada não encontra os profissionais, quando encontram querem trabalhar de qualquer jeito, porque estão sem grana, porque o pai, a mãe e sei lá mais quem fica buzinando na orelha do cara, que esse negócio de desenho não da futuro, ou o moleque traz dinheiro em casa ou nada feito. Só que ninguém aprende a desenhar fazendo um curso de quatro anos, muito menos num curso de seis meses.
Aí, o caboclo pega sua pastinha, cheio de homem aranha e desenhinho de mangá, enfia debaixo do suvaco e sai por aí, bate em porta de Editora e mostra que já faz uns rabiscos. Aí o editor vê no moleque uma grande vítima em potencial, aquele que vai fazer um montão de desenho por dez reau com um prazo absurdo e diz pro carinha que o preço é tabelado, todo lugar é assim. Ainda diz: Você não precisa aprender nada, esquece essa coisa, bi bi bi, bo bo bó, be be bé... E por aí vai.
Pronto, já estragou o carinha! Agora o caboclo não quer mais ser assistente de outro ilustrador, ele acha que é profissional.
Agora, isso não é antiético? Estragar um monte de iniciante, com atitudes pouco camaradas é ético? Antiético é falar mal do trabalho de um moleque com trabalho fraco?
Seria, por acaso ético fechar as portas de seu estúdio e se recusar em dar uma orientação para um iniciante que quer ser um profissional equilibrado, em conformidade com as necessidades e a realidade do mercado? Se o iniciante se transformar em um profissional sem parâmetros decentes de comportamento profissional ou técnicas e estilo, pode ser que haja nesse tipo de coisa muito mais responsabilidade de TODOS nós do que apenas a culpa do moleque por ele ter tomado o rumo profissional que apareceu na sua frente.
Pelamordedeus, gente. Ética é uma coisa muuuito grande, não se resume a falar ou não falar mal do trabalho de um desenhista em público, mesmo que seja um iniciante. Fazer um comentário de crítica, por mais maldade que haja no comentário, é muito mais construtivo para o criticado, desde que não seja melindroso, aproveitar a crítica para fazer trabalhos melhores.
Antiético é dar tapinhas nas costas e depois apunhalar a pessoa. Antiético é fingir-se de amigo, para com calma, tempo, puxar o tapete de uma pessoa. Antiético é enganar, é mentir, é fingir, é simular.
17.4.09
Ilustradores/designers
Não sei se vocês já perceberam, mas a alguns anos temos visto muitos ilustradores/designers no mercado vendendo o diferencial de que não são nem ilustradores e nem designers, mas são exatamente "ilustradores/designers".
Algumas pessoas tiveram um a oportunidade de falar a respeito do mercado de ilustração, dizendo que o mercado morreu, o ilustrador morreu, que o futuro é ser bi combustível, flex, ilustrador/designer.
Eu, pelo menos acho uma declaração para lá de infeliz.
Olha, eu já a algum tempo venho notando as coisas de algumas pessoas que se vendem no mercado dessa maneira.
Quem analisar um pouco a trajetória do pessoal que vende esse peixe irá perceber que eles são caras antenados nas tendências, e que procuram aproveitá-las da melhor forma possível.
Ou seja, eles não são exatamente pessoas que brigam para que o mercado seja assim ou assado, ele simplesmente percebem o correnteza e seguem rio abaixo.
Pois existem dois tipos de pessoa, aquela que interage com os sistema, contribuindo para que ele se modifique, regenere ou degenere, e aquele que apenas vê como as coisa são e aproveitam o mundo, como se fosse índios extrativistas.
Na verdade, não precisa ser especialista para perceber que a profissão de ilustrador está hoje em dia na marca do pênalti. Mas a questão vai mais fundo do que simplesmente dizer de peito estufado que a profissão já morreu. O problema ao meu ver é outro.
Eu vou explicar dando um exemplo comparativo:
Vamos supor que você tenha algum inimigo que queira te destruir, e este inimigo é um cara bastante influente a ponto de ficar no seu encalço, aí ele descobre que você tem várias dívidas que simplesmente não foram executadas.
Como o cara é influente, ele consegue com alguma negociação comprar as duplicatas da sua dívida e manda executar.
Você não tem dinheiro para pagar todas aquelas dívidas e muito provavelmente irá passar por muitos maus bocados, indo a bancarrota e tendo que começar do zero se quiser um dia, ter a chance de se ver em uma situação favorável.
Só que a primeira coisa que vem na sua cabeça é o desespero, como ter forças para dar a volta por cima? Como as pessoas irão lidar com você?
-Lá vai o fracassado! Lá vai o incapaz – pensa você.
Só de pensar nas humilhações que poderá passar, na vergonha que terá de enfrentar, ainda mais ao ver seu arqui-inimigo tripudiando em cima do que restou de você, a vontade que você tem é de sumir, você tem vontade de nunca ter sequer existido.
Isso mesmo, suicídio! Até nisso você pensa.
Aí, você se lembra de um amigo distante que já passou por situações financeiras muito difíceis, mas que deu a volta por cima e hoje tem uma vida relativamente confortável.
Então você procura esse amigo distante e resolve contar toda a sua história para pedir algum conselho, ouvir alguma coisa que possa te elevar o moral.
Só que o seu amigo responde:
Sinceramente, se eu fosse você e estivesse no seu lugar, eu pegaria um trezoitão e metia uma bala nos cornos!
--xxx--
É assim que eu vejo esse tipo de declaração, ao invés do cara tentar puxar para uma solução, uma saída, o cara fala: nós vamos pro buraco mesmo, eu já comprei o meu caixão e você?
O problema é que uma declaração como esta pode ser responsável por inúmeras desistências na profissão de gente que queira ser ilustrador. Pelo menos quando o assunto é desistência, eu preferia que fosse mais pela pessoa perceber que não tema finidade com a profissão. Muito talento poderá virar pasteleiro, vendedor de calçado, açougueiro ou caixa de banco depois de ler um texto de algum designer/ilustrador da moda que diz que o mundo vai acabar em CD da Ivete Sangalo pirateado na China.
Até outro dia tinha gente falando em se fazer uma campanha de valorização da profissão, coisa que eu aliás concordo em gênero, número e grau.
Como querer valorizar uma coisa que um diz que vai morrer, outro diz que não tem futuro e outro diz que acabou?
Ninguém valoriza algo que está com os dias contados.
Você já viu alguém investir dinheiro numa empresa que está à beira da falência pensando no retorno financeiro?
Alguém já viu a família de um senhor que está entubado com câncer em estado terminal à beira da morte fazendo planos "para onde nós vamos levar o vovô passear no Reveillon?"
Eu acredito na ilustração, eu acredito na solução. Eu, pelo menos eu, mesmo se estiver sozinho no mundo, sei que a ilustração tem valor, agrega valor é útil, de várias formas, ajuda a vender um produto e uma idéia. No mundo todo é assim, engraçado que no Brasil, e só no Brasil a ilustração está à beira da morte.
Será que o mundo todo está errado e nós estamos certos?
Será que no Brasil em se plantando, tudo afunda?
Me choca ver, por exemplo declarações de designers/ilustradores dizendo que uma ilustração precisa ser boa para "maquiar" um design ruim. E sem perceber a pessoas acaba inconsciente dizendo que se o design for bom, a ilustração pode ser uma m$%#@!
Pra piorar a situação, hoje em dia tem muito bambambam acreditando que a coisa é por aí mesmo.
Eu sinceramente não vejo fundamento nas argumentações de pessoas, sendo que algumas nem são designer/ilustradores, mas ilustradores, cartunistas, pessoas que se julgam de sucesso e que vendem o apocalipse; embora reconheça que eles aproveitam bem o momento para ter seu espaço, mas a um custo funesto a longo prazo. Por acaso somente hoje em dia um design precisa ser bom para vender? Será que nunca foi preciso saber fazer direção de arte bem feita para ser diretor de arte? Que nunca foi preciso fazer design bem feito para ser designer?
Outra coisa, quer dizer que antigamente se usava ilustração para "disfarçar" o péssimo design das coisas?
