Eu sempre pensei no Instagram como um potencial meio de expor os trabalhos de ilustração, inclusive permitindo de alguma forma que os detentores de suas contas possam ter alguma fonte de renda com seus trabalhos. Existem alguns sites de venda de imagens em gravuras e posteres, inclusive que permitem que usuários do instagram possam vender produtos com fotos do instagram.
Para nós ilustradores, o Instagram nunca chegou a me parecer o serviço ideal, uma vez que ele funciona perfeitamente em câmeras de celulares e iPads, mas não é tão acessível pra você ficar fazendo upload de imagem que está no computador.
Agora, o fato de se ter um conjunto de filtros preselecionados faz com que o instagram seja sim, um serviço mais voltado para o público amador, mesmo entre fotografos, uma vez que profissionais utilizam programas profissionais para correção de imagem.
Outra característica que faz parte do cerne dos serviços nas nuvens é o fato de que esses serviços são naturalmente pensados para o público amador, por melhor que eles sejam. Basta ver que todos eles são gratuitos. Os serviços pagos são relativamente caros e dispõe de um tipo de suporte mais parrudo, além de terem compromisso com a inviolabilidade e direitos autorais.
Nada mais justo.
Já os serviços gratuitos, como esse aqui que estamos utilizando, para obter receita parte de uma fórmula muito simples: como o dinheiro não provém do pagamento dos seus usuários, ele provém da produção dos seus usuários. É como se cada um de nós fossemos colaboradores dos serviços de internet. Fornecemos inúmeros materiais que são utilizados pelos servidores para ganhar dinheiro como nossas preferências pessoais, e como trata-se de um serviço voltado para amadores (amador em princípio é quem não utiliza aquele meio, ofício, esporte ou conhecimento visando o seu sustento), subentende-se que os usuários não precisam ter assegurado nenhuma garantia quanto aquilo que produz, mas o serviço, que precisa de dinheiro para obter uma fonte de renda precisa.
Essa é a base de todo serviço de computação nas nuvens gratuito. É em cima desse princípio que empresas como o Google e Facebook investem milhões todos os anos para viabilizar a computação nas nuvens.
Não existe almoço grátis, e todo mundo se esquece que flerta com o capeta nesse negócio. Quando houver milhares de pessoas criando, desenvolvendo trabalhos, idéias e produzindo coisas de qualidade eles darão o bote de surpresa.
Mas as pessoas, claro, acham que esse tipo de pensamento é apenas uma paranóia.
Aí aparece o Facebook querendo mudar seus termos, um Instagram forçando seus usuários a abrir mão dos direitos autorais ou o Google oferecendo um contrato absurdamente draconiano para usuários de seu navegador e as pessoas, algumas, ficam alertas.
Mas a fórmula já foi, composta. A questão é quando ela entrará em vigor. E a maioria das empresas aposta em colocá-las em vigor quando as pessoas, já acostumadas e dependentes de seus serviços e crentes de que não existe absolutamente qualquer problema em ceder seus direitos para elas, mentalidade perceptível quando percebemos algumas pessoas acharem que chiar por essas questões seja apenas uma atitude de velhos ranhetas (acreditem, hoje em dia muita gente já pensa assim).
Quando essa mentalidade entrar em vigor, as conexões serão em média bem melhores das de hoje, haverá bem menos necessidade de fazer upgrade de máquinas, pois a velocidade de conexão e o espaço disponível para armazenamento de dados em servidores for gigantesco e as máquinas chegarem num patamar de excelência em processamento de imagem e audio, pro exemplo.
Por isso já faz alguns anos que os computadores pararam de evoluir a velocidade de seus processadores da maneira vertiginosa com que evoluíam nos anos 90 (dobravam o clock a cada 6 meses).
Quando tudo isso for realidade, por outro lado os serviços de computação nas nuvens terão uma quantidade quase inesgotável de imagens, textos, música e filmes para que seus assinantes tenham acesso, tudo mediante um pagamento bem modesto pelo serviço (alguém já viu algo semelhante, como os Netflix da vida?).
E aquilo que você fará parte da grande comunidade mundial da nuvem, não será propriedade de ninguém mas terá acesso da humanidade inteira (o velho xaveco da internet, ah, claro que o proprietário será o serviço mas ninguém notará isso). Quando uma agência de propaganda por exemplo quiser usar um vídeo do Youtube para sua campanha mundial de lançamento do mais novo e moderno automóvel do mundo, quem vai ganhar $$ será o Google. Aliás isso já acontece, mas o usuário ganha uns caraminguás.
Para nooooooooossa alegria…..
O problema é que pelo menos na nossa legislação de Direitos Autorais existe sim a possibilidade de um autor cede sua obra para qualquer um, para sempre, e esse item, somente ele é o calcanhar de Aquiles dos Autores.
O pior de tudo é que quase ninguém enxerga isso. São alvos fáceis nas mãos dos interesses das corporações e sempre caem na armadilha, de quando alguém menciona o fim da possibilidade de sessão, pensar logo que não poderá mais baixar aquele filme ou seriado na internet, aquela história em quadrinhos ou a discografia do seu artista preferido. Se esquece que ele mesmo, se por um lado tivesse que desembolsar algo para que seus artistas prediletos sejam recompensados financeiramente, por outro teria a certeza de que receberia uma recompensa em dinheiro pelo reconhecimento de seu próprio trabalho.
O meu esforço, particularmente, sempre foi e sempre será para fazer com que as pessoas enfim abram os olhos para exigir a única coisa da LDA prejudicial aos autores: a cessão total de direitos.
Não importará Instagram, Google, Facebook, Twitter, Blogger, ou o diabo a quatro querer que você ceda os seus direitos se na legislação esse tipo de prática for ilegal.
Enquanto isso, artistas, iniciantes, autores, e usuários brigam com empresas, levando um enorme tempo e um enorme desgaste para para mudar contratos e atitudes, sendo que poderiam se esforçar e batalhar para modificar uma única coisa, uma única vez.
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