Eu ultimamente ando me perguntando se realmente vale a pena lutar tanto para colocar na cabeça de pretensos profissionais da área de ilustração algum juízo, sendo que eu já cansei de ver muitos desses mesmos "pretensos profissionais" empacamentos e birras, do tipo batendo o pé, esperneando e tudo mais porque querem de qualquer jeito, a qualquer custo, ganhar o seu, defender o seu sustento, não querem estudar, não querem se desenvolver, não querem se preparar para atuar no mercado ne maneira mais completa, mais eficiente, com mais consciência do seu papel e da sua utilidade, com um trabalho mais consitente, mais forte e que dê mais retorno, e que dessa maneira faça de você um profissional com mais poder de negociação.
Qualquer um sabe que a nossa época é difícil, que é desumano passar por tantas privações e quanto precisamos ter paciência para chegarmos ao nível profissional ideal para que, somente depois disso tudo, se comece a atuar profissionalemtne no mercado.
Acontece que quando o iniciante olha somente o seu lado e não vê o todo, não encherga que aquilo que pode resolver uma necessidade imediata tem grande chance de se transformar numa ameaça para o seu próprio futuro profissional. E de quebra acaba com o futuro profissional dos seus colegas de profissão.
Um ilustrador tem uma carreira muito longa se comparado à um Diretor de Arte, por exemplo, com a vantagem de que quanto mais tempo de profissão o ilustrador tiver, maior aprimoramento técnico ele terá e melhor será o seu trabalho. Acontece que toda essa bagagem de primor técnico e conhecimento artístico tem um valor, que vai muito além da sua simples condição momentânea. Um trabalho de ilustração vale pelo estudo de anos e anos, pelo treinamento que o ilustrador teve durante muito tempo, chegando quase a exaustão para se conseguir chegar nesse graus de qualidade, pelos curso feitos, pelos materiais trabalhados e pelo domínio que o ilustrador tem desses mesmos materiais.
Quem compra uma ilustração, compra junto uma história, uma formação, um ideal, um universo que permitiu que essa mesma ilustração pudesse hoje ser feita e que a insere no contexto geral de todas as outras ilustrações que existem como algo único exclusivo e de valor técnico e artístico.
Quando o ilustrador opta por simplesmente cobrar aquele dinheirinho que no final do mês vai dar pra pagar as suas contas e acabou, ele rompe todo um processo que gera um círculo virtuoso no mercado de ilustração. O ilustrador não tem como bancar pra si mesmo mais estudo, mais pesquisa, melhores instrumentos de trabalhos e ferramentas de melhor qualidade e mais atualizadas, Esse mesmo ilustrador está acabando com a possibilidade de poder ter um estagiário ou assistente que possa aprender decentemente todos os caminhos das pedras e ter maior consciência do mercado e do universo de ilustração pela convivência de um profissional que no futuro será um colega de profissão pronto pra unir forças com você, e não mais um concorrente querendo derrubar o restante da concorrência.
Quando um ilustrador não consegue nem ter um assistente de tão pouco que cobra por seu trabalho, está deixando de orientar um aspirante a ilustrador. Esse aspirante, não vai ter como saber exatamente o que deve desenvolver no seu trabalho para ser um ilustrador melhor, não vai saber qual tipo de estilo e qual tipo de linguagem é melhor indicada para dar o melhor resultado para cada tipo de trabalho, não vai saber quanto vale o seu trabalho, não vai saber como negociar, como abordar um cliente e como agir mediante o mercado e como ser um profissional ético que saiba concorrer no mercado com os demais profissionais sem prejudicar o mercado e a si próprio.