Eu conheço algumas dúzias de grandes mestres da Direção de Arte, da propaganda, do design, que vão morrer de infarto quando lerem esse tipo de coisa. Muita gente que teve tantos prêmios internacionais e dominavam tão bem suas artes, conhecem tanto a teoria quanto a prática, muito mais do que o pessoal de hoje em dia, que não sabe a diferença entre Rough e Layout; e que sempre adoraram trabalhar com ilustração. Gente que são verdadeiras bibliotecas ambulantes, mestres com que eu aprendi a utilidade daquilo que eu faço e que nenhum deles, nunca na minha vida, eu ouvi falar tamanha bobagem, se bobear, muitos inclusive que devem ter dado aula para esses designers/ilustradores, ou deram aula para os professores deles.
Estamos fritos, desculpem-me.
Estamos fritos ao dar ouvidos para pessoas que não percebem que as regras que determinam se uma coisa é visualmente agradável ou não, se vai atrair, repelir, chamar a atenção, provocar, passar tranqüilidade, agitação, força, confusão, rapidez, plenitude, paz, anarquia e as mais diversas emoções e sensações são universais e atemporais.
Ninguém vai descobrir uma nova regra, é como se algum dia algum cientista dissesse que a lei da gravidade está com os dias contados.
O que muda com o tempo é a forma de as utilizar, de manipular, aumentando o domínio que temos sobre as ferramentas que manipulam essas leis.
Uma imagem que foi feita no século XIV e que na época causava impacto pela beleza, vai causar o mesmo impacto enquanto ela existir. Não importa quanto tempo leve, pois ela segue, sempre seguiu e sempre seguirá regras universais e atemporais para causar o impacto que causa.
Uma coisa eu digo, se a ilustração um dia deixar de existir, é por culpa dos ilustradores que assim acreditaram, que perderam as suas raízes, a sua lógica e não fizeram com que a ilustração deles mantivesse o valor e agregasse as novas necessidades. E deixaram pra trás os motivos que a fizeram ser uma arte, e uma arte com utilidade.
Se um dia o ilustrador morrer, é porque ouviu e acreditou naquilo que não devia.
É impressionante como um ilustrador, ao ver a oportunidade de falar algo na imprensa sempre se reveste da túnica do mensageiro do apocalipse.
Faz tempo que eu não vejo um ilustrador valorizar sua arte, valorizar sua profissão. Faz tempo que eu não vejo um ilustrador demonstrar publicamente que acredita naquilo que faz.
Como então querer que os outros te reconheçam, te valorizem, se ele mesmo é incapaz de fazer isso consigo mesmo?
Algumas pessoas tiveram um a oportunidade de falar a respeito do mercado de ilustração, dizendo que o mercado morreu, o ilustrador morreu, que o futuro é ser bi combustível, flex, ilustrador/designer.
Eu, pelo menos acho uma declaração para lá de infeliz.
Olha, eu já a algum tempo venho notando as coisas de algumas pessoas que se vendem no mercado dessa maneira.
Quem analisar um pouco a trajetória do pessoal que vende esse peixe irá perceber que eles são caras antenados nas tendências, e que procuram aproveitá-las da melhor forma possível.
Ou seja, eles não são exatamente pessoas que brigam para que o mercado seja assim ou assado, ele simplesmente percebem o correnteza e seguem rio abaixo.
Pois existem dois tipos de pessoa, aquela que interage com os sistema, contribuindo para que ele se modifique, regenere ou degenere, e aquele que apenas vê como as coisa são e aproveitam o mundo, como se fosse índios extrativistas.
Na verdade, não precisa ser especialista para perceber que a profissão de ilustrador está hoje em dia na marca do pênalti. Mas a questão vai mais fundo do que simplesmente dizer de peito estufado que a profissão já morreu. O problema ao meu ver é outro.
Eu vou explicar dando um exemplo comparativo:
Vamos supor que você tenha algum inimigo que queira te destruir, e este inimigo é um cara bastante influente a ponto de ficar no seu encalço, aí ele descobre que você tem várias dívidas que simplesmente não foram executadas.
Como o cara é influente, ele consegue com alguma negociação comprar as duplicatas da sua dívida e manda executar.
Você não tem dinheiro para pagar todas aquelas dívidas e muito provavelmente irá passar por muitos maus bocados, indo a bancarrota e tendo que começar do zero se quiser um dia, ter a chance de se ver em uma situação favorável.
Só que a primeira coisa que vem na sua cabeça é o desespero, como ter forças para dar a volta por cima? Como as pessoas irão lidar com você?
-Lá vai o fracassado! Lá vai o incapaz – pensa você.
Só de pensar nas humilhações que poderá passar, na vergonha que terá de enfrentar, ainda mais ao ver seu arqui-inimigo tripudiando em cima do que restou de você, a vontade que você tem é de sumir, você tem vontade de nunca ter sequer existido.
Isso mesmo, suicídio! Até nisso você pensa.
Aí, você se lembra de um amigo distante que já passou por situações financeiras muito difíceis, mas que deu a volta por cima e hoje tem uma vida relativamente confortável.
Então você procura esse amigo distante e resolve contar toda a sua história para pedir algum conselho, ouvir alguma coisa que possa te elevar o moral.
Só que o seu amigo responde:
Sinceramente, se eu fosse você e estivesse no seu lugar, eu pegaria um trezoitão e metia uma bala nos cornos!
--xxx--
É assim que eu vejo esse tipo de declaração, ao invés do cara tentar puxar para uma solução, uma saída, o cara fala: nós vamos pro buraco mesmo, eu já comprei o meu caixão e você?
O problema é que uma declaração como esta pode ser responsável por inúmeras desistências na profissão de gente que queira ser ilustrador. Pelo menos quando o assunto é desistência, eu preferia que fosse mais pela pessoa perceber que não tema finidade com a profissão. Muito talento poderá virar pasteleiro, vendedor de calçado, açougueiro ou caixa de banco depois de ler um texto de algum designer/ilustrador da moda que diz que o mundo vai acabar em CD da Ivete Sangalo pirateado na China.
Até outro dia tinha gente falando em se fazer uma campanha de valorização da profissão, coisa que eu aliás concordo em gênero, número e grau.
Como querer valorizar uma coisa que um diz que vai morrer, outro diz que não tem futuro e outro diz que acabou?
Ninguém valoriza algo que está com os dias contados.
Você já viu alguém investir dinheiro numa empresa que está à beira da falência pensando no retorno financeiro?
Alguém já viu a família de um senhor que está entubado com câncer em estado terminal à beira da morte fazendo planos "para onde nós vamos levar o vovô passear no Reveillon?"
Eu acredito na ilustração, eu acredito na solução. Eu, pelo menos eu, mesmo se estiver sozinho no mundo, sei que a ilustração tem valor, agrega valor é útil, de várias formas, ajuda a vender um produto e uma idéia. No mundo todo é assim, engraçado que no Brasil, e só no Brasil a ilustração está à beira da morte.
Será que o mundo todo está errado e nós estamos certos?
Será que no Brasil em se plantando, tudo afunda?
Me choca ver, por exemplo declarações de designers/ilustradores dizendo que uma ilustração precisa ser boa para "maquiar" um design ruim. E sem perceber a pessoas acaba inconsciente dizendo que se o design for bom, a ilustração pode ser uma m$%#@!
Pra piorar a situação, hoje em dia tem muito bambambam acreditando que a coisa é por aí mesmo.
Eu sinceramente não vejo fundamento nas argumentações de pessoas, sendo que algumas nem são designer/ilustradores, mas ilustradores, cartunistas, pessoas que se julgam de sucesso e que vendem o apocalipse; embora reconheça que eles aproveitam bem o momento para ter seu espaço, mas a um custo funesto a longo prazo. Por acaso somente hoje em dia um design precisa ser bom para vender? Será que nunca foi preciso saber fazer direção de arte bem feita para ser diretor de arte? Que nunca foi preciso fazer design bem feito para ser designer?
Outra coisa, quer dizer que antigamente se usava ilustração para "disfarçar" o péssimo design das coisas?
