29.12.10

Ilustração na Indústria

Pergunta: Você acha possível, por exemplo, ilustradores trabalharem de alguma maneira para indústrias de base?

Resposta - Claro. Tudo o que uma indústria precisa é de informação, desde escrita até desenhada, para poder transmitir essas informações para frente e para que possa acumular informações.

Precisa se comunicar com seus clientes, seus fornecedores e com a comunidade. Precisa se comunicar com seus sócios, investidores, etc.

Tudo isso que eu listei eu vejo como pontenciais para se utilizar ilustração, agora, cabe a cada um de nós trabalharmos nessas peculiaridades para que nelas possa existir trabalho de ilustração.

23.12.10

Função Social do Ilustrador

Pergunta: Qual a função social de um ilustrador?

Resposta - Deveria ter. Praticamente não tem. Mas nunca se preocupou em ter. É uma grnde falha. mas como os ilustradores não tem o hábito de pensarem em conjunto nunca puderam excercitar a possibilidade de assumirem um papel, uma função social.

Só que existem papéis que os ilustradores, institucionalmente poderiam desempenhar.

Mas para isso é preciso gastar "tutano" e se esforçar.

Quem sabe um dia tenhamos condições para desempenhar uma função social definida?

Eu sei que atualmente a preocupação maior de quase todos nós é em ter mercado, conseguir se manter no mercado, mas um tema como esse é qualitativo e pode, a partir do momento em que nós possamos definir uma ou mais funções sociais aliadas a nossa profissão, dar uma novo impulso profissional.

17.12.10

Concursos Abusivos

Pergunta: O que você acha desse pessoal que topa concursos e contratos abusivos?

Resposta - Acho que eles agem como se fossem suicídas. Só que com isso eles acabam arrastando quase que o mercado inteiro pro suicídio. E isso é ruim.

Não posso aceitar esse comportamento, porque ele é absurdo e porque esse comportamento deixa graves sequelas no nosso mercado.

Tem muita gente que finge não ver as sequelas deixadas por esse comportamento, mas isso não faz com que a aceitação de toda norma abusiva profissionalmente não seja um grande veneno para todos nós que vivemos de ilustração.

Muitas pessoa hoje em dia encontram dificuldades para conseguir trabalho, estágio, emprego justamente por consequência desse tipo de atitude, mas jamais conseguiu perceber isso.

É como o boyzinho maconheiro que acha que a violência está demais. Quer que a polícia, a sociedade faça alguma coisa para protegê-lo da violência, da criminalidade, mas não percebe que ao comprar o seu cigarrinho do capeta, ele está incentivando e capitalizando o crime organizado que depois vai atentar contra o bem estar dele mesmo.

Qual seria o motivo de tanta gente mesmo sabendo que as regras de um concurso é abusiva ainda assim ache vantajoso participar desses concursos?

Eu imagino que isso seja um dos sintomas do excesso de mão de obra na nossa profissão atualmente. Muita gente precisa trabalhar, gostaria de conseguir uma oportunidade no mercado e não consegue.

Então o que fazer?

Muita gente sabe que no começo não dá para pensar em dinheiro, aí entre não ganhar bem e não ganhar dinheiro nenhum é um pulo.

Sem contar que muita gente não tem uma consciência global de seus atos. Uma vez que uma empresa consegue trabalhos a custo zero, esse custo nunca mais irá voltar a fazer parte da planilha daquela empresa.

Pessoas que participam de concurso aonde cedem todo o material que enviou ao concurso está trabalhando de graça no final das contas.

Um concurso tem apenas um vencedor, apenas um trabalho será reconhecido, no entanto, todos os trabalhos serão cedidos. Isso é um absurdo sem tamanho. Você irá concorrer com centenas de outras pessoas numa probabilidade minúscula de sucesso e a única certeza que terá é que o material que você irá concorrer não será mais propriedade sua?

Que vantagem Maria leva?

Isso é uma lógica matemática, não existe qualquer comprovação de que um concurso assim seja vantajoso para alguém.

E mesmo se você for o vencedor, vai ganhar exataemtne oquê? Se você perdeu o direito sobre o seu trabalho? Vai ganhar dinheiro, prêmio e mais alguma outra coisa?

Vai ganhar prestígio? Fama?

Será?

Até aonde sabemos não existe no Brasil até hoje um único concurso em que o vencedor possa se considerar com o burro na sombra após vencê-lo. Não existe qualquer garantia de sucesso profissional.

Só existem riscos.

Sem contar que se cria uma cultura de participação em concursos abusivos e, em algum tempo aquilo que até então era considerado absurdo acaba sendo considerado banalidade, acaba rolando uma tremenda distorção de valores, e o trabalho em si acaba deixando de ter a importância que tinha, as pessoas vão deixando de dar a mesma atenção para o material que irá concorrer, o nível e quantidade de participação vai acabar caindo, e no final das contas o mais provavel de acontecer é que o concurso deixe de existir.

O que a princípio seria mais um meio de divulgação e valorização profissional pode virar pó. Perde que topa e perder que realiza o concurso.

Se esforçar para que os concursos sejam mais justos também é, por isso memso uma forma de ser lutar para que esses mesmos concursos perpetuem e ganhem importância.

13.12.10

Influências

Pergunta: Quais os artistas que mais te influenciaram?

Resposta - Essa é tão boa que pode ser que eu não cosiga responder completamente.

Eu, quando criança me influenciei, por incrível que pareça com figuras cômicas. É verdade. Meu primeiros ídolos foram Jerry Lewis, Charlie Chaplin, Ronald Golias, Renato Aragão, Torresmo e Pururuca...

