A gente, na condição de brasileiro está acostumado, desde muito cedo a lançar mão de recursos alternativos para conseguirmos alcançar os nossos objetivos, uma vez que a conquista de inúmeras coisas são extremamente injustas.
Isso acontece no que diz respeito a educação, cultura, conhecimento tecnológico, conquistas sociais e benefícios das mais variadas naturezas.
Conseguir subir na vida, tanto do ponto de vista social quanto do ponto de vista profissional no Brasil é um verdadeiro parto. Vivemos numa sociedade, infelismente, que não foi talhada para ser uma terra de oportunidades. Vivemos ainda num país aonde existem pessoas afortunadas que nasceram em berço explêndido, com dinheiro, cultura e oportunidades e para essa pessoa, mesmo diante de uma má vontade em se realizar grandes conquistas, se consegue ter êxito com mais facilidade do que aquele que teve a infelicidade de sair das camadas mais humildes da população.
Vivemos numa sociedade muito pautada naquilo que cada um possui, honrarias, conta bancária, currículo, descendência e títulos e não da o devido valor as habilidades, conquistas, talentos, força de vontade e caráter.
Só que nos mais de 500 anos de história, esse país viveu numa realidade aonde estando tudo do jeito em que sempre esteve, nada pode existir de tão preocupante ou ameaçador, afinal de contas nós empre fomos subdesenvolvidos, sempre fomos uma espécie de povo de terceira linha, pessoas que nasceram para obedecer, para sermos servos, peões e, quem sabe, ficar feliz com alguma conquista no futebol.
De repente, de um tempo pra cá, houve, principalmente depois da crise que assolou o mundo em 2008, um panorama de crescimento no Brasil aonde algumas pessoas já começam a acreditar que é possível não apenas ser um obediente país de terceiro mundo, mas algo a mais, com maior independência econômica, tecnológica e cultural. Hoje se percebe que podemos ter uma identidade própria e nos impor no mundo de maneira construtiva.
Curiosamente toda essa tendência veio acompanhada de uma abertura de oportunidades, uma mudança mesmo que inicial da forma como os caminhos a serem traçados para dar a mais pessoas oportunidades de crescer, que devemos entender ainda como não sendo suficiente, e mesmo assim mudando e muito o panorama e a perspectiva de futuro entre cada um de nós.
No entanto, o que briga para que todas essas possibilidades sejam reais, na verdade reside em nós mesmos, na natureza da nossa sociedade. O brasileiro é um povo por natureza solícito, prestativo e amigável, mas falta algumas características importantes para fazer de nosso país algo homogêneo e melhor. Vivemos durante anos nos adaptando as dificuldades, em vários sentidos e nessas adaptações nos tornamos especialistas em encontrar saídas, espaço em excessões. Isso faz com que as pessoas que tenham ou um maior acesso a educação e cultura seja uma excessão, ou uma carga tributária mais justa uma outra excessão, ou maiores oportunidades outra excessão.
E nos esquecemos que ainda a regra geral é muito dura. Uma vez que as nossas necessidades foram resolvidas, não nos importamos se o resto da sociedade não desfruta dos mesmos privilégios que nós. Ainda somos muito egoístas.
Ajudamos com uma certa boa vontade na hora do desespero alheio quando alguém tem sua casa destruída pelas enchentas, mas não presamos para que as casas somente sejam construídas em áreas seguras. Nos indignamos com a criminalidade em bairros carentes aonde não existe acesso a educação, cultura e lazer, principalemtne se o fruto dessa carência for assaltar a nossa casa, mas na verdade nem nos preocupamos em oferecer para essas comunidades o acesso a educação, lazer e cultura.
Temos uma legislação com tantos detalhes para que um estabelecimento seja aberto, paradoxalmente quando abrimos um negócio qualquer procuramos apenas obedecer algo que entendemos o básico. E o pior disso é que qualquer um que queira seguir um pouco além daqui que entendemos ser o básico, aos nossos olhos e aos olhos de muitas outras pessoas são "trouxas".
Erramos pelo excesso de rigidez, pela dificuldade em fazer com que a nossa sociedade seja mais aberta e erramos por excesso de permissividade, aonde acreditamos que nós não precisamos fazer tanto para garantirmos a nossas conquistas.
Em resumo: somos rígidos demais para com o outro e moles demais para conosco mesmos.
E o reflexo é que muita gente pode ter chegado nesse ponto do texto e pensado com seus botões: mas aposto que ele não olha para os defeitos dele!
Gente! Falta humildade geral! Nenhum de nós e nem eu tenho moral para apontar os defeitos alheios, mas alguém e nesse caso sou eu quem está se prestando o papel de expor não o meu nem o seu defeito, mas o nosso.
Esse país será muito melhor no dia em que cada um de nós olhar para o seu próprio rabo e se esforçar para sermos pessoas melhores, ao invés de querer que o outro, que o irmão, que o filho, que o patrão, que o vizinho, que o empregado, que colega do lado seja melhor, enquanto que acreditamos piamente que nós mesmos não temos nada em que precisamos nos melhorar.
Quando algum defeito nosso se torna evidente, a gente sempre tem uma desculpinha pronta: mas eu sou assim mesmo, não vou mudar.
Curiosamente, a gente exige que os outros mudem.