Eu conheço algumas dúzias de grandes mestres da Direção de Arte, da propaganda, do design, que vão morrer de infarto quando lerem esse tipo de coisa. Muita gente que teve tantos prêmios internacionais e dominavam tão bem suas artes, conhecem tanto a teoria quanto a prática, muito mais do que o pessoal de hoje em dia, que não sabe a diferença entre Rough e Layout; e que sempre adoraram trabalhar com ilustração. Gente que são verdadeiras bibliotecas ambulantes, mestres com que eu aprendi a utilidade daquilo que eu faço e que nenhum deles, nunca na minha vida, eu ouvi falar tamanha bobagem, se bobear, muitos inclusive que devem ter dado aula para esses designers/ilustradores, ou deram aula para os professores deles.
Estamos fritos, desculpem-me.
Estamos fritos ao dar ouvidos para pessoas que não percebem que as regras que determinam se uma coisa é visualmente agradável ou não, se vai atrair, repelir, chamar a atenção, provocar, passar tranqüilidade, agitação, força, confusão, rapidez, plenitude, paz, anarquia e as mais diversas emoções e sensações são universais e atemporais.
Ninguém vai descobrir uma nova regra, é como se algum dia algum cientista dissesse que a lei da gravidade está com os dias contados.
O que muda com o tempo é a forma de as utilizar, de manipular, aumentando o domínio que temos sobre as ferramentas que manipulam essas leis.
Uma imagem que foi feita no século XIV e que na época causava impacto pela beleza, vai causar o mesmo impacto enquanto ela existir. Não importa quanto tempo leve, pois ela segue, sempre seguiu e sempre seguirá regras universais e atemporais para causar o impacto que causa.
Uma coisa eu digo, se a ilustração um dia deixar de existir, é por culpa dos ilustradores que assim acreditaram, que perderam as suas raízes, a sua lógica e não fizeram com que a ilustração deles mantivesse o valor e agregasse as novas necessidades. E deixaram pra trás os motivos que a fizeram ser uma arte, e uma arte com utilidade.
Se um dia o ilustrador morrer, é porque ouviu e acreditou naquilo que não devia.
É impressionante como um ilustrador, ao ver a oportunidade de falar algo na imprensa sempre se reveste da túnica do mensageiro do apocalipse.
Faz tempo que eu não vejo um ilustrador valorizar sua arte, valorizar sua profissão. Faz tempo que eu não vejo um ilustrador demonstrar publicamente que acredita naquilo que faz.
Como então querer que os outros te reconheçam, te valorizem, se ele mesmo é incapaz de fazer isso consigo mesmo?
13.4.09
Dinheiro Bom
É inegável que todo mundo pensa em conseguir uma forma de se ganahar dinheiro. Aliás, ganhar dinheiro, fazer sexo e ser notado costumam ser coisas bastante habitada na cabeça das pessoas.
No caso, iremos tratar apenas do primeiro item.
Eu duvido que exista alguém ao estilo Forrest Gump, aonde as coisas acontecem à sua volta e o cara apenas entre de gaiato, e ainda por cima tirando vantagem da situação sem consciência de que está tirando vantagem.
Em geral, a gente costuma depois de uma época de reclusão, inação ou qualquer coisa que o valha, adotar um caminho a seguir levando em consideração o leitinho das crianças.
Na maioria dos casos é uma atividade não exatamente ilegal, somente quando não há possibilidade de encontrar alguma atividade legal que saibamos ou nos interessamos em fazer é que acabamos escolhendo qualquer porcaria ilegal, desde traga dinheiro.
No entanto, mesmo entre as "legais", o que não falta é oportunidade de se fazer a coisa "certa" de maneira "não tão certa".
Aí a gente entra numa questão um pouco mais profunda que não tem ligação com o que "fazer", mas "como fazer".
Você pode ser um comerciante, por exemplo, que tem suas dificuldades para andar nos eixos, pagar suas contas, seus impostos (que são uma barbaridade de altos) empregados, fonecedores, etc. Ou ser um comerciante que para que "compense" continuar na atividade de comerciante perceba que somente isso é possível se adulterar algum controle de caixa, contratar funcionários por umvalor e registrar na carteira outro mais baixo para pagar menos imposto e de vez em quando dar uma canseira nos fornecedores para fazer "saldo médio" no banco.
De certa forma, o segundo comportamento pode ser justificado pelas falha do sistema, a carga tributária pesadíssima, os funcionários que não são assim tão aplicados no trabalho ou a fornecedor que também já mandou embora todos os empregados e agora fabirca na China por menos da metade do custo de produção que tinha antes cobrando a mesma coisa pelo produto.
Aí é aonde reside todo o problema da nossa sociedade e aonde ela se corroe: O erro alheio invariavelmente nos serve de estímulos e desculpa para que cometamos os nossos erros e nos garanta que ninguém, em lugar nenhum nos coloque o dedo na cara.
Vivemos numa época aonde a virtude precisa ser acima de tudo, aparente. mas no frigir dos ovos, quando todos se despem de suas "máscaras" todos estão igualmente na mesma situação deplorável.
O que será que isso pode significar, de verdade?
Eu sugiro que isso nos demonstra alguns pontos:
1- As pessoas não amam o que fazem - apenas amam o resultado daquilo que fazem. Por isso, se em algum momento tiverem a oportunidade de receberem o resultado daquilo que fazem por menos esforço, por se fazer algo até mesmo reprovável, ou se receber mais para fazer qualquer coisa mesmo, a pessoa nem vai pensar duas vezes antes de pular fora. E sem correr o risco de sentir o mínimo peso na consciência por isso.
2- As pessoas não acreditam no mérito pelo esforço - acreditam no dinheiro no bolso e na fama. As vias pelas quais se chega a esse objetivo, é apenas um mísero detalhe.
3- As pessoas não acreditam em bem e mal - não acreditam em Deus, em reencarnação, em Justiça Divina, em Jesus, em Buda, em nada. Morreu acabou. Não tem céu nem inferno. O ser humano dessa maneira pode muito bem se dar ao luxo de ser o mais selvagem animal que já pisou a crosta terrestre, com requintes absurdos de crueldade, pois apenas vale a satisfação de seus desejos, de seus caprichos e que vença o menos trouxa. Sem que percebamos, retrocedemos até a idade da pedra, somos trogloditas em cavernas verticais. Agora, quando somos nós as vítimas...
4- As pessoas acreditam não terem culpa pelos seus erros (cômodo isso, não?) - a culpa é da mãe, do pai, do irmão, tudo começou quando eu era cirança pequena lá em Sorocaba, o mundo me forçou a ser malandro, as pessoas me provocam, o sistema é injusto e me fez ser o que eu sou, se as pessoas fossem diferentes, se o mundo fosse diferente, se o sistema fosse diferente...
Uma coisa é certa, o mundo não é perfeito, as pessoas não são perfeitas, nós não somos perfeitos. Mas a coisa acaba por aí. Antes de nescermos o mundo já existia, não é verdade, e quando deixarmos essa terra, quando a gente bater com a alcatra na terra o mundo vai continuar existindo, não é verdade? Como era o mundo quando nele entramos? Como será o mundo quando deixarmso ele? Aliás, quando deixarmos, será que podemos percebem qual a contribuição demos a ele? Por nossa causa o mundo será melhor ou pior? Eu não estou querendo saber se o mundo vai reconhecer meu esforço, muito menos se eu serei uma espécie de manda chuva global, porque TODOS constroem ou destroem um pouco o mundo, só que alguns tem a chance de ciusar maior impacto, outros causam impacto menor.
Tanto eu, você, o presidente da república, o mendigo lá fora, o vnededor de cachorro quente, o grande mepresário, a dona de casa... TODOS estamos mudando o mundo. Sempre! Enquanto estivermos respirando, estamos interagindo e resultando um mundo diferente.
Se melhor ou pior, aí é problema da gente.
Pois na maioria das vezes pensamos no dinheiro, que paga nossas contas, nos permite comer uma pizza no final de semana, comprar uma roupa nova, ter conforto na vida. Mas, o que fazemos para conseguir comer a pizza do final de semana? E quantas vezes encontramos alguém que não consegue comer uma pizza de final de semana e pensamos: esse aí é trouxa?
Acontece que, embora pensar no dinhero que irá nos auxiliar o sustento, muito justo, na grande maioria das vezes despresamos algumas pequenas características como: Esse dinheiro foi gerado pelo suor de um trabalho honesto? Foi gerado pela discórdia e pela mágoa de pessoas que se sentiram lesadas? Foi fruto de uma atividade que trouxe alívio para aquelas pessoas que dispenderam desse dinheiro? Qual é a energia que esse dinheiro traz?
