17.3.11

Mercado ruim

Pergunta: Você não acha que essa história de que o mercado está ruim é exagerada? Embora eu esteja na área a pouco tempo, não acho que a coisa seja assim tão ruim.

Resposta - Tem uma coisa que eu aprendi nessa vida que tudo é relativo.

Quem está no mercado a apenas 5 ou no máximo 10 anos não conseguiu ver o panorama muito diferente daquele que temos hoje, por isso não consegue compreender que tanto eu reclamo que o mercado está ruim.

Quem tem mais de 15 anos de mercado já consegue saber como ele era anos atrás.

Eu comecei no inicio dos anos 90, alias, em 1990, para ser mais exato.

Embora fosse moleque, eu via que se vivia uma época econômiica péssima no Brasil, era época do Plano Collor, estávamso saindo da maior hiperinflação que esse país teve para o completo arrocho.

Tudo a nossa volta respirava um ar de insegurança quanto ao futuro, só que entre os ilustradores havia um pique, um ânimo, um gás muito maior do que hoje em dia.

Haviam muito menos pessoas no mercado e muito menos pessoas querendo entrar no mercado.

Mesmo com toda crise econômica, muita gente conseguia fazer quadrinhos e acreditava-se sim que era possível viver de quadrinhos para o mercado brasileiro.

No mercado editorial eu não sei como era, pois não tinha contato, mas o mercado publicitário estava prestes a se revolucionar e acabar com os postos de muitos ilustradores, pois foi justamente nessa época que o computador invadiu as agências de propaganda.

Muita gente jurava de pé junto que a profissão de ilustrador iria se extinguir em, no máximo 10 anos.

Mas havia trabalho, eu, mesmo como um mero assitente de arte, responsável por montar anúncios na agência de propaganda que eu trabalhava conseguia pegar bastante trabalho freelancer, isso sem ficar batendo de porta em porta em agências ou editoras.

Uma coisa rara de acontecer hoje em dia.

Eu chegava a ganhar quase 6 vezes mais do que o meu salário, só com freelance, e sem ficar prospectando cliente.

E isso, porque era uma época economicamente ruim.

Naquela época bastava você bater na porta de uma agência ou editora, ligar, marcar uma entrevista e nem precisava assim tanto de indicação, todo mundo te recebia, e quando via o seu trabalho, muitas portas se abriam, porque o pessoal via que a eu não era amador.

Hoje em dia, um cliente qualquer muitas vezes nem conversa por telefone com você se você não for indicado. Te pede para passar um e-mail e nunca mais te retorna.

Quando alguém te procura facilmente, na maioria das vezes é trabalho no risco e mesmo assim tem um monte, mas um monte mesmo de outros ilustradores que seriam capaz de enfiar uma faca no seu bucho para pegar aquele trabalho no risco.

Agora, me digam, será que o mercado atualmente é assim tão bom?