O nosso problema reside em não pensar no conjunto, em deixar de fazer as coisas pensando que vivemos com outras pessoas em nossas casas, nosso bairro, nossa cidade, nosso país. A gente pode até fazer algo por alguém desde que esse algo não nos prive de nada.
A satisfação pessoal vem em primeiro lugar. Deveria ser difrente.
Deveríamos pensar na satisfação coletiva, em atender o interesse de todos, em ao fazer qualquer coisa, por mínima que seja, fazer algo pensando que estamos vivendo em sociedade e que estamos cedendo para tornar a vida de todos melhor e que isso não implica de maneira alguma em prejuízo porque nós fazemos parte da coletividade e que o outro ao seu turno também irá fazer a sua parte.
Isso é civilidade. Isso é educação. Isso é sinal de um país desenvolvido, de uma sociedade desenvolvida.
Enquanto pensarmos em fazer pensando apenas nosso bem estar vai continuar tendo gente que não respeita as regras de trânsito, vai continuar existindo gente jogando lixo no chão, vai continuar existindo gente sonegando imposto, vai continuar existindo gente fazendo esquema para ganhar por fora, vai continuar existindo corrupção, vai continuar existindo exploração, vai continuar a existir incoerência na nossa sociedade.
Acreditamos que ser educado, civilizado, bom e respeitoso é falar sempre palavras doces, açucaradas, é falar em tom baixo, é ser sorridente, é pentear o cabelo e engraxar os sapatos, é ficar quieto e escolher palavras suaves para fazer parte do nosso vocabulário.
No entanto pensamos verdadeiras monstruosidades e quando ninguém está vendo ou ninguém vai te "pegar" você faz coisas do arco da velha, fazendo com que Maquiavel ficasse corado se visse seus atos.
As pessoas aprender a apenas parecer serem sérias, manterem a aparência de profissionais e honestas. Qualquer pessoa que não se enquandre perfeitamente num perfil de bom moço, inteligente, culto, bonito e respeitador é digno de nossa investidas até que essa pessoa possa desaparecer por completo.
Não precisamos ser rigidamente honestos, basta que a gente atenda a alguns requisitos básicos. Assim como na hora de abrir um negócio novo, embora existam muitos regras a serem seguidas, a gente faz um bem bolado e está tudo certo.
Mas vivemos num mundo aonde o mundo inteiro, literalmente é nosso mercado e nosso concorrente, aonde não temos para onde fugir, aonde não adinata aqui não haver oportunidades, porque outros países dão oportunidade para a sua população e eles irão nos devorar sem piedade.
Porque outros países oferecem aos seus cidadão educação de qualidade, cultura e saúde e esses países são e serão mais competitivos do que nós, são e serão melhores mercados do que nós, são e serão os celeiros da tecnologia, da ciencia, da filosofia e serão aqueles que irão comandar o resto do mundo. Eles serão os donos e nós, seremos os "flanelinhas" do planeta.
Sim, é para isso que ainda o nosso país está se preparando, para pegar o que sobrar, talvez para fazer aquilo que ninguém quer fazer.
Isso porque levamos tudo na moleza, precisamos levar o mundo um pouco mais a sério, sermos mais rígidos quanto a nossa estrutura, quanto a nossa formação, quanto a encarar as nossas limitações e defeitos também, em trabalhar para corrigir os nosso problemas sem achar que tudo é ofensa, precisamos ser mais unidos e pensarmos menos apenas em nós mesmos.
Precisamos obedecer mais as leis e as regras, e se elas forem muito rígidas, então que mudemos elas para serem menos rígidas e não simplesmente virar as costas como se as leis e as normas não exsitissem.
Nós deixamos passar um monte de coisa, mas o resto do mundo não deixa e sequer percebemos quantas oportunidade perdemos todos os dias por causa disso. Precisamos de uma vez por todas aprender a valorizar oconhecimento, a cultura, o talento, o caráter das pessoas e a oferecer a essas pessoas mais e melhores oportunidades, a seguir regras, leis, a pensarmos em conjuto, naquilo que é melhor para todos, em ter prazer pelo trabalho, pelo estudo, pela construção de uma realidade melhor para todos.
Vivemos o resultado de mais de 500 anos de egoísmo, corrupção, desrespeito as leis e as instituições e o que temos ainda é muito aquém de uma sociedade boa ou justa.
Devo admitir que a alguns anos muitos passos já foram dados no caminho certo, mas ainda temos muito o que caminhar, e já começamos a esbarrar em defeitos enraizados em nós mesmos, e esses somente com muita força de vontade e um entendimento que é para benefício de todos nós é que poderão ser corrigidos.
Eu podia falar aqui sobre defeitos de ilustradores, defeitos meus, defeitos dos políticos, mas a verdade é que estou falando de defeitos que convivem intimamente com cada um de nós. Muita gente se recusa a aceitar esse tipo de crítica, diz sistematicamente: eu sou honesto! Talvez falte essa rigidez em pesas seus próprios atos.
Ser rígido no que diz respeito a auto crítica não é tudo de ruim, é uma forma de se antecipar a tudo e corrigir seus próprios defeitos.
A rigidez é ruim quando empregada para medir ou julgar os outros, mas para nós é como minha vó dizia: um santo remédio.