Aliás, qual pode ser a consequência da energia que esse dinheiro tem impregnado nele?
Quanta fortuna fruto de desavenças, carregadas de ódio e mágoa não trazem, junto consigo, coincidentemente doença, desavenças familiares e pequenos incômodos que nos tirar a o equilíbrio, e, as vezes noites de sono?
Fazer o bem, se levado por esse ângulo toma um caráter aonde nossa responsabilidade vai mais além, não basta simplesmente falar palavrinhas de conforto, ser educado, mas é preciso que até mesmo nos atos que nos garantem o sustendo e a estabilidade financeira estejamos munidos de ações construtivas, e não somente construtivas para nós, mas para quantas forem as pessoas em quem esse dinheiro terá esbarrado.
Dinheiro ganho com trabalho feito com reclamação, queixas e murmúrios parace não durar muito, assim como dinheiro vindo de alguma atividade que insuflou inveja, raiva e revolta parece trazer consigo o germem da não prosperidade, mas das desavenças, dos desentendimentos.
Eu demorei para entender um pouco sobre isso, quanto trabalho me trouxe preocupações mil e o dinheiro, embora farto foi fluído e não perdurou em meu poder, quanto trabalho, embora tenho podido me sustentar o suficiente para não passar fome, me trouxe vitalidade, ânimo de vida; quanto trabalho por mais insignificante que me parecesse não me fez um bem danado, me trazendo inclusive outros trabalhos?
Quantos trabalhos grandes sucitaram apenas a inveja de pesoas gananciosas e não me trouxeram qualquer benefício, nem mesmo material...
O problema é que não apenas mudamos o mundo, mas de acordo da forma como mudamos o mundo, o mundo nos muda. tudo o que está a nossa vlota reflete nossos atos, somos vítimas dos nossos entraves, sofremos pelo mal que semeamos, colhemos os frutos que plantamos sempre. Somos atingido pelos monstros que acreditamos que existem, somos vítimas dos males que alimentamos. Quem tem medo de sofre, curiosamente sofre mais do que aqueles que não se preocupam com isso, simplesmente porque "criam" sofrimento em mais ocasiões do que as pessoas que não estão exatamente ligando para o sofrimento.
Temos tanto medo de perdermos a liberdade, que tolhemos nossa liberdade voluntariamente. Temos tanto medo de sermos sermos passados para trás que nos escondemos e o mundo todo nos passa para trás.
Temos tanto medo de não ter dinheiro que o dinheiro não nos chega, e quando chega, não fica. Temos escrúpulos mil e na maioria das vezes escolhemos ganhar dinheiro fazendo dinheiro sem produzir riquesa, sem produzir arte ou cultura, somente em cima de alguma especulação. Acontece que especulação gera mais especulação, e na contramão disso tudo sofremos as mesmas especulações que nos dilapidam o saldo em nossas contas. Quando produzimos alguma coisa que nos dê dinheiro, mesmo sendo pouco, essa produção justamente nos leva a ter mais produção, nos impele a produzir mais, e o dinheiro acaba sendo uma consequência simples e natural.
Quando o dinheiro nos vem com alguma atividade que engrandece, mais engrandecidos ficamos por perceber que somos protegidos por essa atividade. Quando criamos a oportunidade de uma pessoa sonhar, criar coragem, ter forças, esquecer as dificuldades e continuar, adquirimos essa mesma oportunidade de sonhar, essa coragem e força que empregamos em nosso trabalho de volta.
Podemos, no entanto empregar e doar aquilo que bem entendermos. Precisamos, no entanto, conscientemente escolher se vamos construir ou destruir o mundo, pois uma coisa é certa: se não temos culpa pelo mundo que encontramos, temos pelo mundo que deixamos, e ele irá voltar até nós, pois criamos o mundo a nossa imagem e semelhança. Ele apenas reflete aquilo que somos, por isso merecemos o mundo aonde vivemos.
Para viver em um mundo melhor precisamos criar um mundo melhor, alimentar um mundo melhor, proporcionar o mundo melhor para que esse mundo nos proporcione uma vida melhor.
O bom dinheiro, por isso mesmo, é aquele gerado no exercício de um mundo melhor. Não aquele que tem mais zeros no lado direito.
No caso, iremos tratar apenas do primeiro item.
Eu duvido que exista alguém ao estilo Forrest Gump, aonde as coisas acontecem à sua volta e o cara apenas entre de gaiato, e ainda por cima tirando vantagem da situação sem consciência de que está tirando vantagem.
Em geral, a gente costuma depois de uma época de reclusão, inação ou qualquer coisa que o valha, adotar um caminho a seguir levando em consideração o leitinho das crianças.
Na maioria dos casos é uma atividade não exatamente ilegal, somente quando não há possibilidade de encontrar alguma atividade legal que saibamos ou nos interessamos em fazer é que acabamos escolhendo qualquer porcaria ilegal, desde traga dinheiro.
No entanto, mesmo entre as "legais", o que não falta é oportunidade de se fazer a coisa "certa" de maneira "não tão certa".
Aí a gente entra numa questão um pouco mais profunda que não tem ligação com o que "fazer", mas "como fazer".
Você pode ser um comerciante, por exemplo, que tem suas dificuldades para andar nos eixos, pagar suas contas, seus impostos (que são uma barbaridade de altos) empregados, fonecedores, etc. Ou ser um comerciante que para que "compense" continuar na atividade de comerciante perceba que somente isso é possível se adulterar algum controle de caixa, contratar funcionários por umvalor e registrar na carteira outro mais baixo para pagar menos imposto e de vez em quando dar uma canseira nos fornecedores para fazer "saldo médio" no banco.
De certa forma, o segundo comportamento pode ser justificado pelas falha do sistema, a carga tributária pesadíssima, os funcionários que não são assim tão aplicados no trabalho ou a fornecedor que também já mandou embora todos os empregados e agora fabirca na China por menos da metade do custo de produção que tinha antes cobrando a mesma coisa pelo produto.
Aí é aonde reside todo o problema da nossa sociedade e aonde ela se corroe: O erro alheio invariavelmente nos serve de estímulos e desculpa para que cometamos os nossos erros e nos garanta que ninguém, em lugar nenhum nos coloque o dedo na cara.
Vivemos numa época aonde a virtude precisa ser acima de tudo, aparente. mas no frigir dos ovos, quando todos se despem de suas "máscaras" todos estão igualmente na mesma situação deplorável.
O que será que isso pode significar, de verdade?
Eu sugiro que isso nos demonstra alguns pontos:
1- As pessoas não amam o que fazem - apenas amam o resultado daquilo que fazem. Por isso, se em algum momento tiverem a oportunidade de receberem o resultado daquilo que fazem por menos esforço, por se fazer algo até mesmo reprovável, ou se receber mais para fazer qualquer coisa mesmo, a pessoa nem vai pensar duas vezes antes de pular fora. E sem correr o risco de sentir o mínimo peso na consciência por isso.
2- As pessoas não acreditam no mérito pelo esforço - acreditam no dinheiro no bolso e na fama. As vias pelas quais se chega a esse objetivo, é apenas um mísero detalhe.
3- As pessoas não acreditam em bem e mal - não acreditam em Deus, em reencarnação, em Justiça Divina, em Jesus, em Buda, em nada. Morreu acabou. Não tem céu nem inferno. O ser humano dessa maneira pode muito bem se dar ao luxo de ser o mais selvagem animal que já pisou a crosta terrestre, com requintes absurdos de crueldade, pois apenas vale a satisfação de seus desejos, de seus caprichos e que vença o menos trouxa. Sem que percebamos, retrocedemos até a idade da pedra, somos trogloditas em cavernas verticais. Agora, quando somos nós as vítimas...
4- As pessoas acreditam não terem culpa pelos seus erros (cômodo isso, não?) - a culpa é da mãe, do pai, do irmão, tudo começou quando eu era cirança pequena lá em Sorocaba, o mundo me forçou a ser malandro, as pessoas me provocam, o sistema é injusto e me fez ser o que eu sou, se as pessoas fossem diferentes, se o mundo fosse diferente, se o sistema fosse diferente...
