15.6.09

Ilustração 3D

Hoje em dia existe uma certa febre no mercado publicitário de ilustração 3D, a tal ponto que muitos art buyers e até mesmo alguns diretores de arte acham que ilustração é sinônimo de 3D.

Isso me faz lembra na época antes da popularização do computador nas agências (me desculpem os devotos de São Bill Gates, mas essa façanha quem realizou foi a Apple), existia uma febre igualmente grande com relação às ilustrações feitas com aerógrafo (hoje chamam “inteligentemente” de airbrush, mas é a mesma coisa), a tal ponto de muita gente no mercado e aí podemos dizer clientes dar espaço para pessoas que sabem operar o aerógrafo sem que tenham qualquer noção de desenho.

Incrívelmente as situações se repetem sem que as novas gerações aprendam com os erros das gerações anteriores.

A relação que sem tem com o aerógrafo nos anos 80 é exatamente a mesma que se teve com a tablet nos anos 90 e que hoje em dia se tem com relação ao 3D.

Alguns profissionais mais espertos, para conquistarem um destaque no mercado sedento por novidades e que é adepto febrilmente de novidades como o mercado publicitário, vende a idéia de que uma determinada técnica ou ferramente é a futuro, e uma quantidade absurda de publicitários, que se auto denominam formadores de opinião, e que infelismente não aprenderam até hoje a serem mais serenos quanto as novidades e reflexivos para adotarem essas mesmas novidades com maior discernimento, conhecendo seus prós e contras na medida exata, evitando as ondas febris sucedidas de baixas absurdas, fazendo com que o mercado apenas viva de modas arrebatadoras e ignorem o mesmo motivo que um dia foi moda quando aparecer outro motivo para lhes chamar a atenção.

O mercado publicitário, acrescido a falta de um comportamento mais consciente dos ilustradores que vivem muitas vezes doentiamente sedento de trabalho, dinheiro e reconhecimento, como se estivessem vindo do Ceará a pé, justamente por causa das ondas tão desiguais de trabalho e falta de trabalho que existe no mercado, não conseguem enxergar o futuro do próprio mercado que é o ganha-pão de todos.

É como se todos os madeireiros da amazônia, desesperados por ganhar o seu troquinho, resolvesse acabar com toda e qualquer árvore, numa corrida assutadora e desesperada para ganhar dinheiro, como se em algum momento as pessoas se enjoassem de madeira e não mais queiram comprar madeira para coisa alguma. Só que, com esse comportamento, uma hora não vai ter mais uma única árvore em pé em toda a amazônia.

Aliás, não é isso o que acontece?

E não é exatamente isso o que tantas ongs, tantos pensadores, tantas pessoas consicentes lutam para evitar? Não é para fazer com que as próprias pessoas que dependem da floresta tenham consciência em não acabar com ela, também semeando e plantando novas árvores para que nunca lhes faltem a matéria que é fruto de seu sustento (e de quebra, ter um planetinha menos escroto)?

É exatamente essa a mesma consciência que o mercado publicitário precisa ter dos seus recursos no que diz respeito ao mercado de ilustração, incluindo nisso os ilustradores, pois chegará um dia em que não vai restar mais ferramenta de trabalho e nem técnica capaz de servir de novidade para se tirar até a última gota de oportunidade para se encher os bolsos estupidamente.

Todas as gerações, justamente pela sedução do dinheiro, do estar no topo, não se aperceberam que aerógrafo, tablet, vetor e 3D são apenas ferramentas que usadas devidamente permitem técnicas e estilos determinados de ilustração, e um ilustrador é antes de mais nada alguém que se vira com lápis e papel, caso contrário deixa de ser ilustradro para ser um simples “operador”, um operador de tablet, um operador de programa de 3D, um operador de programa vetorial, um aperador de aerógrafo, etc.

Um ilustrador de verdade não é refem de uma única ferramenta, nõa é refém de um único estilo e nem de uma única técnica.

Ilustrador de verdade trabalha em papel, tela, tecido, colagem, fotomontagem, tablet, mouse, pincel, aerógrafo, pena, carvão, óleo, pastel, lápis, aquarela, guache, ecoline, acrílica, vetor, bitmap, painter, 3D, ou até mesmo tudo junto.

Nós aqui em nosso estúdio temos, por conta disso uma séria resolução, que é a de não ter nosso trabalho baseado em 3D.

