Pergunta: Você não acha um contrasenso, com toda tecnologia voltada para a comunicação como a internet, um ilustrador ao invés de abrir-se para o mundo, se restringir para atuar apenas na sua região?
Resposta - Seria um contrasenso, se regionalmente os ilustradores tivessem um padrão técnico, uma capacidade profissional que os clientes regionais não pudessem suportar por não necessitar a totalidade das potencialidades do ilustrador.
No entanto não é isso o que acontece. As empresas de uma forma geral nem sabem para quê serve o trabalho de um ilustrador, e o ilustradro também não sabe também qual seria a utilidade do seu trabalho para esses clientes.
Aí está o grande furo.
Eu acho que as coisas rolam no sentido de um passo por vez.
Qualquer profissional de ilustração primeiro precisaria conhecer as potencialidades do seu trabalho na sua região, para depois trabalhar, com paciência no sentido de mostrar, provar para o empresariado da sua região os benefícios que o seu trabalho pode trazer para eles.
Trabalhos como criação de persoangens, quadrinhos institucionais, manuais de treinamento, são simples exemplos que podem ser feitos para supermercados, padarias, oficinas mecânicas, lojas, indústrias das mais diversas e esse tipo de empresa existe espalhado em todo o Brasil.
Trabalhos mais expecíficos podem ser propostos para os clientes num segundo momento, desde que nessas empresas já exista uma cultura de utilização de ilustração.
O problema é que o ilustrador costuma pensar apenas em sentar na prancheta e desenhar, e assim não chega a lugar algum.
Quando você opta por sair de sua região, para atuar nos grandes centros urbanos, a probabilidade de conseguir sucesso profissional é muito baixo, demanda muito tempo, muito esforço, e também uma boa dose de sorte.
Se o ilustrador estudar as empresas da sua região, vai demorar o mesmo tempo praticamente, para evangelizar e conquistar clientela, sem contar que estará abrindo novas frentes de mercado que não saturadas (ao contrário do que acontece nos grandes centros) com a vantagem de ter um custo de vida bem mais baixo do que o que se tem nos grandes centros.
Por outro lado, essa idéia de que uma vez que você esteja na internet, terá uma janela aberta para o mundo inteiro é uma injenuidade sem cabimento, desde que estourou a bolha das empresas ponto com, ninguém que trabalhe com internet pensa e nem age assim.
Aliás, houve a bolha justamente porque inúeras empresas invetiram toneladas de dinheiro pensando que iriam dominar o mundo e isso não aconteceu.
Nem o Google, trabalha e pensa assim.
Quem já trabalhou com o Google sabe muito bem que hoje em dia ele procura dispor aos seus clientes mecanismos que aumentam a eficiência das empresas porque justamente procura mostrar as empresas que estão na internet para os seus potenciais clientes que estejam mais próximos.
Qualquer cliente, seja ele quem for, quer clientes bons e que estejam próximos de dele, que permita um contato pessoal, exclusivo, de qualidade. Os clientes que preferem clientes sem esse contato mais personalizado são clientes com perfil qualitativo baixo, e, dependendo do cliente, pode não compensar.
Outra coisa que é preciso levar em conta é que quando se fala "mundo todo" as pessoas pensam em pegar clientes que estejam nos EUA, Canadá, Inglaterra, Alemanha, França, Japão, só país de primeiro mundo.
Só que precisa querer focar em países como México, Argentina, Chile, Equador, Emirados Árabes, Turquia, Grécia, Índia, Coréia, Catar, África do Sul.
E é preciso montar todo um sistema de cobrança capaz de trabalhar com todos esses países. Agora, ilustrador não gosta nem de alugar um ponto comercial para ter um estúdio fora de casa, vai querer investir nesse tipo de coisa?
Para se chegar num ponto como esse é preciso primeiro conquistar a sua região. Se o seu trabalho for bom demais para se restringir apenas a sua região, então vale a pena investir nos grandes centros. E se mesmo assim os grandes centros do Brasil for pouco (coisa que nem o 6B estúdio acha) então você deve investir numa carreira internacional.
Outra coisa importantíssima, quando você pensar em concorrer com profissionais de outros países, é preciso também saber se o nível do seu trabalho é igual, inferior ou superior ao dos profissionais do local. Só para se ter uma idéia, o nível dos ilustraodres da Argentina é muito mais alto do que o dos profissionais daqui, e ninguém aqui quer entrar no mercado argentino.
Imagine o nível de profissionais do Japão, França, EUA, Canadá, Alemanha...