Uma coisa é certa, o mundo não é perfeito, as pessoas não são perfeitas, nós não somos perfeitos. Mas a coisa acaba por aí. Antes de nescermos o mundo já existia, não é verdade, e quando deixarmos essa terra, quando a gente bater com a alcatra na terra o mundo vai continuar existindo, não é verdade? Como era o mundo quando nele entramos? Como será o mundo quando deixarmso ele? Aliás, quando deixarmos, será que podemos percebem qual a contribuição demos a ele? Por nossa causa o mundo será melhor ou pior? Eu não estou querendo saber se o mundo vai reconhecer meu esforço, muito menos se eu serei uma espécie de manda chuva global, porque TODOS constroem ou destroem um pouco o mundo, só que alguns tem a chance de ciusar maior impacto, outros causam impacto menor.
Tanto eu, você, o presidente da república, o mendigo lá fora, o vnededor de cachorro quente, o grande mepresário, a dona de casa... TODOS estamos mudando o mundo. Sempre! Enquanto estivermos respirando, estamos interagindo e resultando um mundo diferente.
Se melhor ou pior, aí é problema da gente.
Pois na maioria das vezes pensamos no dinheiro, que paga nossas contas, nos permite comer uma pizza no final de semana, comprar uma roupa nova, ter conforto na vida. Mas, o que fazemos para conseguir comer a pizza do final de semana? E quantas vezes encontramos alguém que não consegue comer uma pizza de final de semana e pensamos: esse aí é trouxa?
Acontece que, embora pensar no dinhero que irá nos auxiliar o sustento, muito justo, na grande maioria das vezes despresamos algumas pequenas características como: Esse dinheiro foi gerado pelo suor de um trabalho honesto? Foi gerado pela discórdia e pela mágoa de pessoas que se sentiram lesadas? Foi fruto de uma atividade que trouxe alívio para aquelas pessoas que dispenderam desse dinheiro? Qual é a energia que esse dinheiro traz?
Aliás, qual pode ser a consequência da energia que esse dinheiro tem impregnado nele?
Quanta fortuna fruto de desavenças, carregadas de ódio e mágoa não trazem, junto consigo, coincidentemente doença, desavenças familiares e pequenos incômodos que nos tirar a o equilíbrio, e, as vezes noites de sono?
Fazer o bem, se levado por esse ângulo toma um caráter aonde nossa responsabilidade vai mais além, não basta simplesmente falar palavrinhas de conforto, ser educado, mas é preciso que até mesmo nos atos que nos garantem o sustendo e a estabilidade financeira estejamos munidos de ações construtivas, e não somente construtivas para nós, mas para quantas forem as pessoas em quem esse dinheiro terá esbarrado.
Dinheiro ganho com trabalho feito com reclamação, queixas e murmúrios parace não durar muito, assim como dinheiro vindo de alguma atividade que insuflou inveja, raiva e revolta parece trazer consigo o germem da não prosperidade, mas das desavenças, dos desentendimentos.
Eu demorei para entender um pouco sobre isso, quanto trabalho me trouxe preocupações mil e o dinheiro, embora farto foi fluído e não perdurou em meu poder, quanto trabalho, embora tenho podido me sustentar o suficiente para não passar fome, me trouxe vitalidade, ânimo de vida; quanto trabalho por mais insignificante que me parecesse não me fez um bem danado, me trazendo inclusive outros trabalhos?
Quantos trabalhos grandes sucitaram apenas a inveja de pesoas gananciosas e não me trouxeram qualquer benefício, nem mesmo material...
O problema é que não apenas mudamos o mundo, mas de acordo da forma como mudamos o mundo, o mundo nos muda. tudo o que está a nossa vlota reflete nossos atos, somos vítimas dos nossos entraves, sofremos pelo mal que semeamos, colhemos os frutos que plantamos sempre. Somos atingido pelos monstros que acreditamos que existem, somos vítimas dos males que alimentamos. Quem tem medo de sofre, curiosamente sofre mais do que aqueles que não se preocupam com isso, simplesmente porque "criam" sofrimento em mais ocasiões do que as pessoas que não estão exatamente ligando para o sofrimento.
Temos tanto medo de perdermos a liberdade, que tolhemos nossa liberdade voluntariamente. Temos tanto medo de sermos sermos passados para trás que nos escondemos e o mundo todo nos passa para trás.
Temos tanto medo de não ter dinheiro que o dinheiro não nos chega, e quando chega, não fica. Temos escrúpulos mil e na maioria das vezes escolhemos ganhar dinheiro fazendo dinheiro sem produzir riquesa, sem produzir arte ou cultura, somente em cima de alguma especulação. Acontece que especulação gera mais especulação, e na contramão disso tudo sofremos as mesmas especulações que nos dilapidam o saldo em nossas contas. Quando produzimos alguma coisa que nos dê dinheiro, mesmo sendo pouco, essa produção justamente nos leva a ter mais produção, nos impele a produzir mais, e o dinheiro acaba sendo uma consequência simples e natural.
Quando o dinheiro nos vem com alguma atividade que engrandece, mais engrandecidos ficamos por perceber que somos protegidos por essa atividade. Quando criamos a oportunidade de uma pessoa sonhar, criar coragem, ter forças, esquecer as dificuldades e continuar, adquirimos essa mesma oportunidade de sonhar, essa coragem e força que empregamos em nosso trabalho de volta.
Podemos, no entanto empregar e doar aquilo que bem entendermos. Precisamos, no entanto, conscientemente escolher se vamos construir ou destruir o mundo, pois uma coisa é certa: se não temos culpa pelo mundo que encontramos, temos pelo mundo que deixamos, e ele irá voltar até nós, pois criamos o mundo a nossa imagem e semelhança. Ele apenas reflete aquilo que somos, por isso merecemos o mundo aonde vivemos.
Para viver em um mundo melhor precisamos criar um mundo melhor, alimentar um mundo melhor, proporcionar o mundo melhor para que esse mundo nos proporcione uma vida melhor.
O bom dinheiro, por isso mesmo, é aquele gerado no exercício de um mundo melhor. Não aquele que tem mais zeros no lado direito.
7.4.09
Perdi um Mestre
Nessa vida é tão difícil encontrar pessoas com inteligência, moral, coerência e firmesa, que quando aparece algum pessoa com o mínimo de capacidade intelectual, temos a impressão de que encontramos um ser de outro mundo, quanto mais quando por algum motivo qualquer temos a sorte de encontrar em nossa vida algum ser realmente excepcional, muitas vemos sequer percebemos que essas pessoas a são.
Na minha vida, até hoje, eu considero quatro pessoas com quem eu tive a oportunidade de cruzar o meu destino como excepcionais, somente não gostaria no momento de dizer os nomes, acredito que essas pessoas sabem que eu as considero mestres, pois foram pessoas que me mostraram muitas coisas, pessoas com quem eu muito aprendi e, se hoje eu posso ser considerado alguma coisa que preste, eu posso dizer com toda certeza que essas pessoas muito contribuiram para as qualidades que eu possa pelo menos hipoteticamente ter.
Só que hoje, eu perdi a oportunidade de continuar a ter contato fisicamente com um desses mestres. Foi o último mestre que eu tive, uma pessoa que me ensinou tanto, mais tanto conhecimento, tanta coisa, uma pessoa que proporcionou tanto aprendizado nos últimos anos a ponto de eu conhecer muito mais sobre mim, sobre o mundo, sobre as coisas, sobre as leis que regem o universo, sobre os mistérios da vida, de Deus e dos homens no que em todos os anos de minha vida.
Com esse mestre eu tive acesso ao último segredo da humanidade, o segredo sobre si próprio, seu destino, sua origem, sobre o objetivo e sobre como aprender a aprender.
Uma pessoa rara, como poucos na terra são. Uma pessoa bastante dura quando se conhece logo de início, mais parece uma rocha intransponível, alguém que ao ouvir uma frase sua é capaz de gritar “Burro!!” e depois te provar por A mais B , de acordo com as mais variadas teorias e ciências o porque ele está te chamando de burro a ponto de você apenas admitir que é realmente burro.