Fazemos 3D? Fazemos, somente se for preciso e se o trabalho não tiver como ser feito de outra forma e mesmo assim, existem operadores de programas 3D que não sabem desenhar, mas que modelam, assim como existem ótimos coloristas que não sabem desenhar, assim como existem programadores de jogos que não sabem animar e nem desenhar e podem trabalhar juntos, formar equipes de trabalho, e terem produtos mais bem acabados para existir no mercado.

Aí segue o erro da realidade quer vivemos, muito ilustrador quer ser faz tudo, meio que seguindo a linha de raciosímio de designers que vendem o aloço para comprar a janta e nõa sabem ao certo se sõa designer, ilustradore,s cartunista, diretores de arte ou se apenas tem fogo no fiofó. Igualiznho essas minas da hra que passam na televisão, que são modelo, atriz, e cantora, e nunca gravou nenhum disco, nunca atuou em nenhuma peça e só saem em foto de revista de mulher pelada.

Muitos ilustradores estão se tornando operadores de programsa de 3D. Eu não vejo problema nenhum com isso, todos precisam trabalhar, pagar suas contas, mas precisam pelo menso saber o que são. Alguns profissionais, e bons profissionais fazem trabalhos que se assememlham mais a um trabalho de retocador de imagem, pois não fazem coisa alguma semelhante a um desenho, substituem fotos e alguns chegam até mesmo a concorrerem com fotógrafos, vendendo make ups digitais para substituir fotos de produtos.

Ilustração em 3D precisa ser ilustrada, ou seja, desenhada antes, como as pessoas fazem no exterior, um ilustrador desenha um persoangem ou cenário e um operador de 3D modela.

Aí a gente percebe que ilustrador continua sendo ilustrador.

Volto a repetir, o que é preciso é ter esclarescimento do que se é, do que se faz, para que o mercado não fique pior do que já é. Existem ilustradores que também transformam suas ilustrações em 3D, existem ilustradores que ilustram em técnicas tradicionais, existem ilustradores que ilustram em técnicas digitais e ilustradores que ilustram em técnicas mistas. Existem desenhistas, coloristas, animadores, intervaladores, modeladores de 3D, cartunistas, diretores de arte, redatores ilustraodres hiperrealistas, layoutman, quadrinhistas, mas poucos fazem várias coisas ao mesmo tempo, quanto mais fazer tudo.

Se existe alguém que faça tudo, é muito raro e deve saber que, se faz tudo, não faz tudo ao mesmo tempo, e por isso mesmo precisa de outras pessoas trabalhando junto. Quem faz tudo acaba sendo quem faz nada porque precisa ter domínio do processo de criação e execução de um trabalho, e justamente por isso acaba delegando as funções para operadores e profissionais com experiência e especialidade me determinadas funções.

Porque no Brasil isso não acontece?

Pergunta muito simples de se responder, Porque 99% dos grandes ilustradores preferem ficar no quartinho de casa trabalhando, do que se tornarem empresas de verdade. Mas na hora de fazer contato, adoram serem chamados de profissionais, adoram ver seus nomes “brilhando” por aí.

Se cada ilustrador com conhecimento geral de um processo de trabalho tiver uma equipe com um desenhista, um colorista, um diagramador, um redator, um operador de 3D, um animador, um intervalador e dois assitsentes ninguém ia ficar sem trabalho nesse país.

Só que não ia mais para ser camarada, fazendo trabalhinho baratinho, ilustrando em troca de dinheiro de pinga, porque essa galera toda precisa botar o leitinho dentro de casa.

Aí então, vemos aonde está todo o câncer de nosso mercado: o fato de o ilustrador basear seu trabalho em valores mais baixos sempre.

E dá-lhe ilustração 3D, porque como ninguém arranja trabalho, e quando arranja o dinheiro não dá, acabam sempre cedendo às tendências para não morrerem de fome, e aí o ilustrador fica num desespero danado para juntar dinheiro o mais rápido possível, não enxerga nossas fornteiras, novas formas de se trabalhar, não planeja seu futuro, fica com o ego inchado, arrogante, até que os cliente se enchem de 3D e vão procurar outro tipo de trabalho para continuar a ganhar o seu.

E toca o ilustrador voltar pra estaca zero.

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