21.3.05

Historias em Quadrinhos no Brasil

Eu não conheço ninguém no Brasil que faça quadrinhos para o mercado nacional e sobreviva disso. Se não se sustenta, então quadrinho no Brasil é algo mal sucedido. Pra mim, ser bem sucedido é ter condições de colocar comida na mesa. Eu, sinceramente não sei se a revista Chiclete com Banana dava algum lucro ou se a Piratas do Tietê também dava, mas com certeza a única que teve condições reais de dar algum lucro foi a Chiclete com Banana e ainda assim porque era somente um cara que fazia tudo.

Até aonde eu sei o Front deve-se mais à coragem dos que a fazem do que pelo lucro que a revista gera. História em Quadrinhos no Brasil sofre do que eu chamo de "Mal do Gibi", que é aquela idéia que esse tipo de arte é voltada para crianças e adolecentes babacas que não tem o que fazer. Um garoto que lê HQ no Brasil é tido como um ser estranho, enquanto que alguém que assiste novela é considerado uma pessoa normal. Vejam a que ponto chegamos!

Porque isso é assim no Brasil?

Porque a única coisa que foi pra frente em HQ no Brasil foi Turma da Mônica e Superherói importado dos EUA, e, cá pra nós, fica difícil alguém com bom senso acreditar que um bando de marombados usando cueca por cima da calça seja sério...
Quem ta fora desse círculo consegue ver o quanto é ridículo, assim como quem tá fora do círculo de novela vê o quanto é ridículo uma histórinha que a única coisa que interessa no fim é saber quem fica com quem. Só que nessas últimas décadas a novelinha viciou muito mais gente e hoje dá lucro. Nesse meio tempo a HQ brasileira ficou pra trás e não adianta chorar pelo leite derramado, agora, quem quiser fazer HQ no Brasil e ser respeitado deve trabalhar sério, trabalhar muito e como se isso não bastasse tem que lutar contra tudo e todos.

Tem que mostrar seriedade nas histórias, um bom desenho, tem que saber transmitir a sensação de uma cena e seu desenrolar, tem que saber envolver o leitor, ter um tema que seja de interesse das pessoas e não que seja somente de interesse do próprio quadrinhista, e tem que esperar que a população consiga ter uma boa imagem com relação ao quadrinho nacional, meio como o cinema nacional teve que fazer desde o final da ditadura.

Pena que para isso, é preciso que tenha gente disposta a tomar muito prejuízo ou até passar fome para chegar lá e, particularmente, eu não estou disposto e comprar essa briga. O máximo de briga que eu compro é com ilustração, isso porque eu já tive a minha formação e já consegui um cantinho ao sol. Eu luto para ajudar a melhorar as condições e a situação da Ilustração no país já que isso mantém algo que já existe.

Infelismente quanto aos Quadrinhos, isso é uma tarefa para quem não tem problemas finaceiros, pelo menos atualmente, precisa ser feito por quem ainda dependa dos pais ou então quem tem muito dinheiro e não precise de lucro imediato para garantir o seu sustento, já que a situação da HQ nacional é quase nula.

Eu torço para os corajosos e desejo toda a sorte do mundo para os que lutam para melhorar essa situaçãoe gostaria sinceramente um dia chegar a este blog e escrever um texto reconhecendo que eu estava enganado quanto a
situação da HQ no Brasil.

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