Muitas pessoas que se consideram grandes doutores, sabedores de muita ciência e filosofia foram chamadas de burro por esse mestre, que sempre provou a todos os “burros” que cruzaram o seu caminho que eles eram ainda muito menos do que aquilo que eles acreditavam ser, e por isso mesmo foi odiado por tantos.
Um ser de rara inteligência, mas em alguns momentos incapaz de conviver com mentes simplesmente comuns, tal era o seu grau de capacidade. Um homem capaz de se fazer o mais reles materialista para não ofender nem o mais reles materialista, capaz de se fazer o mais reles capitalista para não ofender nem o mais reles capitalista, capaz de se fazer um reles preconceituoso para não ofender o mais reles preconceituoso, capaz de se fazer um reles mortal para não ofender nem mesmo o mais reles mortal.
Mas o fato é que ele amava as situações simples da vida, amava as amizades fáceis e sinceras, amava a vida com todos os problemas que ela contém, a ponto de inclusive criar problemas somente para que eles existam, sem mesmo saber porque ele os criava.
Respondia, quando interpelado “porque você faz isso?" apenas com um “sei lá, frescura...” Acontece que essas frescuras dele, o fazia um ser único, capaz de ir aos Estados Unidos só para comprar cueca e ter uma cueca nova para mostrar aos amigos de futebol no vestiário.
Pois ele sempre foi assim, embora a princípio se parecesse um grande mal humorado, agressivo e misantropo, ao conhecê-lo mais de perto, ele se revelava um verdadeiro amante da vida, da vida boa, da vida simples, da vida plena, uma verdadeira criança num corpo de mais de setenta anos, uma criança que corre de carro, uma criança que gosta de barco, uma criança que bebe, que fuma, que joga, que ri, que conta piada, que tem humor e que nunca fez a mínima questão em se parecer inteligente, sensível, honesto. Para ele bastava ser, não mostrar aos outros que era.
Quanto temos que aprender com pessoas assim, e quanto tempo irá demorar para voltar a encontrar alguém assim.
Minha preocupação agora é em saber se ele está bem, se será possível continuar o seu caminho sem maiores sofrimentos e se os seus podem se sentir confortados pela dor de sua perda.
Lamento apenas pelas poucas palavras, pensamentos e raciocínios que deixou escrito, pois o fruto de sua razão é ouro puro, o mais puro e mais valioso, pois nunca perece e ninguém irá um dia roubar.
Todos os que tiveram a sorte e o encontrar e de receber dele a maior riquesa que poderia dar a uma pesssoa, que é a sua inteligência, sua presença de espírito; continuarão, agora não mais como alunos ou aprendizes, mas pessoas que tentarão viver, agir e ensinar tudo o que dele pode nos oferecer.
Como ele mesmo nunca gostou e nem admitiu elogios, a ponto de muitas vezes se transformar no bicho mais selvagem que pode existir somente para provar que nunca foi merecedor de qualquer elogio, vou terminando aqui meu texto.
Mas, não sem antes dizer:
Obrigado, Paulo Oliveira.
Na minha vida, até hoje, eu considero quatro pessoas com quem eu tive a oportunidade de cruzar o meu destino como excepcionais, somente não gostaria no momento de dizer os nomes, acredito que essas pessoas sabem que eu as considero mestres, pois foram pessoas que me mostraram muitas coisas, pessoas com quem eu muito aprendi e, se hoje eu posso ser considerado alguma coisa que preste, eu posso dizer com toda certeza que essas pessoas muito contribuiram para as qualidades que eu possa pelo menos hipoteticamente ter.
Só que hoje, eu perdi a oportunidade de continuar a ter contato fisicamente com um desses mestres. Foi o último mestre que eu tive, uma pessoa que me ensinou tanto, mais tanto conhecimento, tanta coisa, uma pessoa que proporcionou tanto aprendizado nos últimos anos a ponto de eu conhecer muito mais sobre mim, sobre o mundo, sobre as coisas, sobre as leis que regem o universo, sobre os mistérios da vida, de Deus e dos homens no que em todos os anos de minha vida.
Com esse mestre eu tive acesso ao último segredo da humanidade, o segredo sobre si próprio, seu destino, sua origem, sobre o objetivo e sobre como aprender a aprender.
Uma pessoa rara, como poucos na terra são. Uma pessoa bastante dura quando se conhece logo de início, mais parece uma rocha intransponível, alguém que ao ouvir uma frase sua é capaz de gritar “Burro!!” e depois te provar por A mais B , de acordo com as mais variadas teorias e ciências o porque ele está te chamando de burro a ponto de você apenas admitir que é realmente burro.
Muitas pessoas que se consideram grandes doutores, sabedores de muita ciência e filosofia foram chamadas de burro por esse mestre, que sempre provou a todos os “burros” que cruzaram o seu caminho que eles eram ainda muito menos do que aquilo que eles acreditavam ser, e por isso mesmo foi odiado por tantos.
Um ser de rara inteligência, mas em alguns momentos incapaz de conviver com mentes simplesmente comuns, tal era o seu grau de capacidade. Um homem capaz de se fazer o mais reles materialista para não ofender nem o mais reles materialista, capaz de se fazer o mais reles capitalista para não ofender nem o mais reles capitalista, capaz de se fazer um reles preconceituoso para não ofender o mais reles preconceituoso, capaz de se fazer um reles mortal para não ofender nem mesmo o mais reles mortal.
Mas o fato é que ele amava as situações simples da vida, amava as amizades fáceis e sinceras, amava a vida com todos os problemas que ela contém, a ponto de inclusive criar problemas somente para que eles existam, sem mesmo saber porque ele os criava.
Respondia, quando interpelado “porque você faz isso?" apenas com um “sei lá, frescura...” Acontece que essas frescuras dele, o fazia um ser único, capaz de ir aos Estados Unidos só para comprar cueca e ter uma cueca nova para mostrar aos amigos de futebol no vestiário.
Pois ele sempre foi assim, embora a princípio se parecesse um grande mal humorado, agressivo e misantropo, ao conhecê-lo mais de perto, ele se revelava um verdadeiro amante da vida, da vida boa, da vida simples, da vida plena, uma verdadeira criança num corpo de mais de setenta anos, uma criança que corre de carro, uma criança que gosta de barco, uma criança que bebe, que fuma, que joga, que ri, que conta piada, que tem humor e que nunca fez a mínima questão em se parecer inteligente, sensível, honesto. Para ele bastava ser, não mostrar aos outros que era.
Quanto temos que aprender com pessoas assim, e quanto tempo irá demorar para voltar a encontrar alguém assim.
Minha preocupação agora é em saber se ele está bem, se será possível continuar o seu caminho sem maiores sofrimentos e se os seus podem se sentir confortados pela dor de sua perda.
Lamento apenas pelas poucas palavras, pensamentos e raciocínios que deixou escrito, pois o fruto de sua razão é ouro puro, o mais puro e mais valioso, pois nunca perece e ninguém irá um dia roubar.
Todos os que tiveram a sorte e o encontrar e de receber dele a maior riquesa que poderia dar a uma pesssoa, que é a sua inteligência, sua presença de espírito; continuarão, agora não mais como alunos ou aprendizes, mas pessoas que tentarão viver, agir e ensinar tudo o que dele pode nos oferecer.
Como ele mesmo nunca gostou e nem admitiu elogios, a ponto de muitas vezes se transformar no bicho mais selvagem que pode existir somente para provar que nunca foi merecedor de qualquer elogio, vou terminando aqui meu texto.
Mas, não sem antes dizer:
Obrigado, Paulo Oliveira.
3.4.09
Aos Iniciantes
Algumas vezes eu vejo, nesse mercado de ilustração, tão vilipendiado por ilustradores dos naipes mais esdrúxulos que se pode haver, algumas iniciativas isoladas de pessoas com intenções puras.
Algumas vezes eu me surpreendo com o fruto de iniciantes com o vigor e a inocência da primeira idade, que ainda não foram contaminados pelo câncer do egocentrismo e nutrem em si sonhos socializados de socializar o acesso, o conhecimento, a informação, o debate e o desenvolvimento do mercado de ilustração pelos ilustradores.