Quando eu cresci e comecei a me interessar por desenho eu me apaixonei pelos desenhos da Disney. Os desenhos animados do Pato Donald, os longa metragens com histórias como A Branca de Neve e os Sete Anões, Bernardo e Bianca, Fantasia, Cinderela, A Bela Adormecida, Você já foi a Bahia? 101 Dálmatas, Mogli e por aí vai. Junto disso eu me interessei pelas aventuras dos quadrinhos da Disney, principalmente os de autoria de Carl Barks.

Depois, mudei e muito a minha vida, influenciadíssimo pelos Beatles. As duas bandas de rock que mais me influenciaram na minha vida foram eles e o Queem. me influenciaram tanto que eu sei ser impossível separar a forma como eu trabalho, vivo e me comporto hoje sem ver em tudo isso influencia dessas duas bandas.

Mais jovem, eu tive a oportunidade de conhecer o trabalho de pintores, a história da arte, pintores com Van Gogh, Toulouse-Lautrec, Monet, Picasso, Modigliani, Manet, Renoir, da Vinci, Rafael, Miquelangelo, Boticcelli, Goya.

Depois eu conheci os quadrinhistas, Frank Miller, Bill Sienkiewicz, Moebius, Manara, Crepax, Serpieri, Bilal, Uderzo...

Somente quando eu comecei a trabalhar na área eu tive contato com o trabalho de ilustradores, aí eu conheci o trabalho de Normann Rockwell que me influenciou muito e até agora foi o ilustrador que maior influência teve sobre mim.

Acho que é basicamente isso.

7.12.10

HQ

Pergunta: Você curte o estilo de desenho das histórias em quadrinhos?

Resposta - Curto. Agora, é preciso saber que tipo de história em quadrinhos você tem em mente.

Se for o famosíssimo estilo "Marvel" eu to fora.

Mas existem muitas escolas de desenhos riquíssimos que vão de Will Eisner a Moebius, Katsuhiro Otomo a Peyo.

É preciso conhecer coisas que ultrapassam os limites daquilo que é dsitribuído de forma maciça. Existem quadrinhos que fazem jus ao termo "nona arte".

Conhecer esses quadrinhos enriquece a gente e faz com que a gente reflita essa abertura de visão até mesmo no nosso trabalho.

1.12.10

Necessidade de Objetividade

Pergunta: O que você acha da maioria dos ilustradores que estão no mercado?


Resposta - Que pergunta...

Eu acho que a maioria está querendo achar um caminho, mas tem muita gente que não sabe qual é o caminho.

Eu vejo muito ilustrador novo, aspirantes a ilustrador que estão afim de fazer tudo certo. os ilustradores mais velhos, infelizmente já viciaram nos problemas do mercado e costumam a falar para os novatos fazer isso ou aquilo, mas muita coisa que eles falam não surtem um efeito muito positivo, porque o nosso mercado é do jeito que é de tanto os ilustradores que aí estão fazerem as coisa que eles fazem.

É ingenuidade achar que o mercado é ruim, que os clientes são inescrupulosos, que existe muita gente se aproveitando e iludindo ilustrador.

O ilustrador é que é ingênuo, permite que os clientes abusem deles, quando querem dar um fim aos abusos são grossos e perdem a razão.

Aí ficam muitos meses sem pegar trabalho e acabam topando qualquer parada no desespero.

Gente com vinte, trinta anos de mercado ainda faz isso.

A vinte anos sabe que o mercado sempre foi assim e ainda não se adaptou.

Os ilustradores precisam ser mais ousados, eu não quero dizer mais cara de pau, mas ser mais ousado, criativo, participativo no trabalho, precisa gosta de desenhar e ser devidamente comunicativo.

Precisa ser um cara mais lógico, um cara com bom senso, menos afobado.

Tem ilustrador com mais de 50 anos de idade que fica nervoso quando aparece um cliente... cliente não é um bicho de sete cabeças, é apenas um cara que acha que o seu trabalho pode ajudá-lo a ganhar dinheiro, e tem muito ilustrador que ainda acha que um cliente irá contratá-lo porque o conceito de arte, bla bla blá, bla bla blá...

Precisamos ser mais objetivos.

Seria muito bom se a gente visse por exemplo, congresso de ilustradores, nos moldes dos congressos de cardiologistas, congresso de arquitetos, congresso de vendedores, de dentistas, corretores de seguro.

Enventos aonde as pessoas pudessem participar, mostrar cases de sucesso, apresentar pesquisas, propostas comerciais, realizar campanhas objetivando certas mudanças de comportamento de mercado, propor mudanças e reformas em falahas na atuação profissional, estabelecer metas globais, etc.

Profissionais de outras áreas quando sentem necessidade de melhora na sua área se organiza e manté o foco com disciplina.

Entre ilustradores, junta-se meia dúzia para um happy hour regado a muita cerveja ou se encontra uma vez por mês para comer bisteca... Percebem a diferença?

Eu não quero aqui criticar o que as pessoas fazem, mas não dá para acreditar que aquilo que é feito é suficiente.

Precisaríamos de eventos entre profisisonais, eventos entre profissionais e clientes, entre profisisonais e fornecedores e assim por diante.

Se a gente conseguisse organizar a Abipro de maneira efetiva, quem sabe a gente não possa um dia promover esse tipo de coisa?

Mas é preciso acabar com picuínhas que ainda são fortes. Já foi maior a desunião, mas é preciso ainda mais união, mais boa vontade e mais interesse no bem coletivo.

E mais foco.