Na verdade, esse aspirante a ilustrador vai ficar mais perdido do que cego em tiroteio. Vai ficar a mercê de qualquer "cliente bonzinho que adora dar uma chance pra que tá começado". Sem contar que esse mesmo aspirante pode, pelo fato de não ter recebido atenção do ilustrador profissional, se transformar em um inimigo de profissão, com vontade de derrubar o seu "desafeto" pelo seu comportamento pouco amistoso de início. Agora, imaginem esse mesmo novato inimigo, tendo em sua atitude profissional a condição de "castigar" o seu antigo desafeto. Qual poderia ser a sua atitude de desforra? Pode ser desvalorizar o estilo do tal sujeito perante os seus clientes mais próximos, prejudicando de quebra outro profissionais com o mesmo tipo de trabalho, ou cobrando mais barato pra passar por cima do seu desafeto atravéz do preço e contribuindo para que o mercado que já não está nem um pouco bom fique pior ainda.
Será que as pessoas não raciocinam? Será que as pessoas são incapazes de prever as conseqüências de seus atos? Toda a vez que eu argumento com outros profissionais a respeito desses problemas eu costumo ver colegas que simplesmente não conseguem compreender essas possíveis conseqüências, outros me ouvem com aquela expressão de quem simplesmente não acreditam em nada disso. Outros, por sua vez até percebem lógica, mas me respondem com a desculpa de que não são assim tão idealistas ou que não são assim tão preocupados com as conseqüências de seus atos.
Eu, sinceramente, começo a acreditar que a humanidade não tem jeito. E tudo isso porque muitos simplesmente preferem pensar em si próprios. Se esquecem que ao se pensar em todos você mesmo se inclui e se beneficia com seus atos, com o diferencial que também beneficia outras pessoas. Existem clientes igualmente irresponsáveis que querem por toda lei tirar o máximo de lucro com o mínimo de gasto para profissionais especializados, como é o caso dos ilustradores. Estão matando a sua galinha dos ovos de ouro. Isso já acontece atualmente no mercado editorial, e se não houver consciência, também irá acontecer no mercado publicitário.
Eu sei que que muita gente pode ler esse texto e me achar uma espécie de profeta catastrófico, agente do apocalipse do mercado de ilustração. Pode achar que na verdade eu sou exagerado, mesmo. A verdade não é nada disso, a verdade é que cada um de nós que fazemos parte do mercado que envolve ilustração é responsável pelo futuro da ilustração no mercado, como instrumento útil e artístico dos meios de comunicação, como ponte indispensável de comunicar um conceito, uma ideía ou um produto para o público geral. Todos temos responsabilidade no resultado geral.
Acontece que atualmente os próprios ilustradores tem em suas mãos a condição de regenerar o mercado com suas atitudes ou afundar o mercado de vez.
Um exemplo claro disso tudo é o que acontece no mercado editorial. Pagam mal? Pagam! Então o que a gente faz? Nada. Absolutamente nada. Não trabalha pra eles. No dia que alguma editora me chamar pra fazer um trabalho, ou paga o que o trabalho vale, ou vai ter um trabalho que valha o que eles pagam e pronto!
Eu já vi Editor de Arte com a cara de pau de pedir publicamente que se a gente quiser ganhar melhor, que a gente se esforce para fazer trabalhos cada vez com mais qualidade, com mais detalhes para vender mais livros e aí, quem sabe as editoras remunerem melhor os ilustradores.
No dia que só aceitar trabalhar pelo salário de miséria do mercado editorial ilustrador chumbrega que não é capaz de acrescentar nenhuma qualidade ao produto final porque os profissionais bons simplesmente não aceitam trabalhar pelos valores ridículos do mercado editorial, aí, as editoras vão começar a arranjar verba rapidinho. E do nada!
O importante é os ilustradores se esforçarem para que a profissão seja regulamentada, reconhecida, que tenha uma formação própria e direcionada, que haja uma ordem capaz de orientar os profissionais e os iniciantes, ter profissionais responsáveis com o mercado e com os profissionais. Dessa forma poderemos forçar o mercado a se adaptar a profissionais mais capacitados de maneira mais natural, poderemos com o tempo também transmitir ao público em geral uma consciência maior de quem somos, do que fazemos e da importância do que fazemos.
Vamos, todos nós, procuremos nos esforçar, procuremos fazer, tentar para conseguir. Só assim nós iremos virar o jogo, que atualmente não tem vencedores, só perdedores.
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