Invariavelmente, costumam trombar com as figuras já conhecidas, macacos velhos que vivem de marketing pessoal, se auto intitulando salvadores da pátria que “vendem” suas iniciativas (muitas delas, que nem própria é) como a solução definitiva para todos os problemas.
A solução, antes de mais nada, se faz necessário dizer que de maneira absoluta está mais fácil de ser uma quimera do que uma realidade, porque um mercado é feito de pessoas, indivíduos, e ainda mais quando se fala em ilustração, o indivíduo se sente e se faz cada vez mais “indivíduo” mesmo, pois não consegue ter disciplina e grandiosidade de caráter para deixar de ser uma pessoa, um artista, “o cara” para ser apenas parte de um grupo.
Vemos todos os dias pulularem manifestações de grupos de indivíduos, mas com extrema dificuldade vemos manifestações de grupos, pessoas anônimas que juntos fazem a diferença. E o ilustrado, no fundo não quer ser anônimo, que ser apontado, admirado, reconhecido, quer ter seu ego massageado e fazer parte de uma “colméia” seria a morte de sua individualidade como “abelha rainha”.
Temos um exército de “abelhas rainhas”, algumas abelhas rainhas maiores, mais forte, outras abelhas já são mais mirradinhas, mas todas são rainhas.
Eu mesmo confesso que essa dificuldade em formar um grupo, aonde cada um contribua diariamente para colocar o seu tijolinho e construir alguma coisa aonde méritos e culpas sejam de todos me fez afastar me por completo de qualquer aglomeração. No entanto, eu observo, com olhos que não são meus, mas ainda assim aguardo o momento em que uma geração regenerada um dia apareça, disposta a simplesmente trabalhar. Colocar a mão na massa independente de quem vai levar a fama por ter feito o quê.
E ainda hoje vejo, algumas iniciativas, pessoas bem intencionadas, com sinceridade, mas que falta a elas a experiência, o conhecimento, a vivência. No final das contas, apesar da boa vontade elas se ajudam, se esclarecem e aos poucos se fortalecem, mas ainda falta o apoio, a visão, o contato com o passado, com algumas tradições, a história do profissão, o porque da origem das coisas, como técnicas, estilos, e demandas de mercado.
Também falta (e como falta), sempre faltou na verdade, uma visão ou uma oportunidade para que os ilustradores que se aventuram nesse mercado ingrato tenham domínio não somente da parte técnica e artística da profissão, mas da parte prática. Como administrar? Como tomar conta das nossas contas? Como gerir seu trabalho como uma empresa? Como ser empreendedor? Como abrir mercado? Como analisar o mercado, suas tendências, saber se antecipar aos acontecimentos e estar a frente, ditando regras, tendências, ao invés de simplesmente aceitar as regras que alguém um dia impôs para você?
Como fazer para ser um vendedor, uma administrador, um gerenciador, uma pessoa que trabalha com recursos, com elementos, que precise escolher as melhores peças para se montar um quebra cabeça de acordo não só com a realidade de mercado, mas a realidade dos clientes?
A falta de ouvir preocupações como essa me fez e ainda me faz afastar de muitos colegas de profissão. A coisa mais insuportável que existe é você ver um bando de marmanjos reclamando da vida, e ninguém tendo idéias, analisando possíveis soluções. O pior de tudo, é que, quando alguém aparece com uma possível solução, ninguém acredita nessa pessoa, tão aficionados essas pessoas estão em focar no problema. Isso quando a própria pessoa por si só já não desacredita nas suas idéias.
Já é tão difícil ouvir um sim, num país aonde as pessoas estão acostumadas a acreditar que a coisa é ruim, o sistema é injusto, a corrupção sempre existiu e sempre existirá, e dessa maneira todos vivem suas vidas simplesmente se adaptando a “regras” em que a esperança, o esforço e a confiança no futuro somente se faz presente em pessoas que encontram alguma grande fonte estatal de recurso para se encostar.
É um comportamento herdado dos primatas, pois esses nossos parentes distante, tem um medo tremendo de água, de ar, até do chão. Somente se sentem confortáveis me cima de galhos, aonde podem ver tudo o que acontece, fazem qualquer coisa, inclusive provocam animais mais fortes do que ele, mas tem a opção de se esconderem atrás da folhagem ou pular para outro galho, caso a coisa fique preta.
Parece que nesse país, estamos ainda mais próximos dos chimpanzés, pois vemos invariavelmente esse tipo de comportamento se repetindo, e muitas pessoas sem que saibam, revivem o comportamento dos seus ancestrais mais remotos.
Entre ilustradores isso se amplifica, basta ver quando muitos ilustradores se juntam.
Nada contar o encontro em si, um encontro é apenas um encontro, mas é inegável o clima de primitividade, oriunda do comportamento tão pouco humano de algumas pessoas.
E porque um comportamento tão pouco humano em coletividade? Talvez porque o animal (não me refiro aos chimpanzés e nem aos gorilas) em questão seja, na verdade avesso ao relacionamento harmonioso em grupo, preferem resgatar instintos primitivos em coletividade manifestando-se da forma descrita, quem sabe mesmo por suspeitarem que se vestissem a pele daquilo que são na verdade, talvez demonstrassem ser animais muito mais selvagens.
Alegria é sempre bom, diversão sempre é bom, mas alegria demais inebria o cérebro. É preciso rir da vida, rir da gente, mas o suficiente para descansar, retomar o fôlego, recobrar as forças e voltar a encarar a realidade, interagindo se possível de maneira positiva no mundo real. e depois da refrega, uma diversão e alegria para compensar os esforços de batalha.
Isso, se analisarmos bem, é muuuito primitivo, mas ainda assim é um comportamento de seres humanos.
Aliás, o ser humano só chegou aonde chegou porque soube se organizar, se aliar, equilibrar forças para derrotar as dificuldades do ambiente. Se hoje o ser humano subjuga o planeta a ponto de poder destruí-lo se utilizar sua força sem sabedoria, essa capacidade só se deve porque o ser humano soube, através do tempo se unir e se organizar.
Não como bando de símios, e nem como tribos nômades, mas como seres capazes de analisar o ambiente, agir em conjunto, tomar decisões e agir de acordo com as decisões tomadas.
O que eu espero, é que os novatos, não se recolham ao primitivismo simiesco da atividade, mas continuem preservando a boa vontade de discutir e auxiliar. Para vocês, eu manifesto minha vontade de conhecê-los todos e quem sabe, ter um dia, com bastante tempo para poder.
Não nos iludamos, a sofisticação de certos ambientes apenas maquiam os instintos animalizados do ser, o fato de alguém ter um carro assim ou assado, de se vestir assim ou assado, de falar com inúmeros rapapés não escondem os instintos do ser. A simplicidade ainda é o único caminho para a verdade, para as grandes conquistas. Quem tem aversão a simplicidade, tem medo que em vivendo a simplicidade revelem ao mundo sua verdadeira natureza.
Novatos, não se seduzam pelo luxo, nem pelos ouros de tolo da fama, da divulgação fácil e do trabalho para grandes clientes; não queiram ser mais do que são, se esforcem, trabalhem, estudem, desenhem, ilustrem, pintem, tenham idéias, ponham elas em prática, conheçam mais do que as coisas que apenas fazem parte das pranchetas, façam cada um de você a sua parte sem esperar que o outro faça a dele, pois o coletivo é feito de indivíduos e corrigindo o individuo o coletivo se corrigirá; e espero que saibam que é com grande prazer que eu quero conhecer vocês e poder trocar as minhas experiências com as suas, pois talvez eu tenha algo a acrescentar, fruto mais da vivência do que da capacidade, mas atualmente acredito ter muito mais a aprender.
Pois me corta o coração ver vocês, iniciantes bem intencionados, com fome e sede de conhecimento, de orientação e de união não serem levados a sério.
O mercado se um dia se regenerar, será porque faz parte dele uma maioria de pessoas conscientes e sérias. Se hoje o mercado está degenerado, é porque a maioria dos ilustradores que fazem parte dele são igualmente degenerados. Me incluo no bolo, mas sinceramente desejo mudar essa realidade.
Algumas vezes eu me surpreendo com o fruto de iniciantes com o vigor e a inocência da primeira idade, que ainda não foram contaminados pelo câncer do egocentrismo e nutrem em si sonhos socializados de socializar o acesso, o conhecimento, a informação, o debate e o desenvolvimento do mercado de ilustração pelos ilustradores.
Invariavelmente, costumam trombar com as figuras já conhecidas, macacos velhos que vivem de marketing pessoal, se auto intitulando salvadores da pátria que “vendem” suas iniciativas (muitas delas, que nem própria é) como a solução definitiva para todos os problemas.
A solução, antes de mais nada, se faz necessário dizer que de maneira absoluta está mais fácil de ser uma quimera do que uma realidade, porque um mercado é feito de pessoas, indivíduos, e ainda mais quando se fala em ilustração, o indivíduo se sente e se faz cada vez mais “indivíduo” mesmo, pois não consegue ter disciplina e grandiosidade de caráter para deixar de ser uma pessoa, um artista, “o cara” para ser apenas parte de um grupo.
Vemos todos os dias pulularem manifestações de grupos de indivíduos, mas com extrema dificuldade vemos manifestações de grupos, pessoas anônimas que juntos fazem a diferença. E o ilustrado, no fundo não quer ser anônimo, que ser apontado, admirado, reconhecido, quer ter seu ego massageado e fazer parte de uma “colméia” seria a morte de sua individualidade como “abelha rainha”.
Temos um exército de “abelhas rainhas”, algumas abelhas rainhas maiores, mais forte, outras abelhas já são mais mirradinhas, mas todas são rainhas.
Eu mesmo confesso que essa dificuldade em formar um grupo, aonde cada um contribua diariamente para colocar o seu tijolinho e construir alguma coisa aonde méritos e culpas sejam de todos me fez afastar me por completo de qualquer aglomeração. No entanto, eu observo, com olhos que não são meus, mas ainda assim aguardo o momento em que uma geração regenerada um dia apareça, disposta a simplesmente trabalhar. Colocar a mão na massa independente de quem vai levar a fama por ter feito o quê.
E ainda hoje vejo, algumas iniciativas, pessoas bem intencionadas, com sinceridade, mas que falta a elas a experiência, o conhecimento, a vivência. No final das contas, apesar da boa vontade elas se ajudam, se esclarecem e aos poucos se fortalecem, mas ainda falta o apoio, a visão, o contato com o passado, com algumas tradições, a história do profissão, o porque da origem das coisas, como técnicas, estilos, e demandas de mercado.
Também falta (e como falta), sempre faltou na verdade, uma visão ou uma oportunidade para que os ilustradores que se aventuram nesse mercado ingrato tenham domínio não somente da parte técnica e artística da profissão, mas da parte prática. Como administrar? Como tomar conta das nossas contas? Como gerir seu trabalho como uma empresa? Como ser empreendedor? Como abrir mercado? Como analisar o mercado, suas tendências, saber se antecipar aos acontecimentos e estar a frente, ditando regras, tendências, ao invés de simplesmente aceitar as regras que alguém um dia impôs para você?
Como fazer para ser um vendedor, uma administrador, um gerenciador, uma pessoa que trabalha com recursos, com elementos, que precise escolher as melhores peças para se montar um quebra cabeça de acordo não só com a realidade de mercado, mas a realidade dos clientes?
A falta de ouvir preocupações como essa me fez e ainda me faz afastar de muitos colegas de profissão. A coisa mais insuportável que existe é você ver um bando de marmanjos reclamando da vida, e ninguém tendo idéias, analisando possíveis soluções. O pior de tudo, é que, quando alguém aparece com uma possível solução, ninguém acredita nessa pessoa, tão aficionados essas pessoas estão em focar no problema. Isso quando a própria pessoa por si só já não desacredita nas suas idéias.
Já é tão difícil ouvir um sim, num país aonde as pessoas estão acostumadas a acreditar que a coisa é ruim, o sistema é injusto, a corrupção sempre existiu e sempre existirá, e dessa maneira todos vivem suas vidas simplesmente se adaptando a “regras” em que a esperança, o esforço e a confiança no futuro somente se faz presente em pessoas que encontram alguma grande fonte estatal de recurso para se encostar.
É um comportamento herdado dos primatas, pois esses nossos parentes distante, tem um medo tremendo de água, de ar, até do chão. Somente se sentem confortáveis me cima de galhos, aonde podem ver tudo o que acontece, fazem qualquer coisa, inclusive provocam animais mais fortes do que ele, mas tem a opção de se esconderem atrás da folhagem ou pular para outro galho, caso a coisa fique preta.
Parece que nesse país, estamos ainda mais próximos dos chimpanzés, pois vemos invariavelmente esse tipo de comportamento se repetindo, e muitas pessoas sem que saibam, revivem o comportamento dos seus ancestrais mais remotos.
Entre ilustradores isso se amplifica, basta ver quando muitos ilustradores se juntam.
Nada contar o encontro em si, um encontro é apenas um encontro, mas é inegável o clima de primitividade, oriunda do comportamento tão pouco humano de algumas pessoas.
E porque um comportamento tão pouco humano em coletividade? Talvez porque o animal (não me refiro aos chimpanzés e nem aos gorilas) em questão seja, na verdade avesso ao relacionamento harmonioso em grupo, preferem resgatar instintos primitivos em coletividade manifestando-se da forma descrita, quem sabe mesmo por suspeitarem que se vestissem a pele daquilo que são na verdade, talvez demonstrassem ser animais muito mais selvagens.
Alegria é sempre bom, diversão sempre é bom, mas alegria demais inebria o cérebro. É preciso rir da vida, rir da gente, mas o suficiente para descansar, retomar o fôlego, recobrar as forças e voltar a encarar a realidade, interagindo se possível de maneira positiva no mundo real. e depois da refrega, uma diversão e alegria para compensar os esforços de batalha.
Isso, se analisarmos bem, é muuuito primitivo, mas ainda assim é um comportamento de seres humanos.
Aliás, o ser humano só chegou aonde chegou porque soube se organizar, se aliar, equilibrar forças para derrotar as dificuldades do ambiente. Se hoje o ser humano subjuga o planeta a ponto de poder destruí-lo se utilizar sua força sem sabedoria, essa capacidade só se deve porque o ser humano soube, através do tempo se unir e se organizar.
Não como bando de símios, e nem como tribos nômades, mas como seres capazes de analisar o ambiente, agir em conjunto, tomar decisões e agir de acordo com as decisões tomadas.
O que eu espero, é que os novatos, não se recolham ao primitivismo simiesco da atividade, mas continuem preservando a boa vontade de discutir e auxiliar. Para vocês, eu manifesto minha vontade de conhecê-los todos e quem sabe, ter um dia, com bastante tempo para poder.
Não nos iludamos, a sofisticação de certos ambientes apenas maquiam os instintos animalizados do ser, o fato de alguém ter um carro assim ou assado, de se vestir assim ou assado, de falar com inúmeros rapapés não escondem os instintos do ser. A simplicidade ainda é o único caminho para a verdade, para as grandes conquistas. Quem tem aversão a simplicidade, tem medo que em vivendo a simplicidade revelem ao mundo sua verdadeira natureza.
Novatos, não se seduzam pelo luxo, nem pelos ouros de tolo da fama, da divulgação fácil e do trabalho para grandes clientes; não queiram ser mais do que são, se esforcem, trabalhem, estudem, desenhem, ilustrem, pintem, tenham idéias, ponham elas em prática, conheçam mais do que as coisas que apenas fazem parte das pranchetas, façam cada um de você a sua parte sem esperar que o outro faça a dele, pois o coletivo é feito de indivíduos e corrigindo o individuo o coletivo se corrigirá; e espero que saibam que é com grande prazer que eu quero conhecer vocês e poder trocar as minhas experiências com as suas, pois talvez eu tenha algo a acrescentar, fruto mais da vivência do que da capacidade, mas atualmente acredito ter muito mais a aprender.
Pois me corta o coração ver vocês, iniciantes bem intencionados, com fome e sede de conhecimento, de orientação e de união não serem levados a sério.
O mercado se um dia se regenerar, será porque faz parte dele uma maioria de pessoas conscientes e sérias. Se hoje o mercado está degenerado, é porque a maioria dos ilustradores que fazem parte dele são igualmente degenerados. Me incluo no bolo, mas sinceramente desejo mudar essa realidade.
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